sexta-feira, 8 de março de 2013

Switched at Birth 2x09: Uprising


Entrando para a história da TV.
O público de Switched at Birth acaba de participar de um marco na história da TV. Você, eu e todo mundo que assistiu ao episódio dessa semana. Como? Fomos nós as pessoas com o privilégio de ver algo inédito, porque SaB apresentou o primeiro episódio de série totalmente em língua de sinais. É uma iniciativa admirável e ousada e que pode ser chocante, num primeiro momento. Mesmo para quem já acompanha a série e se acostumou com “diálogos mudos” é muito diferente quando colocamos esse recurso em 40 minutos quase que inteiros.
Tirando a cena inicial e a final, todo o episódio é delineado pela ASL (American Sign Language), com entradas pontuais da trilha sonora. De início, achei que deveriam ter retirado também as músicas, que afinal, ajudam a dar o clima de cada cena e situação, mas achei o contraponto interessante. Como Switched at Birth não é uma série que usa trilha muito intensa, foi possível admirar as diferenças entre os momentos em que havia total silêncio e contávamos apenas com as legendas.
Aproveitando o arco do fechamento de Carlton, a série apresenta sua proposta de colocar o público no lugar de quem tem deficiência auditiva. Talvez eu seja muito boba, mas já estava com lágrimas nos olhos quando Daphne desliga seu aparelho e tudo começa calmo e quieto. Não sei bem porque isso aconteceu. Talvez por saber que hoje em dia é muito difícil ver algo tão diferente e que seja, de fato, uma inovação no mundo televisivo. Foi quase como se ver esse episódio fosse um privilégio. E não deixa de ser, porque SaB não é uma produção de público amplo e, apesar de o episódio estar ai para todo mundo conferir, duvido que fãs de séries em geral, que nunca acompanharam essa trama, tomem a iniciativa de assistir “Uprising” só pelo que ele representa.
Muito além da vontade de gerar consciência a respeito das diferenças e dos direitos daqueles que, por qualquer motivo, não tem a capacidade de ouvir, esse também é um bom episódio pelo conteúdo e pela ação. Switched at Birth estava precisando de uma injeção de ânimo e, embora não seja possível fazer um episódio-evento toda semana, acho que é possível manter as coisas mais interessantes daqui em diante. E vai haver tempo para aparar quaisquer arestas, já que a partir da próxima semana, a série entra em hiatus e só deve retornar durante a Summer Season.
É importante lembrar que o roteiro soube aproveitar bem a situação em Carlton, traçando um comparativo histórico com o que aconteceu de verdade na Universidade Galladeut (inclusive, a instituição aproveitou o episódio para comprar os espaços publicitários dos intervalos). Foi interessante ver o debate educacional (e territorial), os preconceitos todos colocados em destaque e as diversas reações, de pais, professores, alunos, surdos ou ouvintes. A questão dos pontos de vista foi muito bem colocada e expôs variadas nuances do problema, por meio de diálogos diretos e simples entre os personagens. Até mesmo a falta de uma opinião estava expressando algo importante, basta pegar o exemplo de Daphne, que preferia se manter distante da discussão entre Travis e Bay. Ele querendo que a escola fosse apenas para alunos surdos e Bay pregando que a inclusão de ouvintes era algo a ser considerado.
Marlee Matlin, que interpreta Melody, tem um papel fundamental nisso tudo, servindo como uma espécie de exemplo para os alunos. Ela mesma é, provavelmente, a atriz com deficiência auditiva mais conhecida e, embora não tenha o papel mais importante na série, nesse episódio foi utilizada como uma espécie de ícone.
Foi legal ver que não esqueceram as amenidades, as pequenas conquistas e as discussões sobre o protesto em si, que é claro, tinha grandes tendências de virar uma festa. Também não esqueceram do alcoolismo de Regina (naquela mensagem providencial de Daphne) e dos momentos românticos. Pois é. Noah passou a cantada mais furada do mundo em Daphne, que não se fez de rogada e aproveitou para “treinar a cena do beijo” com seu Romeu. E nessa, Bay é traída novamente, sob os olhos atentos de Emmett que está numa posição bizarra. Como chamar a atenção da melhor amiga se ele mesmo já cometeu o mesmo erro? Vamos ver onde isso vai parar, mas espero que seja no retorno mais que esperado de E-Bay.

Depois de tudo isso, resta apenas bater uma salva de palmas (ou aplaudir em sinais!) para o que SaB fez essa semana. Um episódio bonito, marcante e integrado à temporada, mas acima de tudo, um episódio que promove uma experiência interativa como poucas vezes os telespectadores puderam vivenciar.
Comentários
5 Comentários

5 comentários:

Thais Pereira disse...

Adorei o episódio e a review!!

Marina Maria disse...

Nossa, tb já comecei o episódio com lágrimas nos olhos. Achei tudo muito bem feito.

André Gonçalves disse...

Foi realmente um dos episódios mais marcantes de SaB até hoje... Fiquei realmente emocionado e conectado como que estava acontecendo em Carlton, e o fato de eu mesmo ter alunos surdos em minha sala de aula só torna o drama da série mais real e empolgante.

Dessa disse...

Achei o episódio fora de série!! Foi muito interessante comprovar definitivamente que não foi preciso nenhuma linguagem falada para emocionar e fazer com que todos estivessem conectados com o episódio. Foi fenomenal e eu espero que SaB faça mais episódios all ASL.

Nayara Pimenta Ferreira disse...

Foi muito bom! Realmente fiquei emocionada em alguns momentos..Foi uma iniciativa ótima essa de fazer um episódio assim. Adorei a review, concordo com td que foi escrito.