Fiasco no País das Maravilhas.
Se um desejo eu pudesse ter ao
esfregar a lâmpada de um gênio, esse desejo seria para que Once Upon a Time in
Wonderland jamais tivesse saído do papel. Se eu pudesse ter três desejos eu os
usaria com a delicadeza da rainha de Copas e mandaria cortar as cabeças dos
responsáveis por esse imenso fiasco da ABC.
É difícil compreender porque
alguém, em sã consciência, deixaria algo desse tipo ser produzido. Uma série de
história fraca. E esse é o ponto principal, pois Once Upon a Time, que dá
origem a esse spinoff, já cansou de provar que o público perdoa a tortura
visual, se os personagens cativarem e a trama conseguir empolgar. Talvez como
reflexo do desgaste de OUAT (que tem ainda audiência sólida, mas mostra queda
em qualidade desde a temporada passada), o público americano nem deu uma chance
a OUATIW (nome imenso para compensar o que mesmo?), que teve desempenho
deplorável nos números e já estreia como cancelamento certo.
A ideia de OUATIW é a de explorar
mais a fundo o potencial do universo de Alice In Wonderland, obra que, de fato,
permitiria um milhão de novas aventuras por ter um universo fantástico e onde tudo
pode acontecer. A história tem elementos para produzir uma excelente protagonista,
sidekicks curiosos e carismáticos e vilões terríveis a perder de vista.
Infelizmente, na série, o que vemos não chega nem perto disso, já que o elenco
não colabora nem um pouco e dá um show de falta de talento. Fiquei
impressionada com a falta de talento da escolhida para viver a Rainha Vermelha.
A moça é tão caricata e forçada que deveria estar, quem sabe, num filme do Jim Carrey
(com todo respeito ao pobre Jim Carrey, que pelo menos é o rei das caras e
bocas).
Além disso, não existe qualquer
motivo para precisarem misturar Wonderland com Aladdin (ou coisa que o valha).
Essa ideia de unir os mundos mágicos já existe em Once Upon a Time e, portanto,
essa derivada deveria tentar ter um pouco mais de foco. Quando vi Jafar
segurando a cobra com força (sério, o homem não largava o pau em forma de cobra
e isso traz sim uma mensagem sexual, não é possível) tive a prova final de que
essa série não sabe para onde vai e nem a que veio. É só mais uma tentativa de
capitalizar em cima de um sucesso da emissora, ao melhor estilo “se colar,
colou”. Mas não só que não colou.
A trama pode ser resumida
facilmente. Alice, que sumiu durante muito tempo em suas aventuras iniciais em
Wonderland (sim, aquelas que todos já conhecem) é taxada de louca e resolve
voltar ao País das Maravilhas para trazer uma prova concreta de que aquilo tudo
existe e que sua narrativa tem fundamento. É aí que ela acaba conhecendo um
Cyrus, um gênio da lâmpada por quem se apaixona. Como o geniozinho é dado como
morto, ela praticamente está a ponto de permitir uma lobotomia para eliminar
essas dolorosas memórias e, nesse momento, descobre que Cyrus não morreu e sua nova
missão em vida é salvá-lo para que vivam felizes para sempre.
Como todos podem notar, esse plot
tem a complexidade de algo escrito por uma criança de seis anos. E tudo bem uma
criança pensar nisso, mas roteiristas experientes entregando algo desse tipo?
Parece até falta de respeito. Com o público e ainda mais com uma história tão cheia
de camadas e interpretações profundas como é a do livro de Charles Lutwidge
Dodgson.
No elenco temos Sophie Lowe
vivendo Alice e, justiça seja feita, ela é carismática e tem potencial. O mesmo
pode ser dito de Michael Socha, que encarna o Valete de Copas e consegue criar
alguma química com a protagonista. Peter Gadiot é Cyrus e nem sei se podemos
culpá-lo pela falta de envolvimento com sua amada Alice, porque a coisa
acontece em segundos. John Lithgow nunca deveria ter aceitado fazer a voz do
Coelho Branco ao passo em que Naveen Andrews deveria estar desesperado por
trabalho para topar fazer um vilão tão bobo quanto o Jafar proposto pela série.
Por último, temos a inebriante Emma Rigby como a pior Rainha Vermelha de que
jamais se terá notícia.
A produção fica por conta de Adam
Horowitz e Edward Kitsis, que deveriam parar de inventar porcarias e investir essa
energia para fazer Once Upon a Time funcionar novamente. Se tem uma coisa que
Once Upon a Time in Wonderland nos prova é que nem sempre a sorte bate duas
vezes à mesma e, com a série estreando tão mal, essas Primeiras Impressões
também serão as últimas.
P.S*Um dos piores lançamentos
dessa Fall Season, sim ou com certeza?
P.S* Gastaram mais injetando
silicone no lábio da Rainha Vermelha do que gastaram com os efeitos desse
Piloto.
P.S* Quem quiser pode enviar sugestões
de cenários para a produção. Eles aceitam apenas arquivos advindos do Paint.
P.S* Nem o fã mais ardoroso de OUAT vai conseguir ver esse spinoff. Pelo menos eu não desejaria isso ao meu pior inimigo.