De malas prontas para a 5ª temporada.
Com a mudança de canal e atores que já procuravam outros
projetos, ninguém botava fé na 4ª temporada de Cougar Town, nem mesmo os mais
otimistas. Parecia cancelamento certo e queda de qualidade certeira, mas a
série mais alcoólica da TV não para de nos surpreender. Não só foi a série mais
assistida da TBS (ok, a audiência ainda é pequena, mas para a TBS Cougar Town
veio como agregador) como teve uma sequência muito feliz de episódios. Dos 15,
todos foram bons. Absolutamente todos. O que coloca a série dentre as melhores
da safra de comédias 2012/2013, que foi absolutamente decepcionante. E não se
trata de nivelar por baixo. O interessante é que Cougar Town cumpriu seu papel
de divertir e fazer rir, o que a maioria das concorrentes não conseguiu
alcançar.
É claro que o estigma de que essa é uma série ruim continua.
Mas acredito que só aqueles que não acompanham a incrível jornada da gang do
cul d’ sac tenha esse tipo de opinião. Quem vê Cougar Town gosta e elogia a
temporada, colocando-a como uma das melhores da atualidade, sem nenhum exagero.
E quem assiste pelo menos meia dúzia de comédias pode atestar o fato de que
essa temporada de Cougar Town fica fácil no top 3 das que ainda estão em
exibição.
Fico feliz por não ter largado a série depois da 1ª
temporada, porque desde aquele momento, Coutar Town vem numa crescente de
qualidade. Isso se deve ao fato de que existe grande intimidade entre os
membros do elenco e de que os roteiristas assumiram seu lado tosco. Cougar Town
faz um humor cretino e abusa das características de cada personagem para
situações surreais e a evolução da série é evidente com essa Season Finale em
dose dupla.
Foi uma mistura meio agridoce. Tivemos o humor rasgado de
sempre, unido ao pequeno drama do pai de Jules. Pequeno, porque na série foi
tratado com delicadeza, no que é, talvez, o primeiro plot de Alzheimer que
acabou sendo engraçado ou que, pelo menos, não nos levou à depressão. A
descoberta de que Chick sofre dessa doença não vem envolta numa nuvem negra e a
situação é propícia para piadas com a 3ª idade. De fato, a galera mais velha
ama uma sopinha e é fã de Clint Eastwood. Aliás, palmas para Cougar Town que
emplacou PIADA DE CUNHO POLÍTICO nesse emaranhado, ao colocar Grayson imitando
o discurso de Eastwood, sobre Obama, lembrando da conversa do ator com uma
cadeira, recentemente.
A história sensibiliza, mas o assunto fica leve com o
objetivo da coisa toda: dar ao pai de Jules uma lembrança inesquecível. Achei
lindo, honestamente falando. Lindo mesmo. E o modo como toda a gang se envolve
em mil situações bizarras e tenta realizar o grande sonho de Chick.
Nem dá para tratar os episódios separadamente, porque eles
convergem. Tudo começa com a possibilidade de uma viagem para as Bahamas e
acaba com a busca por Tippi Hedren, em L.A.O processo para encontrar Tippi, no
entanto, merece aplausos. Calçada da fama, ônibus de turistas, visitas a
estúdios (onde Jules vira dublê de peitinhos) e até a conexão latina, que
existe mesmo e foi maravilhosamente articulada.
Ao final, quando todo mundo já dançava ao som de música
romântica, eis que Travis e Laurie encontram seu destino. Demorou e quase vimos
o homem prateado levar a melhor, mas deu certo. Finalmente esse casal saiu do
zero a zero. Ou vai sair. Porque em L.A, Travis tem de dividir quarto com Bobby
e até Tom, que conseguiu escapar da “pegadinha” das Bahamas.
Preciso, inclusive, louvar o trabalho desse homem de novo.
Ele é estranho e perfeito para completar a gang. O modo como é sempre humilhado
ou se “auto-humilha” é incrível. Tom é o saco de pancadas mais adorado pelo
grupo e não poderia faltar nessa Finale, com seus comentários e conversa fiada,
mesmo que ele seja um desastre nisso.
Achei engraçado, apenas, o modo como Bobby viaja numa boa e
confia em deixar Dog Travis com a namorada. Ou seria o contrário? Depois que
ficou provado que os cães também amam, senti que pode haver concorrência.
Aliás, Bobby merece muitos aplausos por zoar ‘The Wire’. Crítica ousada, se me
permitem dizer, mas que não atingirá o público da série, porque os fãs de ‘The
Wire’ caíram num sono profundo faz muito tempo e não estão acordados para ver
Cougar Town (ou qualquer outra coisa).
A obsessão de Grayson com o próprio corpo e com sua carreira
artística foi muito bem representada. O tempo todo ele tenta ser “descoberto” e
o vídeo final é prova maior de que ele é um ator digno de Oscar. Também gostei
de Andy tentando provar sua latinidade e Ellie sendo a vadia maldosa de sempre.
Só encerro essa review com tristeza por anunciar a morte de
Big Lou. O CRUEL ASSASSINATO dessa taça tão querida nos marcará eternamente e
nem mesmo a chegada de Big Tippi pode diminuir a dor da perda. Vá em paz, Big
Lou. E para quem fica, nos vemos por ai, na próxima temporada de Cougar Town!