Fragmentos, travessuras e gostosuras.
Se os dois últimos episódios de Grey`s Anatomy não foram bons,
podemos pelo menos dizer que eles conseguiram manter a média de qualidade da
série, levantando algumas questões interessantes. Os dramas transcendem entre “Map
of You”e “Thiller”, sem realmente testemunharmos grandes mudanças acontecendo.
É quase como se estivéssemos numa espécie de limbo dentro da temporada, num
momento em que tudo o que realmente importa é criar motivos pra que Cristina
Yang saia de cena.
Talvez eu pense assim porque gosto da personagem e não quero que ela
saia da série. De qualquer forma, o que mais chama a atenção é esse clima
estranho entre ela e Meredith, já que as duas tem lá sua parcela de culpa para
o estremecimento da relação. Cristina disse o que quis e Meredith age de
acordo, obviamente ofendida pelas conclusões da melhor amiga e colega, que a
colocam sob um prisma que ela mesma se recusava a enxergar. Cristina pegou
pesado. Eu ainda acho isso. Mas é fato que mulheres que acumulam funções como
Meredith não são mágicas e que existe um limite para o tanto que m ser humano
pode realizar.
Cristina aponta isso. Uma mulher casada e com dois filhos pequenos
usará uma parcela de seu tempo para a família (exceto a mãe de Meredith como já
vimos). No entanto, essas prioridades pessoais não são sinônimos de
incompetência e aí, Meredith tem razão em se magoar. O resultado é que as duas
tentam fingir que nada aconteceu ou que ninguém está ofendido. Mas disfarçam
mal e acabam destruindo ainda mais uma amizade que sempre foi além e sempre foi
mais.
Se Meredith têm mostrado que Cristina está fora de sincronia com os
demais, Cristina também resolveu manter certa distância e piorar as coisas. Fiquei
um pouco triste ao ver a cena dos cupcakes, confesso. Fiquei com aquela
sensação de que as coisas não se encaixam mais como antes, mas uma coisa
precisa ser notada. Tenho quase certeza de que se a personagem fosse ficar,
tudo isso acabaria com Cristina voltando atrás em sua decisão de não ser mãe ou
algo do tipo. Desse ponto de vista, acho que a saída de Sandra Oh é uma benção,
pois nunca achei bom que Cristina se curvasse a essa “obrigação social” de ter
um filho para preencher uma lacuna que as outras pessoas pensam que existe na
vida dela.
As situações que envolvem Callie continuam sendo ótimas. A
personagem tem feito boas escolhas e assim fica fácil gostar dela. Apesar da
mágoa, ela tenta ser prática. Quer recuperar a individualidade, mas logo nota
que se fechar não é o caminho. Por isso acho que a parceria na pesquisa com
Derek é tão boa, especialmente porque Callie saberá em breve que Arizona,
apesar de perneta, continua pulando de galho em galho. É estranho ver como os
roteiristas perderam a mão nesse sentido. Arizona é detestável desde o acidente
e juntá-la com a interna avulsa Murphy é uma ideia fracassada.
Aliás, Murphy só serve mesmo pra ser mordida por zumbis falsos e
mais nada. Ela e os demais internos são o grande problema da série atualmente.
Ou vocês ficaram interessados no drama da cirurgia ocular de Stephanie? Nas
paranóias sobre Karev ou no aprendizado de Jo ao lado de Richard? Acho que só
gostei mesmo de Shane em “Thriller”e nem foi por ele. Foi pela senhorinha com
asma que procurava por Heather sem parar.
Owen ficou bastante perdido entre essas histórias, enquanto está num
“vai não vai”com seu novo relacionamento. Ele parece o Mestre dos Magos,
aparecendo aqui e ali para dar um conselho ruim para algum personagem. Richard,
desnecessário dizer, está indo pelo ralo junto com a chatice dos internos que
ele resolveu que são mais competentes que Bailey. Essa mulher se desdobra e só
leva patada e doses de ingratidão.
Com tanta pressão, ela fica mesmo abalada ao saber que o maridão
largou tudo para se dedicar 24h por dia ao relacionamento e a produzir belas
fantasias de Halloween. Isso sim, foi um susto. Um cirurgião largando tudo para
se vestir de monstro só pode esconder algo mais sério.
No mais, a metáfora da caneca e sua linda trajetória de inspirações
foi extremamente feliz em “Map of You” ao falar de inovação e descoberta de
forma simples. Já a tentativa de fazer clima de terror em “Thriller” não caiu
tão bem e chegou a aborrecer em muitas ocasiões.
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