quinta-feira, 19 de novembro de 2009

The Prisoner 1x01x02: Arrival/Harmony


Com sucessos premiados como Breaking Bad e Mad Men, o canal AMC apresenta sua nova e intrigante produção: a minissérie The Prisoner, que leva o mesmo nome da produção britânica de 1967 que a originou.
Com apenas 6 episódios, The Prisoner é de enlouquecer o telespectador, no sentido bom da palavra. Fotografia, roteiro e atuações mais do que excelentes estão garantidos. No elenco temos nomes como Ian McKellen (Senhor dos Anéis) e Jim Caviezel (Paixão de Cristo).
Falando com sinceridade, a primeira metade do episódio duplo é bastante confusa e vai deixar você (se já não deixou) completamente perdido. Mas, não se sinta incapaz de compreender a série. É só uma questão de tempo até que a apresentação dos personagens seja feita e a trama comece a se desenhar de forma brilhante.
Tudo começa no deserto, onde um homem parece perdido e desorientado. Aos poucos, conhecemos Six (Jim Caviezel) que nem sabe que esse é seu nome. Aliás, um dos pontos interessantes é que as pessoas são chamadas por números e na Vila, povoado estranho onde vivem, suas casas tem a mesma numeração de seus nomes.
No deserto, Six conhece 93, um homem à beira da morte que pede que Six leve uma mensagem: ele conseguiu sair.
De início, é difícil captar qualquer mensagem, mas logo descobrimos que Six está numa espécie de realidade alternativa, um mundo paralelo, muito bem controlado por Two (Ian McKellen). Por isso mesmo, ninguém pode saber que existem mais lugares para ir, além da Vila e, mesmo que algumas pessoas tenham alguma consciência disso, o medo e a falta de lembranças claras as faz viver numa espécie de comodismo.
Six, que descobre seu nome depois de algum tempo, tem memórias vívidas da outra realidade em que esteve e aos poucos, também vamos conhecendo tudo isso.
Depois de fugir, mesmos em saber exatamente de quem, ele acaba no hospital da Vila e lá, conhece 313 (Ruth Wilson), uma médica que parece interessada em Six, ao mesmo tempo em que diz não acreditar nas coisas que ele diz.
Tudo parece um sonho. Na verdade, Six vê tudo mais como um pesadelo e logo se sente prisioneiro, em uma realidade da qual não pode fugir. O interessante é que, embora não se lembre com clareza de tudo, ele tem um imenso e incontrolável sentimento de que não pertence àquele lugar e luta para se libertar.
Two, que é um personagem no mínimo bizarro, é um homem de fala calma, mas capaz de brincar com uma granada, só para provar que tem poder.
Sua família também é estranhíssima. A esposa vive numa cama e não fala ou se mexe. Apenas permanece estática, recebendo medicamentos que o marido ministra pontualmente. O filho, 1112 é um rapaz observador que começa a desconfiar que alguma coisa naquela vida não é normal.

Logo, Six descobre que tem família. Um irmão, cunhada e sobrinhos com quem ele cria um laço rapidamente. O estranho é que Six sabe que ele e 16 não são irmãos, mas o sentimento é inevitável.

A loucura toma conta de Six em muitos momentos, especialmente quando tem visões e lembranças, às quais se agarra fortemente para tentar encontrar um caminho para fora dali.

Outro ponto muito intrigante é que na Vila não há água. Quero dizer, mares, rios, lagos. Apenas piscinas, um gigantesco deserto e muitas casinhas idênticas. Aliás, o visual é meio retrô, tanto nas roupas, na arquitetura, nos veículos,nos objetos. Tudo parece estar entre as décadas de 50 e 60.

As tentativas de fuga são sempre vãs e mesmo seguindo as torres, que parecem uma miragem no deserto, esse é um feito que parece mesmo impossível. Em sua primeira tentativa de se aproximar das tais torres, uma gigantesca bola branca o impede e faz desmaiar. Mais uma vez é 313 a ajudar. Aos poucos ela se interessa pelos relatos de Six e sinto mesmo uma vibe romântica entre eles.

Six lembra muito da infância, da praia e do mar. Encontra na Vila algumas provas de que sempre viveu ali e isso começa a criar a impressão de que ele pode estar louco. Porém, a cada momento mais pessoas que acreditam em sua teoria de que existe um mundo além da Vila aparecem. Temos, por exemplo, a mulher que ouviu o mar. O próprio 16 assume não ser o irmão de Six e esse três saem em busca de uma prova. Encontram o mar e 16 é engolido por ele, em mais uma aparição da gigantesca bola branca. No final, Six acaba preso a uma camisa de força e não pode mais lembrar seu nome de verdade. Ele se torna o que nunca quis ser: um número.

Enquanto isso, Two continua impávido. Controlador, aterrorizante, poderoso e calculista. Ele é´o único que conhece a verdade e quer evitá-la a todo custo. Até o final da segunda metade, Harmony, descobrimos ainda que Six pode estar mais ligado à Vila do que pensa. Em uma de suas lembranças ele revela que trabalha para um empresa que observava e controlava a vida das pessoas. Uma espécie de Big Brother e, ao demitir-se, ele pode ter se colocado na Vila.

Inclusive, tudo parece um pouco com "O Show de Truman", que colocava Jim carrey vivendo numa espécie de bolha. O princípio de The Prisoner parece ser o mesmo, embora seja difícil afirmar ou criar qualquer teoria por enquanto. E justamente por isso, eu recomendo que todos dêem uma chance à produção que é, acima de tudo surpreendente e uma das melhores coisas lançadas em 2009.

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