“Ninguém sairá machucado”.
Embora a parte política de Sons
Of Anarchy nunca pare realmente, nos dois últimos episódios as questões
pessoais tomaram conta da história e guiaram os personagens entre descobertas e
decepções. A decisão de colocar Tara como articuladora de um grande golpe
familiar foi bastante acertada e tem trazido emoção à série, porque no meio do
caminho, a gente já não sabe mais o que é certo, por quem torcer e o que, de
fato, deve ser feito para evitar que as crianças repitam o futuro de ódio e
violência em que Jax foi criado.
Como sempre, voltamos ao marco
zero: a morte de John Teller. Tara não esquece o que sabe e o quanto isso já
lhe custou e quando consideramos a coisa como um todo, não dá para pensar em
outra coisa a não ser que ela está certa. Que suas articulações para afastar
Gemma, divorciar-se de Jax e levar os meninos para longe é a decisão mais
sensata. Mas aí, ficamos diante das dúvidas da própria Tara. Ela ama Jax e
nunca devemos duvidar disso, mas existe um limite. Um limite que o amor de mãe
ultrapassa e que faz com que qualquer outro tipo de amor esteja abaixo. Tara
age como mãe e para isso está disposta a sacrificar seu amor como esposa. Não
deixa de ser um sacrifício para ela. Magoar Jax e comprar uma briga gigantesca
no processo. Mas ela está disposta e temo as consequências. Como não temer após
um final dramático, com canção de ninar e revolver para confirmar a ideia de
que o plano inclui medidas extremas?
No entanto, preciso compartilhar
uma ideia doida de que talvez, com o tiroteio em destaque e as constantes
demonstrações de piedade por parte de Jax, ele possa ser mais um a colaborar
com o que Tara pretende. Todo esse esforço dela pode fazer com que Jax perceba
o quadro maior e afinal, mande-a ir para longe, criando os meninos longe de
todos os problemas que não parecem ter fim.
A conversa de Tara com Bobby é um
ponto chave nisso tudo. “Jax ainda está tentando descobri como ser rei”, ele
diz. Verdade absoluta. Jax tem boas intenções, mas isso é pouco. Os fatores
externos, que são inúmeros, não param de interferir. Não importa o acordo para
entregar o IRA e conseguir imunidade. Esse seria apenas UM problema riscado de
uma longa lista. Sempre haverá outras gangs, outros arautos da justiça, a
opinião pública...
Mas outra coisa na conversa com
Bobby deve ser notada. Concordo com ele sobre Jax precisar de Tara. Nas ocasiões
em que esteve sozinho, Jax ficou mais inconsequente. A essa altura, porém, é
tarde demais para pensar nisso. A merda está feita e agora que o golpe da
gravidez veio à tona, é uma questão de a plateia esperar para ver como essa
mesma merda vai bater no ventilador e se espalhar para todos os lados.
Uma coisa que tem feito falta são
cenas de Clay. Não gosto muito do quanto a participação dele diminuiu, mas quando
ele aparece em “John 8:32” é para arrasar. Inesquecível a sequência em que ele
desafia a pregação religiosa e age como louco de propósito. Foi engraçado e ao
mesmo tempo desesperador. O texto estava afiadíssimo e o ator fez justiça ao
material.
Agora, fico realmente curiosa
para saber como Jax entregará o IRA para a justiça. Nesse caso, a paciência
deve ser mesmo uma virtude, porque é complicado esperar por esse desfecho. Se
tudo der certo, sei que será brilhante, como cada elemento dessa temporada tem
sido. Mas é claro que isso aqui é Sons Of Anarchy e sinto dizer, se o clube não
tem seguro contra C4, nós também não
temos nenhuma garantia quando se trata das ideias explosivas de Kurt Sutter.
P.S*Cena do atropelamento em “Los
Fantasmas” foi impressionante. A da facada na jugular idem.
P.S* Tentando entender o que a menina avulsa que quebrou a janela da sede provisória tem com o resto da história. Parece que ela é filha da mendiga, só que a coisa deve ir além disso.
P.S*Morri de rir das caras de pavor da advogada de Tara.