segunda-feira, 2 de maio de 2011

Mildred Pierce: Complete Season


Um clássico da literatura e do cinema que chega à televisão.

Se você, assim como eu, é fã de boas adaptações de livros para a TV, a HBO acaba de preparar uma boa. Mildred Pierce, minissérie em cinco episódios, é um drama que começou fazendo sucesso no livro de James M. Cain, lançado em 1941. Quatro anos após, Joan Crawford estrelou o papel principal no filme, que venceu o Oscar e agora, a história de Mildred Pierce, uma mulher divorciada e com duas filhas para criar que se arrisca no ramo dos restaurantes, é vivida por ninguém menos que Kate Winslet, atriz que também já levou uma estatueta para casa.

Só pelo selo de qualidade HBO já se pode ter uma ideia do nível da produção, que une elenco de peso e equipe técnica afiada, porém, vale avisar com antecedência, o ritmo da narrativa é lento e o final pode deixar a desejar.

No entanto, para os amantes de um bom drama, a minissérie é perfeita e Kate Winslet consegue transparecer incríveis nuances em sua interpretação de Mildred. Em alguns momentos ela soa derrotista, em outros, emerge como uma mulher forte e batalhadora, tomando atitudes à frente de seu tempo e há, ainda, a Mildred Pierce mãe, idiota, fraca diante das atitudes quase sempre cruéis de Veda (Morgan Turner/Evan Rachel Wood), a filha mais velha.

Mildred é uma mulher complexa e difícil de entender. Raramente se sabe o que esperar dela e logo você se vê torcendo para que ela tenha sucesso ou de uma surra com cabo de embreagem de fusca na filha. Veda é um caso à parte. Menina mimada, arrogante e insuportável. Traiçoeira. Ama humilhar a mãe, tem vergonha de tudo relacionado ao trabalho dela e está sempre um degrau acima quando o assunto é intriga. Tanto Morgan Turner (que interpreta a Veda criança) quanto Evan Rachel Wood conseguem deixar o telespectador repleto de ódio e repulsa diante das atitudes da personagem. O tom de deboche e ironia fluiu muito bem entre as fases da vida de Veda e tudo que ela apronta soa inacreditável, embora não completamente imprevisível.

Na minissérie podemos conferir a trajetória de Mildred desde sua separação do marido, quando passa fome e passa momentos difíceis para sustentar sozinhas às duas filhas pequenas. Engraçado notar o enfoque em pequenos preconceitos da época, como a “vergonha” de se ter um trabalho que obrigue o uso de uniforme. Mildred, que está completamente sem saída, começa num emprego como garçonete. A humilhação que isso representa fica bastante evidenciada.

Por isso mesmo, ela se motiva a ir além, aproveitando o talento culinário natural para abrir o próprio restaurante, expandir e se tornar uma mulher independente num tempo em que mulheres eram criadas para o casamento e para serem sustentadas por seus maridos. Talvez por esse motivo, Mildred muitas vezes escorrega e não sabe lidar com o dinheiro ou se relacionar com as pessoas envolvidas com ela profissionalmente.

No elenco, temos Guy Pearce como Monty Beragon, um Bon vivant que se envolve com Mildred, sempre numa linha tênue entre o interesse real e o monetário; Melissa Leo como Lucy, amiga e conselheira de Mildred e Brian F. O’Byrne como Bert, primeiro marido de Mildred. Nomes como Hope Davies, Ida Corwin e James LeGros também fazem parte da produção.
Comentários
3 Comentários

3 comentários:

PCBOND disse...

Assisti a esta nova versão da minissérie e confesso que fiquei desapontado. Esperava mais.

Camila Oliveira disse...

A minissérie é boa, sim, mas poderia ter sido bem melhor, na minha opinião, se fosse menos longa. Cinco episódios tão compridos acabaram deixando a trama arrastada e eu quase não tive paciência para tanto sofrimento e só torcia para todo aquele drama terminar logo.

As atrizes que interpretaram a Veda, para mim estiveram muito bem. Interessante como ambas souberam trabalhar maravilhosamente a personagem que nem pareceu que se tratava de duas atrizes distintas. Eu quase acreditei que a Morgan Turner tinha tomado fermento...

No mais, Kate Winslet maravilhosa. Melissa Leo maravilhosa, elenco todo lindo... s2 s2.

Vinícius Barros disse...

Só pude assistir agora, com muitos meses de atraso e depois que Kate Winslet já ganhou Emmy, Golden Globe e tudo o mais.

Pra mim, foi tudo muito bom, concordo totalmente com suas opiniões.

É devagar? É. Mas é tão bem produzido e as atuações são tão boas que pra mim nem demorou tanto assim pra passar. Kate Winslet estava muito bem e e eu estou com ódio mortal até agora daquela beyatch da filha dela (as duas atrizes são ótimas, mas a mais velha deu show!).

Além do mais, achei a ambientação muito bem-feita: o figurino, os carros, as construções, o linguajar, os figurantes...

Já babei ovo demais, deixa eu ir lá na locadora atrás do filme de 1945...