Quando a primeira parte da
história do sequestro de Gail foi liberada, tive certeza de que a divisão em
dois episódios acabaria em alguma surpresa, fosse ela agradável ou não. Não
dava para saber onde a trama nos levaria – e o roteiro merece o mérito por isso
– porque até o fim (ou quase isso) ainda era possível duvidar e conjecturar
sobre os acontecimentos.
Passamos um tempão comentando
sobre a ausência de Luke na temporada e esperando o retorno dele à série. Quem
diria que isso seria uma parte comum e praticamente sem impacto perto dos
outros arcos em desenvolvimento?
Acredito que Rookie Blue arriscou
bastante nessa última semana, até porque quem acompanha a série sabe que, por
mais que o ambiente profissional dos personagens seja tenso, o que vemos,
rotineiramente, é um texto mais leve, com drama sim, mas entremeado por
momentos de humor, que nunca levaram Rookie Blue a um desfecho realmente
depressivo. A hora chegou.
A morte de Jerry me deixou
chocada, triste. Não é que ele seja um dos meus personagens favoritos, mas o
crescimento dele (e de Traci) na temporada foi estrategicamente preparado para
nos pegar de assalto. Funcionou, pelo menos com a maioria, porque com toda
aquela conversa sobre casamento e o destaque profissional no mais novo casal de
detetives da delegacia começamos a criar certos laços com ambos. Parece uma
grande sacanagem que façam isso e tirem um deles de nós.
É uma jogada arriscada, sem
dúvida, porque Traci nunca conseguiu brilhar na série sozinha. Ao lado de Jerry
a coisa parecia fluir melhor, muito embora seja a chance de investirem num bom
drama e no aprofundamento da personagem, opção pela qual eu torço.
A sequência toda da investigação
foi muito bem feita e prendeu a atenção. Desconfiei do barman – porque o
culpado sempre aparece em algum diálogo – mas aprovei o twist sobre o taxista,
que sequer havia dado as caras no episódio anterior. Foi bom justamente por
fugir da previsibilidade que muitas vezes atinge os casos policiais da série. É
sempre fácil de adivinhar.
O lance do celular, piada
recorrente na temporada, também caiu como uma luva e Jerry, finalmente
encontrou um modo de fazer as pazes com a tecnologia. Infelizmente, ele foi
pego na expressão “rookie mistake”, o erro do iniciante, afinal, já ouvimos
milahres de vezes em Rookie Blue que ninguém deve ir desacompanhado à casa de
um suspeito. Quase não dá para acreditar que Jerry, sempre um dos mais
inteligentes, caiu nessa.
Paralelamente, toda a história do
parto de Noelle, o resgate de Gail (com seus dois maridos, praticamente
brigando por ela) e a felicidade de Traci nos carregaram para uma das cenas
emocionantes da série. Acho que foi a primeira vez em que chorei. Os diálogos
reduzidos e o foco apenas na expressão facial e corporal dos atores deu conta
do recado.
Sobre o retorno de Luke, me
pareceu quase apagado em meio a isso tudo. Dá para notar o tom de amargura no
personagem e a tensão óbvia entre ele, Sam e Andy. Resta esperar que ele
permaneça na série, porque perder um dos detetives já foi o suficiente.