domingo, 11 de janeiro de 2015

Glee 6x01/x02: Loser Like Me/ Homecoming


Perdedores de volta para casa.

Fazia algum tempo que eu não sentia empolgação de verdade vendo um episódio de série. Tempo demais para quem é fã do formato há tantos anos e está acostumada a vibrar em frente da TV. Glee, que foi fonte de grandes desgostos em sua temporada passada, veio para mudar isso para mim, pelo menos por enquanto, com seus dois episódios de retorno.

Como dizem por aí, é o inicio do fim e não vou dizer que não está na hora. Está. Chegou até a passar do ponto, mas acredito que essa sexta temporada vem para trazer a dignidade perdida. Talvez eu tenha muita fé quando o assunto é Glee, mas prefiro pensar assim a encarar os episódios finais com má vontade. Essa série mora no meu coração e mesmo seus pontos mais baixos não me fazem amá-la menos. Foi difícil encarar os péssimo episódios da Season 5, em especial, mas agora é hora de esquecer esse recente passado vergonhoso e focar no que há de bom, tanto em Loser Like Me quanto em Homecoming. Glee voltou. E dizer isso tem amplo significado.

Temos que perceber a metáfora. A equipe de roteiristas, ciente dos problemas da série, apropriou-se de cada erro cometido e colocou tudo nesses episódios numa espécie de mea culpa em que Rachel representa Glee, como um todo. Pois é, amiguinhos. Existe complexidade nessa “série teen idiota” como muitos devem julgar por aí e essa é a beleza da série. Glee decaiu tremendamente. Não posso dizer se teria sido assim sem a morte de Cory Monteith, mas desconfio que essa tragédia teve ligação direta com a queda da qualidade, em todos os sentidos. Glee entrou em depressão. Perdeu-se. Afundou de forma crítica e nos carregou para esse vortex de tristeza.


Agora, observando com maior distanciamento, é fácil enxergar que continuar tão rápido, naquela época, foi um erro estratégico. Ninguém estava bem e assistir à série, mesmo em seus momentos de humor, virou uma tarefa quase ingrata. A decisão de encurtar a Season 6 e esperar até agora para recomeçar, no entanto, parece ter sido uma benção. Depois desse respiro, Glee retorna forte e pronta para recorrer às origens. Precisou atingir o fundo do poço, assim como Rachel, para encontrar um caminho melhor e superar o desafio que é sair do ar deixando nos fãs uma lembrança boa e de dever cumprido.

Para que o saldo fosse positivo nesse retorno, Glee precisava acertar algumas arestas. Além de uma história para contar, o que estava extremamente em falta nos episódios, outro problema havia se instalado: a escolha do mix musical. Lembro de assistir a temporada passada inteira sem ter realmente gostado de nenhuma apresentação. Prova disso é que não lembro de NENHUMA performance bacana e o forte de Glee era também nos fazer rever coreografias, clipes e escutar as canções depois dos episódios.

Ao observar a setlist desses dois episódios iniciais, fica claro que o problema foi identificado e está na mira para ser resolvido. O que vimos e ouvimos foi uma seleção que consegue misturar o emocional dramático e humorístico, temperado com coreografias bacanas como nos bons tempos. Em ambos os episódios, as escolhas tiveram bons resultados. Lea Michele volta a brilhar com simplicidade em Uninvited e Suddenly Seymour. Cheguei a questionar um pouco o uso de Let it Go, mas compreendo o momento e o significado, além da questão prática. Frozen continua rendendo e a performance vai se reverter em uma graninha extra para a Fox. Os Warblers estavam divertidos em Sing e o Vocal Adrenaline... Bom, Dance The Night Away não teve alma.



Não dá para negar que os novatos podem fazer a diferença quando o assunto é música nos episódios. Fiquei absolutamente encantada com Roderick em seus momentos de acapella e na apresentação de Mustang Sally. Jane também foi incrível com Tightrope e os irmãos McCarty, embora menos talentosos, tem simpatia. O novo vilão (que não vai ser vilão no final), Spencer, vem para agradar meninos e meninas, com seu jeito escroto de ser.

Ainda no quesito performático, dancei e cantei junto com o clássico Take on Me e seu videoclipe em Neon, com estilo storyboard, como no original. Lembrou aqueles tempos áureos de Glee, com os musicais bacanas e grandiosos no refeitório. E para completar minha alegria, nossa amada Unholy Trinity vem sendo sexy (sexo vende, bitches) com a acrobática Problem, onde Naya Rivera tem a chance de cantar música da rival Ariana Grande. Muitas emoções, tanto na vida real dos artistas, quanto na série. Home, por sua vez, encerra nossa sessão dupla de Glee com perfeição, mostrando co que vem por aí em termos de tramas e conflitos. Sim, estou falando da polêmica relação de Blaine e Karofsky.  Se você passou esse tempo todo sem nenhum spoiler, como eu, foi uma dessas surpresas bacanas. No fundo achei bem fofo porque estava de saco muitooooo cheio da ladainha Klaine dos últimos dois anos.

Podemos dizer que Glee fez seu retorno às origens. Pegou os perdedores que amamos e os levou de volta para casa, se permitem a brincadeira com os títulos. Sim, porque as renovações no elenco foram malvistas e também tiveram impacto. Pessoalmente, eu gostava dos atores do novo New Directions, mas caímos na mesmice da “nova Rachel”, “novo Finn”, “novo Puck” e “nova Quinn”. Britanny pontua isso bem ao chamar Kitty de Quinn. Era a mesma – fucking – coisa, afinal e repetir plots foi também a perdição da série.

Já que Nova Iorque também foi um belo fiasco, o que vemos é o declínio de Rachel que, sem opção, volta apara casa para encontrar ainda mais destruição. Ela perdeu tudo: Finn, a carreira, os pais se divorciaram... E para fechar com estrelinha dourada, McKinley High virou um pesadelo comandado por Sue Sylvester e seus cães de guarda. E aí alguém vai dizer: “Mas Glee não foi sempre isso? Qual a graça?”. Glee sempre foi isso e parece que a massa desse bolo desandou quando tentaram inovar a receita. A tentativa de voltar ao que sempre deu certo, pelo aqui, deve ser bem vista. Quando colocamos os dois episódios em perspectiva veem o quanto funcionam bem e a crescente que representam.

Digo isso porque gostei mais de Homecoming. É mais empolgante, mais divertido, mais tudo. Mas sem a introdução das tramas de Loser Like Me não daria para ser. Passamos por todo o processo com Rachel, as novidades de Blaine, Kurt e Mr. Schue e tudo recomeça com aquelas tradicionais desculpinhas esfarrapadas de roteiro que sempre chocam, tamanha a cretinice. Convenhamos: a solução para que o pessoal retorne à escola é sempre furadíssima, mas ok. É Glee. Vamos levando.

Tudo o que Finn faria agora é papel de Rachel, a nova mentora do New Directions que precisa ressurgir das cinzas, daquele jeitinho que já conhecemos. O sucesso dessa temporada final depende apenas da medida certa de loucura que vão aplicar, mas acho que se a coisa seguir como está, teremos boas surpresas e encerramos nossa jornada com Glee cheios de amor no coração e lembrando o que nos fez acompanhar essa história até agora.

P.S*Lembraram de trazer Tina de volta! E Becky! E Véia!
P.S* Será que Mercedes ainda é virgem?
P.S*Como transar com Michael Bolton e não se apaixonar? 

Músicas nos episódios:

Loser Like Me
"Uninvited" - Alanis Morissette               : Rachel Berry
"Suddenly Seymour" - Little Shop of Horrors: Blaine Anderson and Rachel Berry
"Sing" - Ed Sheeran: Dalton Academy Warblers and Blaine Anderson
"Dance the Night Away" - Van Halen: Clint and Vocal Adrenaline
"Let It Go" – Frozen: Rachel Berry

Homecoming
"Viva Voce" - The Rocketboys: Roderick             
"Take On Me" - A-ha: New Directions alumni
"Tightrope" - Janelle Monáe feat. Big Boi: Jane Hayward with Dalton Academy Warblers
"Problem" - Ariana Grande feat. Iggy Azalea: Quinn Fabray, Brittany Pierce and Santana Lopez with Artie Abrams and McKinley High Cheerios              
"Mustang Sally" - Wilson Pickett: Roderick with Quinn Fabray, Santana Lopez and Brittany Pierce         

"Home" - Edward Sharpe and the Magnetic Zeros: New Directions alumni, Mason McCarthy, Madison McCarthy, Jane Hayward, Roderick and Spencer Porter
Comentários
5 Comentários

5 comentários:

Vinicius Zambianco disse...

Amei a review *_* e amei ambos os episódios. Todos os newbies me agradaram positivamente, especialmente Roderick com o drama da obesidade (que Glee nunca usou com força e culpo eles até hoje, mas tudo bem). As musicas foram todas muito bem executadas, Let it go, Tightrope, Home, Problem e especialmente um dos meus muitos hinos Take On Me. Espero que com esses dois episodios Glee faça um caminho grandioso até o seu final, com dignidade.

João Paulo disse...

Excelente review, não poderia ter dito melhor, a última temporada gostei só dos 13 primeiros episódios o resto foi realmente ruim, mas a sexta esta ai para corrigir e despedir com honra e realmente começaram bem a despedida, gostei dos dois episódios (mais do segundo) e realmente a performance de "Take On Me" foi excelente e revigorante. Adorei os dois possíveis líderes vocais do New Direction, Rodrerick tem voz de estrela e a Jane tem uma energia vocal boa tb. Ansioso pelos 11 episódios restantes.

Welington disse...

Gostei demais desse retorno. Parei de assistir Glee no início da quarta temporada e não sei pq resolvi assistir essa premiére. Não me arrependo de ter abandonado, mas, pelo visto, não perdi muita coisa. Poder ver o Coral junto de novo me deixou muito feliz. Ao contrário dos personagens que entraram na quarta temporada, as novas aquisições do Glee Club têm personalidade própria e carisma. Mais importante: Eles não estão aqui pra substituir ninguém, mas pra serem eles mesmos.

Se a série se manter nesse nível de "loucura controlada", creio que teremos uma última temporada muito gostosa de assistir.

Daniela disse...

tbm gostaria se vc ainda tiver .. daniela.alvesd@hotmail.com

Vivi disse...

Oi Leandro, td bem?
Vc ainda tem a série? E tem as legendas?
Estou procurando há algum tempo...
Se puder, me confirma, por favor?
E-mail: vivibagnis@gmail.com.
Obrigada!