Uma temporada que não vai deixar
saudade.
Esgotaram-se as desculpas. Por muito tempo, fui tolerante com Glee e com
os percalços pelos quais a série vem passando. Foram duros golpes que deixaram
sua marca na produção, mas o tempo deveria curar as feridas e não deixá-las
ainda mais expostas. Essa temporada foi exatamente assim. Uma ferida aberta sem
chance de cicatrização. Uma temporada onde os erros se acumularam e na qual
tivemos apenas episódios medianos ou ruins.
Nunca, em cinco anos de série eu
me despedi de uma temporada com comentários assim. E eu sofro fazendo isso,
podem acreditar, porque quem acompanha as reviews sabe que sou uma fã bastante
orgulhosa de Glee e eu sempre tento consigo ver algo de bom nos episódios,
mesmo quando a opinião geral é negativa. Desde a semana passada, no entanto,
não consigo mais emanar essa positividade. Chego ao ponto de, pela primeira
vez, admitir que Glee precisa acabar. Justo eu, que ficava dizendo que veria
mais 10 anos da série numa boa. Eu veria sim, a Glee das quatro temporadas
iniciais, mesmo sabendo que muita gente já odeia a Season 4. Mas a Glee dessa Season 5? SOCORRO. Espero não ter que passar por
isso nunca mais. Temporada sem brilho, sem graça, sem rumo.
É impressionante, aliás, como
essa Season Finale é exatamente cabível na descrição acima, embora eu deva
acrescentar também o termo “sem noção”. Sei por que fizeram o que fizeram. Na
temporada final, que será exibida só na Mid-Season 2015 (sintam a decadência)
os roteiristas pretender dar um salto temporal, zerar o placar e reiniciar o
jogo, criando novos rumos para a despedida de cada personagem. É compreensível
e espero que funcione, pois do jeito que está não pode ficar.
Talvez a única história que ainda
faça sentido seja a de Rachel. A trajetória e as atitudes dela, mesmo
questionáveis, são o que se espera dela. Como sabemos, o objetivo da série é
nos levar nessa jornada dela, rumo ao estrelato e até aí temos coerência. Inclusive,
a única coisa que faz sentido nessa finale é Rachel e sua tentativa de ir para
a TV.
A roteirista maluca é o perfeito retrato da
equipe de Glee, que cria um monte de plots aleatórios usando os atores como
inspiração, mas a boa ideia termina aí. Acho que meu único momento de “leve
sorriso” foi quando a moça roteirista enfia um donnut no sutiã e a reação de
Artie é super pontual. Fora isso nada mais se salva no quesito humor.
No quesito musical, as escolhas
continuam impressionantemente chatas. Mal lembro de “Glitter in The Air” e “Shakin’
My Head”, com Mercedes e Brittanny foi uma das coisas mais avulsas, o que
corrobora a aparição da própria Brittany. De boa, o que é que ela estava
fazendo nessa Finale? Onde estava Santana? É inaceitável, embora eu adore
Brittany. Ela não teve qualquer função no episódio, apenas surge e fica lá,
soltando frases sem a menor graça.
E por falar em sem graça, sei que
a coisa está grave quando nem Sam está funcionando como alívio cômico. “Girls
on Film” foi um péssimo clipe e o plot com Mercedes é de fazer revirar os
olhos. Os dois não funcionam como casal e depois de toda a patacoada que nos
obrigaram a ver, decidem que vão ficar separados. Mercedes vai ter uma longa
carreira de apresentações em shoppings e Sam vai voltar para Lima, porque já
alcançou seu objetivo de estar estampado na lateral de um ônibus com as “partes”
destacadas. Quanta idiotice.
Artie, depois de ser amigo de
metrô da Rachel não fez mais nada. Só passeia de cadeira de rodas pelos
corredores da faculdade de cinema, enquanto Kurt e Blaine não saem do tema “casal
de meia idade em crise”. Essa trama de Blaine sendo protegido por velhas
senhoras se tornou bem patético. Adorei que o lançamento de sua carreira é
estrondoso e cabe numa sala com 50 pessoas anônimas. Nessa toada, melhor cantar
com Mercedes em shoppings ou virar cantor de churrascaria.
Também não entendi o lance de
June querer destruir Kurt e de uma hora para outra sorrir feito anjo e dizer
que o acha maravilhoso. DAI-ME PACIÊNCIA.“ American Boy” não foi tão boa assim
pra convencê-la a mudar de opinião. E só para constar, as músicas idosas com
June e Blaine são soníferas, a exemplo de “No Time at All”.
Para finalizar, decidem que todos
precisam voltar para NY seis meses a partir daquela data e vemos mais um número
musical pessimamente inserido com “Pompeii”. O objetivo seria nos emocionar e
nos fazer voltar pra última temporada, mas o episódio falha nisso
miseravelmente. É claro que, a essa altura, vamos ver Glee até o final, mas sem
qualquer expectativa.
Confesso que achei que Glee
escaparia da tradição que acomete todas as produções de Ryan Murphy, mas já vi
que me enganei. Se vocês, assim como eu, já viram tudo feito por ele, sabem que
não há sequer UMA série dele que termine de maneira satisfatória. Que esse
longo tempo fora do ar opere em nosso favor.
Músicas no episódio:
Shakin’ My Head –
Glee: Mercedes Jones & Brittany Pierce
All of Me - John
Legend: Blaine Anderson
Girls on Film - Duran Duran: Sam Evans
Glitter in the Air - P!nk: Rachel Berry
No Time at All - Elenco de Pippin: June Dolloway & Blaine
Anderson
American Boy - Estelle feat. Kanye West: Blaine Anderson
& Kurt Hummel
Pompeii – Bastille:
Artie Abrams, Blaine Anderson, Brittany Pierce, Kurt Hummel, Mercedes Jones,
Rachel Berry & Sam Evans