sexta-feira, 12 de abril de 2013

The Carrie Diaries 1x13 (Season Finale): Kiss Yesterday Goodbye


Apenas o começo.
A temporada de The Carrie Diaries pode até ter sido curta, mas nessas 13 semanas, conseguiu provar seu valor e se fortalecer (um pouco), frente a seu público alvo. Foi um começo ruim, se levarmos em conta apenas os números, mas em termos de qualidade da produção, a história é outra. Há sempre quem critique séries feitas para adolescentes. Existe uma aura de preconceito nesse ramo, porque há a máxima de que se é feito para os jovens deve ser vazio, idiota, fútil. Muitas vezes isso é verdade, mas acredito que The Carrie Diaries consiga fugir do estereótipo e ser uma série divertida e com um conteúdo bacana. Claro que o objetivo principal aqui é o entretenimento e isso TCD proporcionou semanalmente, sem forçar a barra, sem querer ser mais do que é.
O legal é notar que no meio da diversão e das confusões amorosas de todos os personagens foi feito o registro de uma época. Apesar de eu ainda achar que o figurino da série é extremamente gentil com o estilo propagado na década de 1980, com raríssimas exceções em que a breguice faz justiça ao período, a trilha sonora foi muito marcante e bem escolhida, utilizada de forma inteligente, assim como a questão social, muito focada na independência feminina e em alguns preconceitos que ainda existem, mas que hoje já são tratados com menos pudor, pelo menos.
Também não podemos esquecer de Carrie como referência a Sex and The City e lembrar que TCD foi feita com cuidado no sentido de incluir quem nunca viu a “série mãe”, exibida pela HBO. A história funcionou bem para todos, mas é claro que certos detalhes foram colocados estrategicamente para quem já apreciava SATC e procurava um pouco mais de material ou até matar as saudades. Ainda não conseguimos ver como Carrie conheceu as amigas (isso deveria acontecer, seguindo o caminho do livro), mas quem sabe? Talvez a CW renove a série e consigamos chegar lá.
Vale dizer que mesmo que não passemos dessa Finale, a mensagem sobre quem é Carrie e como ela se torna a mulher que muitos de nós já conhecíamos fica clara. Era uma época de mudanças comportamentais e Carrie é influenciada por tudo isso, além de fazer parte do processo que colocou a mulher, de uma vez por todas, no mercado de trabalho, competindo e marcando presença fortemente. Antes disso havia a cultura do casamento, disseminada por séculos. Se uma mulher não fosse casada estava perdida e condenada. Parece dramático, mas é verdade. Embora ainda existam resquícios desse pensamento (quem nunca ouviu esse tipo de insinuação de uma pessoa mais velha?), a atitude vem se transformando, até pela necessidade financeira. Carrie representa tudo isso, o que acaba pontuando a série como feminista, mas nada exagerado ou panfletário. O modo como Carrie e as demais mulheres da série encaram o mundo é extremamente positivo, levanta bons questionamentos e não esquece ou deixa de lado os dramas pessoais e essa luta por um relacionamento que “complete” o ciclo, afinal, não dá para escapar desse espectro, que também faz parte da vida das “mulheres modernas”, para usar um termo bem clichê.
Nesse Finale, isso tudo fica bem evidente. Carrie está preparada para passar o verão na cidade e trabalhar em tempo integral na revista, ao mesmo tempo em que não quer se afastar de Sebastian e tem devaneios sobre uma vidinha de esposa e mãe nos subúrbios. Larissa diz algo extremamente interessante: “Essa é a vida da sua mãe, não é o que você quer.”. E quem já viu SATC não discordará que Carrie pertence em NY e á vida atribulada e diferente, só que ela ainda trava essa batalha sobre o que ela quer para si e o que os outros acham que ela deveria querer.
Mesmo dividida entre “amor e trabalho”, se é que podemos colocar assim, Carrie sempre escolhe sua carreira ou tenta se balancear entre as duas coisas. No fim, as atitudes inconsequentes de Sebastian ajudam a firmar o rumo das coisas e, sem remorso, Carrie parte para sua temporada em NY, ao lado de Walt. Aliás, é legal notar que os dois estão se descobrindo. Ela como escritora e mulher, ele assumindo ser gay.
Gosto muito de Walt por diversos motivos. Ele representa outra mudança de pensamento e suas atitudes e medos são certeiros. Ainda hoje podemos ver meninos e meninas homossexuais enfrentando problemas para assumir suas verdades diante da família e da sociedade. Não sou ingênua a ponto de dizer que tudo mudou nesse sentido, mas creio que houve alguma evolução e, assim como no caso da liberdade para mulheres, a liberdade (de existir ou de se assumir) dos homossexuais vem evoluindo em pequenos passos, apesar de a realidade (que envolve muita violência e ignorância) não ser cor-de-rosa.
Só pelo que representam esses dois personagens não entendo como há quem diga que TCD é uma série boba. É preciso ver mais do que o figurino ou as musiquinhas e não encarar os diálogos como bobagem de adolescente. Tudo está ali e o espectador tem que fazer essa análise, embora os nascidos mais recentemente não dominem essa ambientação de 30 anos atrás. De qualquer forma, de um jeito leve, The Carrie Diaries mostra tudo isso, o que é louvável.
Uma coisa curiosa desse episódio está no momento em que Bennett rejeita as investidas de Walt por ele não ter 18 anos ainda. Fiquei surpresa, apesar de achar a atitude corretíssima. Se compararmos o tratamento dado a essa mesma situação em outras séries teen, o andamento seria muito diferente. A figura de Bennett, aliás, é bem marcante, apesar da pequena participação. Ele é o cara que desmistifica o “sair do armário”, tirando o dramalhão, sem esquecer que o processo não é fácil. A dobradinha dele e Walt completa esse ciclo muito bem.
Num patamar mais leve, por assim dizer, ficamos com as histórias de Dorrit (e sua primeira vez) e de Mouse, que foi o alívio cômico perfeito para a temporada. Mesmo em momentos hilários, ela também representa a mulher competitiva e que enfrenta a família para impor suas vontades. Basta pegar o caso desse episódio, em que ela esquece as tradições (adorei a descoberta de que ela era da “nobreza chinesa”) e esquece um pouco dos estudos, para apresentar West para sua família, mesmo sob o risco de alguma manifestação racista.
Maggie, por sua vez, continua absolutamente perdida e é, talvez, a única personagem que evoluiu pouco, ou melhor, que regride. Em muitos momentos da temporada ela ensaia uma virada, mas diante das dificuldades, cai nos mesmos erros de sempre, usando isso como “muleta”. Dessa vez, com Sebastian, ela acaba passando dos limites e não dá para dizer que ela “não pensou”. Parece que ela se sabota para poder justificar todas as frustrações.
Também foi bom ver como Tom foi saindo do luto e encarando a vida de viúvo e de solteiro, cheio de medos e dúvidas, mas sem deixar de arriscar e procurar a felicidade. Dorrit é a pessoa “madura” que mostra para a irmã que esse processo é importante para o pai, que afinal, tem filhas quase adultas e ficará sozinho em breve, o que mina o egoísmo de Carrie totalmente e a faz pensar que seguir em frente não é um pecado.
Depois de tudo isso, espero que The Carrie Diaries possa continuar. Parece justo que a história continue, já que essa é, de longe, a melhor estreia da CW. Sabemos que a audiência não responde proporcionalmente e que tudo se baseia em lucro, mas da nova safra de séries para público jovem, essa é de longe a mais interessante e bem feita. Se as coisas ficarem por isso mesmo, no entanto, não podemos reclamar. Essa Season Finale fecha um ciclo de ideias e evoluções que transformaram a temporada num experiência que não causa nenhum arrependimento.
Comentários
5 Comentários

5 comentários:

Alexandre Dias disse...

Eu não levo fé em renovação da série, principalmente pelo motivo da CW nem se importar em encomendar dois episódios extras pra 90210 não terminar em aberto, já que essa já tem idade no canal. Sim, TCD foi a melhor estreia teen dessa fall season, mas eu também não entendo mais o público da CW, que não quer assistir drama adulto (RIP Emilyzinha) nem drama teen (TCD), gente sobra o que hein?


Eu fiquei satisfeito com o final da série, claro que iria querer ver o que aconteceu depois, mas como você disse Camis, gostei do modo que esse ciclo de Carrie inocente se fechou. Ha e vou ver se começo minha maratona de SATC - sim, nunca assisti.

carla machado disse...

meu...tem que ser renovada.
Pela atriz, ela merece!

Junin Marques disse...

Gostei bastante do season finale, considero o melhor da temporada. Será uma pena o cancelamento! Resta agora torcer para uma segunda temporada!

Cacá SS disse...

Assisti ao piloto de TCD só pela curiosidade, mas achando que não ia gostar. Não é que se tornou uma das estreias que mais gostei? Dá tristeza saber que nem todos pensam assim e que uma série tão boa tem chances enormes de cancelamento. Achei que foi uma temporada bem cuidada, com tudo bem feito, inclusive com uma trilha maravilhosa. Gostaria muito de uma continuação, de saber o que mais acontece com a Carrie (antes de virar totalmente a Carrie de SATC), mas concordo com você, se acabar por aqui o ciclo foi fechado e o fim será digno.

Victor Hugo David disse...

Sobra séries de ação e sobrenatural, acho que esse vai ser a unica atração do canal futuramente!! :@ Mas não culpo o canal, seus unicos 3 sucessos atuais são baseados nisso!