Onde as crianças sem pais se
encontram.
Descrita sempre como uma terra
mágica onde crianças podem se divertir sem a presença de adultos e sem jamais
envelhecer, Neverland, em Once Upon a Time, ganha fama de cenário de terror. Um
lugar onde os enjeitados residem sem jamais amadurecer, esperando por alguém
que os tire dali para amar e cuidar, o que nunca acontece, por razões óbvias.
Diante da ditadura de Peter Pan, os meninos perdidos ficam ainda mais se
referências, mas talvez, Emma seja a solução.
Órfã, acima de tudo, ela está ali
para salvar o filho e podem acreditar, tem tudo para se transformar na mãe que
todos procuram. Algo como Wendy, na história original, mas com alguns anos a
mais de maturidade. Emma, sendo a menina perdida será a pessoa a entender
melhor que qualquer outro o modo como esses meninos pensam. Pan não deve contar
com isso. Com essa maternidade aflorando ou jamais permitiria sua presença na
ilha. Ele também jamais proporia jogos que podem prejudicá-lo muito em breve.
Pensando dessa maneira, eu
aproveitaria para incentivar Regina a criar alguns desses meninos, tamanha é
sua vontade de ser mãe. Mas ela quer ser “mãe do Henry”, então não sei se
aceitaria muito bem a troca. Deixando um Henry em paz leva dois, três ou todos
os meninos de Neverland em troca.
E falando em crianças órfãs, eis
que a ladainha de Snow e Charming a respeito de Emma se torna cada vez mais
chata e patética. Aliás, desculpe. Já fui uma fã ferrenha desse casal, mas
infelizmente eles são em OUAT o similar a um par de ecochatos. Parece que Snow e Charming viraram os arautos
da sabedoria e, se um dia eles já foram parâmetro de honestidade e amor
verdadeiro, hoje são apenas um casal que faz discurso moralista o tempo todo,
sem pensar nem um pouco na parte prática de se combater criaturas mágicas.
A ética desses dois é
unidimensional e seus personagens – que já foram românticos, aventureiros, bem
humorados – são só um esboço das possibilidades de antes. Difícil entender como
conseguiram destruí-los, mas essa é a verdade. Os flashbacks em que Snow – de novo
e de novo e de novo - duvida de si mesma e de seu destino já atingiram o
limite. Dizer que as cenas são todas desinteressantes é o mínimo e, verdade
seja dita, não mudam nada na dinâmica da série e não evoluem a relação dela com
Regina ou qualquer outro.
Confesso apenas certo riso ao
notar que os anões desfiaram Charming e o chamaram de caçador de fortunas na
cara dura. São necessários sete anões para a tarefa, aparentemente. Sobre os
diálogos de Rumples e Belle, não sei nem o que comentar. Tudo aquilo no meio do
mato, numa ilha estranha e cheia de poderes, me fez lembrar os personagens de
Lost alucinando. Aliás, Belle já foi Claire na antiga série do monstro de
fumaça e dos números de loteria malditos, então talvez a ideia venha daí mesmo.
Plots reciclados, assim os roteiristas nem vão precisar explicar no twitter.
Quem continua subindo no conceito
é Hook. Sempre charmoso e com piadas na ponta da língua, foi o responsável por
eu me divertir um pouco durante esses quarenta minutos de episódio. Seja
flertando com Emma, zombando de Charming ou descobrindo que a Disney destruiu sua
imagem sensual e lhe representa em filmes e desenhos com madeixas cacheadas e
muita afetação, Hook é o personagem mais bacana do momento. E no meio de tantos
erros e de escolhas monótonas para contar essa aventura (bem, deveria ser uma
aventura) ele ainda é alguém em quem devemos prestar atenção.