Não funciona sob pressão.
Seguindo a linha de Sex and The City, The Carrie Diaries tem
apostado em temas para contar sua história e desenvolver os personagens. A
ideia tem funcionado muito bem e a série segue mais interessante a cada
episódio. Não restam dúvidas de conseguiram adaptar a fórmula para o universo
adolescente, que tem sido explorado à perfeição, sendo bastante fiel à época retratada.
O assunto da semana são os rótulos. Cada um lutando pelo que
deseja ter ou por algum do qual deseja se livrar. Virgem, nerd, namorada,
estranha, moderna... Carrie faz uma leitura muito legal sobre o que está acontecendo
a sua volta e compartilha cada descoberta por meio da narração, com suas
observações pessoais sobre cada momento. A protagonista, vale repetir, tem cumprido
bem essa função e nos mostrado com talento como Carrie se transformou na
jornalista sofisticada que conhecemos.
Aliás, Larissa faz uma menção a isso durante aquela
performance artística, ao dizer que imaginava Carrie fazendo de seu nome uma
marca, estampando os ônibus de NY, como aconteceu, de fato, na série original.
É claro que a ideia de Larissa para o sucesso de Carrie era bem bizarra. Por
algum motivo, não sou o tipo de pessoa que compreende arte performática, então,
sou capaz de imaginar o desespero de Carrie e Mouse ao dar um centavo para ver
a vagina de uma ex-atriz pornô que está dando poder à dita cuja. Foi uma
sequência engraçada, mas revela bem esse universo cultural alternativo da NY da
década de 1980. Um penny para ver a vagina da Penny. Belo trocadilho.
A divisão entre NY e a vidinha pacata está muito balanceada.
É ótimo ver esse lado mais “selvagem” contraposto com a rotina escolar e
familiar. Em NY, acontecem as grandes aventuras. É lá que Carrie ensaia sua
vida adulta e independente e onde Mouse pode encontrar o “namorado” e
oficializar as coisas, depois de um período cheio de frieza e distanciamento.
Apesar da temática sexual, é tudo tratado com aquele ar de descoberta e de
inocência, sendo esse elemento algo muito positivo para a série e um
diferencial diante de tantas tramas adolescentes com jovens que agem como
adultos.
É por isso que valorizo muito o núcleo familiar dos
Bradshaw, que também vive a fase de descobertas, depois do falecimento da mãe e
esposa. Muito bacana a atenção dada para Dorrit e seu hamster, Morrisey.
Percebe-se o cuidado em mostrá-la como uma menina solitária e que está tentando
se descobrir no meio de tudo isso. Ótimas as cenas de Tom cumprindo a difícil tarefa
de comprar absorventes e de encarar o flerte pela primeira vez em anos. Parece
que ser viúvo é um rótulo muito valorizado, porque indica que o homem está em
período emocional frágil e não tem uma ex que o odeia, o que pode indicar um
monte de defeitos.
Foi bom ver a rebeldia controlada de Carrie e ela tentando
impor personalidade e vontade próprias.
Apesar do baque de saber sobre Sebastian e suas experiências anteriores,
ela até que age com maturidade, ao contrário dele. Aquele surto de Sebastian
foi até compreensível pelo choque do momento, mas teve uma dose de exagero na
reação. Carrie também vacilou ao revelar
o que sabia e como havia descoberto tudo, o que pode causar muitos problemas
para o pai, o que é mais grave do que terminar um namorico.
E se o assunto são drama queens, temos que falar de Mags,que
assassina o pobre urso e faz chifrinhos nas fotos de Walt. Confesso que ela é a personagem de que menos
gosto, mas dou desconto porque a série ainda está engatinhando e há muitas
chances de encaminharem bem todas as tramas apresentadas até agora.