A personificação da carência.
Em sete episódios, The Carrie Diaries conseguiu firmar seu
estilo com facilidade, apresentando a tão elogiada ambientação da década de
1980 e boas histórias que agradam tanto a quem conhece quanto a quem nunca viu
Sex and The City. O episódio dessa semana continua fazendo tudo isso,
destacando a graciosidade da protagonista e brincando com o que já conhecemos
sobre Carrie. O roteiro tem trabalhado bem as “ironias da vida” e por isso,
fica a recomendação para os que nunca viram a série original. Assistam. A experiência
com The Carrie Diaries fica muito mais engraçada.
É absolutamente delicioso ouvir comentários como “espero não
estar correndo atrás de homem aos 30 anos”. Sério mesmo, Carrie? Os delírios
adolescentes da personagem são ótimos, especialmente quando já sabemos como é o
futuro. Carrie solta pérolas como essa a
todo o momento e imagino tudo isso como um presente para os fãs. Confesso que
me diverti muito com o modo como ela trata da própria virgindade. Não que
Carrie adulta não seja uma romântica (ela é), mas aquela situação, de alguma
forma, me fez pensar em toda a trajetória dela e em como as coisas vão acabar.
Ver o início de uma história, já sabendo o desfecho, pode ser bem interessante,
como TCD tem provado semanalmente.
É claro que Carrie estava dividida entre dois homens (e não
foi assim, quase sempre?). E claro que Carrie está mais interessada em
Sebastian do que em George, porque ela adora um cara que a ignora. Sebastian
foi bem babaca no lance do processo e ao engatar algo com Donna La Trava (desculpem,
ela parece um travecona) logo no dia seguinte, mas ele tem aquele charme cafajeste
que tanto atrai Carrie. George, por outro lado, parece atencioso (e não deixa
de ser), mas quer chegar nos “finalmentes”. Morri de rir com a cena da
limusine, quando ele desmistifica a virgindade e solta um “podemos cuidar só de
mim, então?”. É o tipo de coisa que toda garota virgem, de 16 anos, sonha em
ouvir do namorado num momento crucial como esse.
Carrie fez bem em terminar, até porque, vem coisa nova por
aí e se ela pretende aproveitar tudo o que NY tem a oferecer, melhor estar bem
avulsa. Gostei muito do fato de não enrolarem e já colocarem a personagem
trabalhando numa revista, refinando seus talentos para a escrita e para a moda. O contraponto entre a Carrie da cidade e do
interior continua em alta, mas me pergunto por quanto tempo mais será possível que
Larissa não se toque que está lidando com uma adolescente.
As atitudes de Maggie continuam sendo confusas, mas afinal,
essa é a personalidade dela, então existe coerência. Ela é exemplo perfeito da
garota que começa a perceber que os homens não precisam definir quem ela é,
embora ela ainda esteja presa a essa ideia. Muito bom que ela não tenha
permitido que Donna La Trava a chantageasse, mas está bem óbvio que a situação
vai ficar feia, para Maggie e para o policial babaca.
Ao contrário de Maggie, Mouse sabe bem o que deseja e aonde
quer chegar. O efeito que um B+ pode ter na vida de um nerd é realmente devastador,
como pudemos notar, ainda mais quando um nerd namora outro nerd e os dois estão
deixando os estudos em segundo plano para tirar A+ em educação sexual. Ali faltou
um pouco de equilíbrio para lidar com as duas coisas, mas afinal, Mouse seguiu
seus instintos e escolheu o foco em seu futuro.
Paralelamente, ganhamos mais uma pequena demonstração de
infantilidade de Dorrit. Até compreendo que ela perdeu a mãe e está abalada,
mas ninguém gosta de rebeldia sem causa surgindo o tempo todo num personagem.
Ela é apenas chata, na maioria das vezes e exige que todos adivinhem seus
desejos, sem levar mais ninguém em consideração. Tom continua tentando ser um
pai melhor e, apesar de ser meio relapso em alguns momentos, acho que ele está
evoluindo. Como ele se acostumou com a facilidade de lidar com Carrie,
enfrentar o furacão Dorrit é uma novidade. Além do mais, ele é um desses caras
que se acostumou a apenas trabalhar e prover a casa, deixando toda a criação
dos filhos nas mãos da esposa. Perdê-la subitamente foi um choque de realidade
e a cada dia ele precisa aprender que ser pai é mais do que só botar a comida
na mesa.
P.S* Roupas e cabelos de festa estavam particularmente
fofos, mas gente, cadê as ombreiras e polainas?
P.S*Único figurino desastroso é de Donna La Trava. Aquilo
sim é anos 80 de raiz. Às vezes ela me lembra duma prostituta barata, com
aquelas roupas medonhas.