Um rei que precisa dizer “Eu sou o
rei.” não é rei de verdade.
A briga pelo trono de ferro
continua, mas se tem uma coisa que esse episódio final de Game Of Thrones nos
mostra é que as rixas entre as famílias nobres serão pequenas diante do
problema maior que se aproxima, vindo das regiões geladas.
É claro que, a julgar pelo
ritmo dos acontecimentos, a invasão dos White Walkers deve demorar muito (isso,
é claro, considerando que ela vai mesmo se concretizar), mas quem acompanha a
série até aqui já está até acostumado com o modo como as histórias se
desenvolvem e já está com a paciência preparada para esperar.
Apesar da minha crítica
constante a respeito desse problema de ritmo que parece incomodar cada vez mais
gente, acredito que a terceira temporada tenha sido incrivelmente superior à
segunda. Personagens marcaram presença mais forte e a construção dos diálogos
fez toda a diferença. Mesmo nos episódios mais calmos, a intensidade do texto
conseguiu impor o clima de tensão e expectativa de que a série precisa para
sobreviver.
Os maiores detentores de
grandes diálogos ainda são os Lannister. Tywin, em especial, é dono de 30% dos
bons momentos dessa temporada. Os outros 70% eu dividiria entre Tyrion, Jamie,
Cersei e a forasteira Olena Tyrell. Esses quatro personagens fizeram a
diferença (Cersei numa escala muito menor que os demais, sejamos justos) e
comandaram quase tudo o que aconteceu ao longo da Season 3, em termos de emoção
e de estratégia.
Lord Varys também merece ser lembrado
como articulador e por revelar sua história. Mesmo aparecendo aqui e ali, tenho
a impressão de que ele é mais importante e interessante do que muito personagem
que outros fãs consideram como principais (podem ler aqui todo clã Stark, que
serve pra quase nada desde a Season 1).
Como não poderia deixar de ser, é
muito boa a cena em que Tywin impõe sua vontade sobre o cruel Joffrey. Continuo
pensando que essa relação irá se inverter, mas talvez seja apenas meu desejo de
ver Tywin numa situação diferente. A grande questão, no entanto, é se a taxa de
sobrevivência de Joffrey ainda está alta, porque todos sabem que matar
personagens não é realmente um problema para o autor da saga ou para os
roteiristas. Sei que Joffrey vai morrer e é apenas questão de tempo, mas essa é
a impressão de quem continua sem ler os livros (e pretende continuar assim,
para manter a surpresa com a série), talvez boa parte dos que já conhecem a
história fiquem rindo das expectativas de quem sabe muito menos.
Como já é costume, essa Season Finale
vem bem mais calma que seu episódio anterior, mas algumas histórias se reposicionam,
como por exemplo, o retorno de Jamie a King`s Landing, o resgate de Jon (pós
ira de Ygritte) na muralha, a partida de Bran e seus amigos ao encontro dos
White Walkers ou a consagração de Daenerys como a mãe do povo e a grande
libertadora dos escravos.
Aliás, a história de Bran e seu
encontro breve com Samwell, dá vontade rir. Sam, sendo muito honesto ao dizer
que não é uma boa seguir em direção aos White Walkers e o pessoal ali achando
que tem alguma missão muito importante a cumprir. Não dá para entender muito
bem o que quatro pessoas vão fazer para mudar a situação ali, mas enfim, já é
mais animador do que andanças sem sentido, como aconteceu por muito tempo com
esse núcleo.
Sam, por incrível que pareça, acaba
sendo a pessoa responsável pelo alerta de que o perigo está chegando (Winter
também is coming, mas enfim). Isso reflete para Davos, salvo de última
hora por Stannis e Melisandre. Difícil aturar a ideia de Stannis como
rei, por ser tão volúvel. Tudo bem que Davos simplesmente libertou Gendry,
livrando-o do sacrifício certo, mas ainda assim, é notável que Stannis nunca se
decide a respeito do que fazer e de seus fiéis conselheiros.
As viúvas e viúvos de Robb
Stark devem ter ficado revoltados com a cena quem vemos seu corpo com a cabeça
do lobo. Mais um requinte de crueldade muito bem notado por Tyrion, que observa
incrível teatralidade desse assassinato em massa. Arya, é claro, vai ficando
cada vez mais brutalizada com tudo isso, mas já é possível notar que existe até
certa cumplicidade entre ela e Hound.
Sobre Theon, há quem diga que tudo a
respeito dele tem sido inútil e bobo. De fato, há zero de utilidade prática nas
cenas em que ele é torturado e aturamos piadas que envolvem salsichas e pênis. Foi
meio “do nada” que a irmã de Theon resolve reunir seus melhores assassinos para
salvar um irmão com quem ela mal conviveu, enquanto o pai não dá a mínima,
inclusive porque seu único filho homem acaba de se tornar eunuco.
Para completar, Daenarys conquista
cada vez mais seguidores e a sequência final impressiona visualmente. É claro que
ainda acho que esses avanços dela vêm em passos mais lentos do que seria o
ideal, mas repito, é questão de se acostumar com o modo como os roteiristas
decidiram contar essa história. Não descarto a ideia de que um pouco mais de
objetividade faria muito bem à trama de Game Of Thrones, mas se a impressão
geral sobre a temporada é positiva, há mais acertos do que erros no saldo
atual.
P.S* Sansa dando boas ideias
para Tyrion, ao sugerir o golpe do coco de ovelha embaixo dos colchões.
P.S*Gostei muito de Lord Varys
falando com XXXX sobre viver sua vida e deixar Tyrion livre. Pena que ela não
entendeu bem a intenção.
P.S*Parem de ver GOT como se fosse
conto de fadas, onde existem bonzinhos e vilões. Os personagens aqui não são
rasos a esse ponto