O fantasma dos episódios sem graça.
Modern Family vem
fazendo uma ótima temporada e temos comprovado esse fato semanalmente. No
entanto, nem mesmo uma das melhores comédias da atualidade está livre de
apresentar um episódio fraco. E quero frisar a palavra. FRACO. Porque é isso o
que define esse episódio. Não acho que a palavra ‘ruim’ caiba aqui. Não foi
essa minha impressão. O texto deixou muito a desejar, sem dúvidas, mas nem de
longe me senti ofendida como em outras ocasiões pontuais, da 3ª temporada.
O episódio passou sem muito significado é completamente
esquecível. Um desperdício é claro, embora algumas sequências tenham sido
interessantes. Minha parte preferida ficou com Haley, Dylan, Lucy (na verdade,
Lily, mas gostei da piadinha) e o pequeno Fulgencio. Foi engraçado vê-los
brincando de casinha, especialmente com os talentos especiais de Dylan para
acalmar bebês. Os dois foram evoluindo para um perfeito casal de velhos, com
brigas e implicâncias que só quem está casado há anos enfrenta. A pequena Lily
foi certeira em seus comentários e a menininha tem se desenvolvido bastante.
Claire também merece crédito por bancar a doida e tentar provar, de modos bem
pouco convencionais, que a filha não está pronta para ser mãe e que esse não é
um talento para se desenvolver aos 18 anos.
À parte disso, todo o resto ficou entre o mediano e o sem
graça. Na categoria mediana temos a dupla formada por Alex e Gloria na vidente,
que rendeu muito pouco, mas conseguiu arrancar um esboço de sorriso em alguns
momentos, pelo ceticismo de uma e a crença cega da outra. Tudo o que aconteceu
no campo de golfe me pareceu absolutamente dispensável. Nada ali funcionou, nem
mesmo as cenas de Phil, que conseguiu chamar a atenção apenas no fechamento do
episódio, naquela cama elástica, ao lado pai.
O que vale perceber é que esse roteiro foi escrito para (e
essa é uma suposição) tentar destacar os talentos vocais d menino Luke. Nada
contra. Até que ele estava bem na cantoria, mas fiquei com a impressão de os
roteiristas tiveram a ideia assim: “E se a gente montasse um texto em que o
Luke pudesse cantar e mostrar o talento dele? A gente também poderia destacar o
talento dos outros personagens e isso seria SUPER legal!”. Pois é.
A parte do musical escolar não teve o impacto que deveria,
infelizmente, e Luke, que deveria ser destaque, ficou apagado. As tentativas de
sabotagem de Manny e as maluquices de Cameron salvaram um pouco, mas nada além
disso. Nenhuma risada ecoou durante o episódio.
Até acho que essa ideia dos talentos tem potencial, mas não
foi bem aplicada. É um desses casos em que a teoria funciona melhor que a
prática. Em “A Slight At The Opera”, o tiro saiu pela culatra e sinto que, de
verdade, a ironia mora no fato de que ninguém do elenco pôde mostrar seu
talento, num episódio que prometia destacar o que cada um deles tem de melhor.