O medo dela não é à toa.
Levando em conta o histórico de desastres que assolam a vida
de Meredith Grey (e aqueles que a cercam) desde que Grey’s Anatomy está no ar,
não é com surpresa que enxergo as preocupações da personagem a respeito de seu
bebê não nascido. No entanto, como a
onda de problemas veio forte demais na temporada passada e até no comecinho
dessa, imagino que, dessa vez, o final será mais feliz. E essa é uma boa notícia porque, no momento,
a série está excelente, gostosa de assistir, com aquele jeitinho bacana de
juntar drama e comédia.
Esse foi mais um episódio assim e, na minha sincera opinião,
é nessa rotina que a série mostra o quanto ainda é boa. Prefiro até. Porque é
fácil de ver a importância dos personagens e o quanto eles são capazes de
segurar muito bem as tramas que parecem mais simples, mas que, na verdade, são
as mais complicadas de levar. Qualquer um consegue chamar a atenção do público
com acontecimentos bombásticos, mas manter a qualidade quando tudo o que se tem
nas mãos é o corriqueiro é muito mais complicado.
É por isso que as cenas em que Meredith brinca (apesar do
fundo de verdade) sobre as chances de alguma coisa ruim acontecer ao bebê são
tão legais. Mostram esse lado obscuro da personagem, mas também seu bom humor,
apesar de tudo o que já se passou. E essa reação pode ser sentida também na
relação de Callie e Arizona, que adotam a filosofia Timberlake - “bring the
sexy back” - e recomeçam sua vida sexual depois de tanto tempo. E Cristina não
fica de fora, afinal, ela é um membro do conselho e vai usar em seu favor, se
divertindo muito com toda a situação.
Adorei as três histórias paralelas, entrecortadas por uma
Bailey determinada a conseguir verba para seu estudo do genoma. E tudo isso
enquanto o fenomenal LODOX esperava por seu primeiro paciente. Os médicos
pareciam crianças com um brinquedo novo e as sequências de Owen e Avery doidos
para usar o scanner foram ótimas.
Aproveitando esse clima brincalhão, vimos Karev se unir a um
pequeno paciente numa trollagem maravilhosa com o babaca que está namorando Jo.
Fiquei boquiaberta ao ver Richard entrando na onda e ri como nunca ao ouvir a
piada da “Talia, Jenny Talia”. Bobo e cretino, mas funcionou perfeitamente. Vale
registrar que está mais do que na hora de Karev falar diretamente com Jo,
porque até o pequeno paciente com câncer consegue seduzir mais.
E sedução é um assunto que está atormentando April até o
limite da razão. Revirginada (oi?) ela quer voltar ao parque de diversões, mas
luta internamente para não corromper o namorado numa volta mais intensa no
carrossel. Metáforas sutis demais, é claro, que vão permeando a história até
que uma frase de Owen a faz ver que esperar vale a pena. Mas será que ela irá
aguentar de verdade? Veremos.
Em contrapartida, ganhamos dois casos médicos mais intensos
e que emocionam. Shane e Derek lidando
com aquele pai em desespero foi uma demonstração do quanto é difícil ser o
portador de más notícias. Ao mesmo tempo em que Shane questiona Derek e busca
seu apoio, vemos que há situações que pedem atitudes mais enérgicas. Mas o que
deve ter emocionado a maioria das pessoas foi o caso da professora. Se eu
chorei muito na semana passada com a doação de órgãos, já podem imaginar que o
câncer incurável na mulher que dedicou a vida ao trabalho com crianças (tanto
que nem sabia que havia tantos programas de culinária na TV) fez de mim um alvo
fácil. Não é tanto pela doença em si, mas pela relação da professora com as
crianças e, principalmente, pela presença sutil de Meredith.
PS* Inauguração mais pomposa não poderia haver para o Grey Sloan Memorial Hospital. Copos personalizados estão inclusos.