O divórcio mais fácil que já se
viu?
Quando o advogado de Jackson
profere, sem dúvidas, a frase acima, temos a certeza de que ele não assiste
Grey’s Anatomy e, portanto, não acompanhou a arrastada história de Kepner e
Avery. Se o ilustre advogado fosse um de nós, essa frase jamais seria dita.
Aliás, diríamos bem o contrário: que esse divórcio, que essa decisão, foi uma
das mais arrastadas nesses 12 anos, perdendo apenas para o longo e chatíssimo
processo envolvendo Callie e Arizona.
Mesmo sem deter o título de casal
que mais queríamos ver afastado, April e Jackson chegaram muito perto desse
feito. Tanto que a assinatura dos papéis soou como uma libertação. Estaríamos
livres, enfim? Claro que não. Se há uma coisa que esse episódio deixa clara é
que essa história está longe de acabar e que o plot twist no final vem para
invadir nossas vidinhas de telespectadores de angústia. Pois é. Com April grávida, podemos esperar um
Jackson arrependido e nove meses de conflitos que devem culminar na reunião do
casal. Desejo, no entanto, que nada disso aconteça e vou tentar explicar o
porquê.
Lógico que o episódio foi bacana
e diferente. Cheio de flashbacks que remontam até o dia em que os dois se
conheceram, todo o foco estava em Japril (péssimo nome, prefiro AVRIL). Fomos
afastados de todo o entorno para mergulhar de cabeça nos dramas desse casal por
quem já torcemos, mas que vem ficando desgastado e extremamente cansativo, já
que, desde que perderam o primeiro filho, nenhum dos dois conseguiu sair da
bolha do egoísmo.
Por detestar April desde que
apareceu na série, tenho uma tendência natural de defender Avery, mas nem ele
te muita salvação. A verdade é que cada um reage de um modo à perda e a fuga de
April foi apenas um exemplo de atitude extrema. Ela simplesmente precisa sair
de seu habitat natural para superar e ir para a Jordânia veio como a solução.
Avery, por sua vez, ficou para trás e teve que lidar com a dor sozinho, mesmo
querendo ter o apoio da esposa nessa hora. Entendo a mágoa dele, pois
inicialmente, Kepner exigiu distância, mas acho que existe uma dose de teimosia
envolvida, o que vem para acabar de vez com qualquer chance desse casamento.
Desse ponto de vista, agradeço pelo
divórcio, mas agora que temos um novo bebê a caminho prevejo chatice e até uma
virada no jogo. É provável que Avery queira reatar enquanto Kepner o rejeita.
Vamos ver no vai dar, mas aposto ainda numa reunião deles, com casamento na
igreja e o pacote completo. Esses flashbacks não foram feitos à revelia e cada
diálogo foi colocado ali para nos provar que o ideal agora é a separação, mas
que essa criança vem para unir novamente o casal.
Claro que, antes dessa conclusão,
fomos conduzidos por muita enganação. Como não amar roteiristas que nos fazem
odiar Avery por estar envolvido com uma paciente enquanto fazia terapia de
casal com Kepner? Imagino que muita gente ficou bradando - Homem é tudo igual
mesmo - só para quebrar a cara lindamente no final. Pior era tentar odiar a
moça deformada por ácido por encontrar amor verdadeiro e felicidade. Fiquei
desconfiada, mas confesso, caí na armação por um bom tempo.
A questão, no entanto, está na
metáfora. A moça, assim como o casal, passou por um longo e doloroso processo
de cura e agora, depois de sofrer e não ver mais esperança, ela pode recomeçar.
É isso, minha gente. Não existe dúvida. Esse divórcio vai funcionar totalmente
ao contrário.
PS* Jackson é um cirurgião
mágico, né? Só isso justifica tanta perfeição no rosto da moça. Poderiam forçar
a barra um pouco menos.