Foolish, foolish Jackie Boy.
Deixar acumular os dois últimos
episódios de Sons Of Anarchy acabou revelando ser uma coisa muito boa. Primeiro
porque tive duas horas seguidas de série para ver (e de série boa, o que é um
milagre hoje em dia), depois, porque minha perspectiva sobre a sequência de
erros estratégicos de Jax ficou bastante clara.
Não importa exatamente o que
aconteceu, mas por que. E o porquê mora apenas nas atitudes tão impensadas de
um personagem que outrora se mostrou tão perspicazes. O que aconteceu? Fiquei
com a impressão de que Jax perdeu a capacidade de pensar com lógica, perdido
entre problemas familiares e ideologias que jamais conseguirá colocara em
prática. E assim, na estupidez mais pura, o destino dessa temporada se desenha
de maneira mágica, com desfechos que surpreendem e nos fazem rir com o canto da
boca, enquanto pensamos: “Sutter, seu safado”.
É estranho ver Jax cavando a
própria cova e indo cada vez mais fundo. Há sempre os fatores externos que
ajudam a piorar. Lee Toric está aí para provar, mas dessa vez, Jax foi além.
Conseguiu abalar a confiança dos companheiros de clube, mostrar que não confia
em ninguém e dar poder para Clay, tudo com uma única atitude.
Quando Tigs aparece vivo e
saudável, o castelo de cartas já está em ruínas. É uma questão de tempo apenas,
para que surja a ideia dos agregados de Pope cuidarem do negócio das armas com
os irlandeses, ignorando o fato de que o pessoal do IRA tem preconceitos
raciais tão enraizados que a simples
menção dessa proposta seria um ofensa capital. O resultado, entre tiroteios,
membros mortos e com mãos decepadas e a grande explosão que destrói a sede do
MC e quase mata cada membro da família é ainda mais preocupante. Irlandeses não
desistem. Os Sons, agora sem abrigo, terão de contar com Clay para sobreviver.
Clay, não pode morrer. Ele é quem dá as cartas novamente e isso torna tudo
ainda mais interessante.
Preciso comentar que, numa série
em que tanta gente morre, Unser é o mais bravo sobrevivente. Firme e forte apesar do câncer e apesar de
ser atacado constantemente. Acho que chega a ser engraçado e que no final, ele
pode ser o último a sobreviver para contar a história, porque o desgraçado tem
sorte e até o nazistas ficam em dúvida sobre abrir ou não sua pança.
Meu maior elogio nesses dois
episódios, no entanto vai para os acontecimentos atrás das grades. A história toda segue bem e em perfeita
sintonia com a ideia de que Jax, afinal, ainda tem que aprender uma ou duas
coisinhas sobre liderança. É essencial
dizer que as sequências dentro da cadeia são um show à parte. A começar pelos
diálogos com Lee e o fim genial para ele e Otto. A morte sangrenta como um
espetáculo para todos nós assistirmos de camarote. Confesso que sentirei falta
dos extremos de Otto e do modo como ele sempre fez parte da ação, mesmo
distante de praticamente tudo e todos.
O desfecho para Lee foi rápido
até, mas justo e marcante. Imaginei que ele seria um inimigo mais presente, mas
não me engano sobre a falta de consequências aqui. Bem quando o xerife começa a
desconfiar que há algo errado por trás da morte da acompanhante da Diosa e da
facilidade com que as provas estavam expostas no carro de Nero. A coisa vai além e essa morte pode
colocar ainda mais o clube na mira das investigações.
Um dos momentos mais difíceis de
digerir veio com Gemma, a MILF favorita dos guardas de prisão. O que foi aquela
cena? Nem precisaram mostrar nada para que o nojo da situação chegasse até nós.
Não pude deixar de questionar se Clay não estava tendo uma dose de satisfação
(moral e não sexual registre-se), porque a ocasião pareceu perfeita para ele
mostrar “humanidade” e se embrenhar ainda mais nesse retorno ao topo da cadeia
alimentar dos Sons Of Anarchy.
O que começa a deixar dúvidas é a
“amizade” de Tara e Wendy. Tara brinca com fogo e Gemma está jogando gasolina
no entorno, manipulando Wendy e criando ainda mais tensão. No fim das contas, a
ideia é eliminar as duas e ficar com os meninos, o grande sonho de Gemma como a
verdadeira rainha mãe do grupo. Além disso, fico sempre com a impressão de que
os roteiristas não são muito fãs de crianças, já que sempre que podem tentam
matar os filhos de Jax ou colocá-los em perigo. Com tantas tentativas, uma hora
virá o acerto.
P.S* Vontade de ajudar Chibs a
destruir a moral de Jax. Faltou surra de cabo de embreagem de fusca para esse
jovem presidente perceber o quanto está sendo arrogante e insensato.
P.S* Imaginem Clay e Nero na
mesma cadeia? Ai, ai, ai.