Corria à boca pequena que essa semana Community tinha sido
genial, digna dos tempos de outrora, quando rasgar elogios a ela era a tarefa mais comum e deliciosa do
mundo. Era pagar para ver e, logo de cara, entendi porque esse episódio tem a
aparência (sim, aparência!) de ser muito bom, porque quando a gente se dá conta
que a proposta é a de fazer com que Troy e Abed troquem de corpos a expectativa é das melhores.
Mas existe uma palavra chave aqui: aparência. E as
aparências enganam, como frisa bem o ditado popular. Vale ressaltar que a ideia
da troca de corpos é boa, é ótima, é excelente até, mas morreu na pobreza de
interpretação.
Esse é o tipo de roteiro em que o que importa nem é tanto o
que é dito, mas a competência dos atores na troca. A graça mora em ver Troy ser
Abed e Abed ser Troy, ou até em Dean Pelton ser Jeff, como aconteceu. Dean Pelton, que abraça a ideia sem medo de
passar vergonha, é o personagem que mais se destaca na função. Apostou na canastrice total, inclusive porque
assumiu logo de cara de só queria saber como seria “ter Jeff dentro dele” e
abusou de olhares sensuais, grosserias gratuitas e peitos desnudos, ao
incorporar a sua versão de quem é Jeff. Foi bom e divertiu em alguns momentos,
inclusive quando Annie começou a se abanar e se deixar seduzir por sua (agora)
máscula figura.
Os problemas surgem quando o assunto é Troy e Abed. Donald
Glover consegue ser uma imitação fraca de Abed, mas, convenhamos, pegar os
trejeitos de um personagem que já é naturalmente caricato não é uma tarefa tão
árdua. Ele dá conta, mas não chega a surpreender em momento algum por sua
mimetizando do outro.
Já Dani Pudi
desaponta mesmo e não é capaz de colocar em tela um único momento em que
digamos “ah, esse é o Troy”. Absolutamente nenhum. E talvez, a surpresa more
aí, porque sempre achei Dani Pudi um dos melhores atores de Community e esperava
muito que ele fosse capaz de ser imitar Troy com eficácia.
O pano de fundo ainda é a ladainha “romântica” entre Troy e
Britta e nem mesmo a cena em que o garçom detona ‘Duro de Matar’ é digna de
nota. Jeff, ao notar que a troca de corpos é só uma jogada de Troy para escapar da necessidade de dizer
para Britta que a relação deles não funciona, dá mais um de seus inspirados
discursos e encerra a história,
finalmente se permitindo fazer parte de toda a loucura.
Nesse meio tempo, Pierce funciona no modo avulso cuidando de
uma série de cartazes para um trabalho escolar, o que não tem qualquer impacto
e é, na verdade, como se ele sequer estivesse no episódio, de qualquer forma. Já
que o personagem nem deve mais aparecer na série daqui em diante, poderia ter
sido facilmente retirado da edição final.
Depois de tudo isso, acho que é preciso fazer aquele
exercício semanal que Community tem exigido: Alguém riu de alguma situação
apresentada? Ou alguém vai conseguir
dizer que achou boas as interpretações nesse episódio? Até os atores devem ter
consciência de que deixaram a desejar.