Um brinde a quem está completamente ferrado.
Dando continuidade à Season Premiere de exibição dupla (que acabou
tendo a primeira parte sendo liberada na internet, o que se transformou um tiro
no pé), Smash apresenta “The Fallout”, episódio que não vai além do mediano e
continua mostrando que há mais para corrigir do que se pode imaginar. Não foram
apenas os personagens enxotados os responsáveis pela decadência prematura da
série, mas o direcionamento geral. Embora seja possível perceber a luta para
transformar os rumos da trama, Smash ainda não é capaz de inserir certos
recursos de forma orgânica e assim, ganhamos mais sequências absolutamente
forçadas e que parecem não pertencer ao universo que a série construiu.
É em momentos assim que percebemos que além de um problema
de texto, a produção carece também de direção de arte e bom senso. É
simplesmente patético que um musical não consiga inserir números musicais com
naturalidade. Sim, estou falando da cena péssima que deu origem a “Would I Lie
to You”. Desconfortável de assistir, arrancou de mim um “WTF”, simplesmente
porque a música e a intenção não foram bem incorporadas. Números que começam “do
nada” são absolutamente normais, mas por algum motivo, não caem bem nas
tentativas de Smash em usar a ferramenta. Não consigo lembrar de uma cena
dessas (exceto nos três episódios iniciais) que tenha sido bem sucedida.
Mas é claro que esse é apenas um detalhe dentro de um
episódio inteiro, e a segunda parte da reestreia da série ainda deixa a desejar
em outros quesitos. Apesar de eu gostar da ideia da decadência geral em torno
de Bombshell, há coisas que simplesmente não fazem sentido. Por exemplo: o
drama monstruoso sobre o quão ruins são as músicas de Julia. Sério? As músicas?
Se tem uma coisa irretocável nessa série são as canções e melodias originais,
que na ficção são com música de Tom e letras de Julia. Não consigo aceitar um
plot desses porque ele é absolutamente furado e sem sentido. Ainda mais com o
papinho furado de que o marido babaca está destruindo a imagem de Julia. Quem
se importa? Quem, realmente, se importa se ela dormiu com outro homem e está se
divorciando? Não estamos em 1950. Não tem porque fazer disso um cavalo de
batalha.
Enquanto Eilleen percebe que vai ter de usar a grana do
ex-marido, também encaramos a sucessão de acusações de assédio sexual contra
Derek. Pelo menos essas duas histórias continuam dentro de uma linha racional e
podemos encará-las numa boa. O que não cai nada bem é Karen bancando a grande
estrela da Broadway, sendo considerada influente. Sério? Ela nem chegou lá
ainda. Teve uns elogios em críticas teatrais e é só. Não se consagrou ainda e
já banca a mecenas? Gostei bastante de Jimmy na primeira parte da Premiere, mas
minha opinião foi mudando. Olho para Jimmy e Karen e penso que ele os dois não
funcionarão como casal. É deprimente de constatar. Já Ivy Lynn mostra que tem
tudo a ver com Derek, embora ele tenha escolhido outra musa.
Também não entendo a necessidade de ligar pra as atrizes no
meio da noite e pedir: “filhinha, vem cá dar uma canja”. Se Karen não atende ao
telefone na primeira tentativa, todos correm para Ivy, já expulsa da produção.
Não tem lógica, ainda mais se pensarmos que ela aparece no evento voando, toda
arrumada e já sai cantando. A música é boa, sim, ninguém há de negar, mas a situação
é absolutamente forçada, o que faz pensar se Smash ainda tem solução.
Apesar de eu ter visto os episódios separadamente, não
entendo a decisão executiva de exibi-los juntos. Essa não foi uma Premiere
dupla, onde tudo se encaixa, inclusive porque muita coisa apresentada na
primeira parte sequer é citada nesse episódio. Smash, nesse momento, não cria
boas expectativas em termos de desenvolvimento da história e dos personagens e
o que prende mesmo são os números musicais, que sopram esperança no coração do
público. SE isso será suficiente? Nas renovações e cancelamentos iremos todos
descobrir, mas o palpite inicial não pende para o lado positivo.
Músicas no episódio:
"Cut, Print... Moving On" – Original: Karen
Cartwright
"Mama Makes Three" - Original: Veronica Moore
"Let
Me Be Your Star" – Original: Karen Cartwright, Jessica, Beth and Joy
"On
Broadway” - The Drifters: Karen Cartwright and Veronica Moore
"Don't
Dream It's Over" - Crowded House: Ivy Lynn
"Broadway,
Here I Come!" - Original: Jimmy Collins
"Would
I Lie to You" – Eurythmics: Karen Cartwright and Ivy Lynn
"They
Just Keep Moving The Line" – Original: Ivy Lynn
"Caught
in the Storm" – Original: Karen Cartwright