Um personagem para nos apegarmos.
Eis que em meio a um punhado de gente sem sal, Shane começa a despontar como aquele personagem dúbio, cheio de conflitos e portanto, interessante dentro da trama de The Walking Dead.
Ele representa muito bem a pessoa que age de acordo com suas necessidades e é justamente esse tipo de comportamento que imagino brotando nos sobreviventes de um apocalipse zumbi. Lógico que no começo de tudo ainda há aquele sentimento de grupo ou de “amor ao próximo”, mas depois de tantas fugas e tantos momentos de vida ou morte, acho que o instinto que prevalece.
Muito boa toda a sequência dele e de Otis na escola. Não só por Shane, mas pelos dois personagens, no conjunto. Gostei bem mais desse episódio, como é possível notar e espero que os roteiristas notem que para ganhar o público com algo mais que zumbis, é preciso colocar em pauta esse tipo de situação que desafia a ética humana e enriquece o psicológico dos personagens.
Acho que na situação de Shane, eu não tomaria uma decisão diferente. Na verdade, lá pelo meio do episódio eu já dizia para mim mesma que a única maneira de escapar dali era se um virasse jantar de zumbi. Dito e feito. Muito bem feito, aliás. A cena trouxe muita tensão e acho que depois dessa vão parar de dizer que Jon Bernthal é canastrão. Para mim ele foi excelente.
Outro personagem que cria interesse é Daryl. O cara tem diálogos muito bons e já deixou de ser o irmão sujo e maluco do Merle. Na verdade, ele deveria ter mais espaço, porque acrescenta bastante à série. Achei que ele fez uma boa dupla com Andrea na floresta e foi até surpreendente aprender um pouco mais sobre a infância dele e sua formação de caráter, por assim dizer.
O choro de Carol pela filha perdida é algo que me irrita numa profundidade impressionante. Não entendo como ela não toma uma atitude de verdade e vai atrás da menina, em vez de esperar que outros resolvam a situação para ela. Já o carinho de Dale por Andrea me comove e fico torcendo para que ele seja perdoado pelo crime de ter se apegado a uma pessoa do grupo que obviamente ‘finge’ ter pensamentos suicidas, mas que sempre luta para sair viva das emboscadas.
Já deu para notar também que Glenn está de olho em Maggie. Acho ótima a interação entre o pessoal de sempre e esse novo núcleo. Fiquei animada quando imaginei que Carl seria operado por Herchel a sangue frio, mas meu barato foi logo cortado pela chegada de Shane.
Infelizmente, não posso dizer que Rick e Lori cumpram seu papel de protagonistas. Não consigo me conectar a nenhum deles e nem sei se isso acontecerá um dia, mas tudo bem. Se The Walking Dead conseguir trabalhar melhor os personagens que já me interessam, fico feliz com pouca coisa.
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