A última dança.
Escolha uma música. Dê o play.
Comece a dançar. É a última dança com Cristina Yang e temos que aproveitar
enquanto ainda é tempo. Foram 10 anos com ela. A sidekick que na verdade era a
protagonista. Sandra Oh conquistou a todos nós com sua interpretação e com cada
momento da personagem que nos fez rir e chorar, mais do que qualquer outro em
Grey’s Anatomy. Por isso mesmo, essa temporada foi dedicada ao Adeus para Yang
e, nesse sentido, podemos dizer que o dever foi cumprido.
Em outros, não restam dúvidas de
que a temporada deixou a desejar. Houve imensas falhas no décimo ano de Grey’s
Anatomy. Problemas de roteiro, de criatividade, de edição, de atuação. Não foi
o melhor ano da série, mas sempre será lembrado por ser o último com Cristina
Yang.
Há algum tempo os episódios estão
bastante centrados nela, afinal, como usar apenas 40 minutos para encerrar a
trajetória da personagem mais querida pelos fãs? Foi uma decisão boa a de “espalhar”
essa trama final. A cada episódio fomos deixando Cristina ir para algo maior e
melhor na ficção, com a certeza de que na vida real Sandra Oh será agraciada da
mesma maneira.
A reação de Cristina, enrolando
para ir embora para Zurich foi bastante natural. A sensação de “assuntos
inacabados” também. Como deixar tudo o que você ama e conhece para ir para o
desconhecido? Como diz o título do episódio, é o medo que toma conta, mas
eventualmente, é preciso superá-lo. No caso de Cristina não foi sem a ajuda de
Meredith. Tinha que ser assim. Uma despedida que emocionou bastante pela
simplicidade com que foi feita. Um discurso pontual e até meio cômico.
Cristina relembrando tragédias,
pedindo cuidado e afirmando para Meredith que, afinal, o casamento e os filhos
não podem guiar sua vida 100% do tempo. Existe a satisfação pessoal e
profissional e vi aí um grande acerto. Não sei se vai funcionar ou ser bem
trabalhado na Season 11, mas o plot de Meredith dizendo a Derek que vai lutar
pelo que ela quer e não apenas segui-lo parece interessante. Além de dar força à personagem e tirá-la do
marasmo. Faz tempo que tentam fazer Meredith ir além e não conseguem. Talvez
essa seja uma boa oportunidade.
Também gostei do modo como
Cristina e Owen finalmente separam-se. O apego de ambos era um grande obstáculo
e um obstáculo compreensível. O olhar de Adeus foi significativo e, mais uma
vez, simples. Ficou perfeito porque, nesse caso, palavras não funcionariam e
naquele momento, à distância, numa sala de cirurgia, eles abriram os grilhões e
se libertaram um do outro. Para mim, não poderia ser melhor.
O tom direto continuou com as
despedidas de Bailey e Richard. Tudo mantendo o estilo de Cristina que ao
partir nos livra também do pavoroso Shane Ross. Obrigada. Isso não tem preço.
Isso, sem falar no fato de que ela deixou sua parte do hospital para Karev,
livrando-o de uma carreira que ele nunca quis. Obviamente, Bailey não vai
perder seu posto no Conselho. Vão dar um jeito de colocar todo mundo nesse
negócio daqui em diante, sou capaz de apostar.
A única coisa que realmente não
gostei muito, mas não chega a ser um defeito, foi o lance da explosão no
shopping. Não gostei por já saber que não teria consequências e porque os
desastres se tornaram muito fáceis em Grey’s Anatomy. Quando vira rotina matar
gente a coisa perde a emoção. Claro que tentaram fazer “crítica social” ao
colocar a questão do terrorismo e da imprensa sendo irresponsável, mas nada
disso foi muito profundo ou teve efeito. Quer dizer, teve efeito em April, que
surta completamente e depois resolve que é gente de bem e vai criar bem seu
bebê.
Callie e Arizona devem apostar na
barriga de aluguel na próxima temporada e isso não parece nada empolgante.
Prevejo desde já uma mãe de aluguel que, no fim, não quer dar a criança para
elas ou algo do tipo. Não tenho muita paciência mais pra esse plot bobo, porque
não vejo sentido em terceirizar um útero quando Arizona poderia muito bem ficar
grávida.
No meio da tragédia e de todos
tentando seguir a vida sem Yang, eis que a aparição de Murphy foi outra boa
despedida. Não sei se ela retorna para a série, mas nem precisa. Ficou ótimo
desse jeito. O que ainda está capengando é a história de Sheperdess. Não
consigo entender o que esse eterno mimimi de “parem de me comparar com meu
irmão” vai trazer de bom. Até agora não serviu para absolutamente nada.
Para finalizar, eis que ganhamos
uma surpresa. Um twist realmente inesperado e que, se seguir a tradição, vai acabar
em morte. A nova chefe da cardiologia ser filha de Ellis Grey e Richard não era
algo previsto. Uma filha para um homem que nunca pode tê-los. Uma nova irmã
para Meredith. Vamos ver aonde é que isso vai nos levar. Apesar dos problemas,
vamos seguir firmes e fortes para o décimo primeiro ano de Grey’s Anatomy. Que
tenha histórias melhores e episódios melhores. Porque Cristina Yang, já
sabemos, não estará por aqui para nos ajudar.