Mastermind.
Um ano depois de apresentar o que
a maioria dos fãs considerou como a melhor temporada de Sons Of Anarchy, a
série se supera e consegue entregar um conjunto de episódios em prefeita
consonância com as intenções da trama. Se essa quinta temporada não foi
superior à quarta, o nível de qualidade se manteve. O nível de loucura, no
entanto, parece ter crescido bastante, embora seja difícil comparar. Cada temporada
de SOA tem seus momentos chocantes que grudam na nossa memória e tenho a
impressão de que os fatos mais recentes podem sempre parecer mais fortes do que
os que vimos anos atrás.
É impossível entregar uma review
dessa Season Finale sem elogiar o conjunto da obra. A temporada foi fantástica,
para dizer o mínimo. Cada episódio foi muito bem construído, cheio de tensão. O
texto coeso e surpreendente deu importância às sequências dominadas pela
violência crua. É óbvio que Kurt Sutter tem essa história muito bem planejada e
sob total controle. Sons Of Anarchy é uma das poucas produções que deixam claro
que existe um objetivo a alcançar, um caminho a seguir até que o ciclo se
complete. É uma trama fechada e que deve ir, ao que tudo indica, até a 7ª temporada.
Ou seja: teremos mais dois anos em companhia de uma das melhores séries já feitas,
não importa que as premiações continuem ignorando sua existência quase que por
completo.
Desde o começo dessa temporada, a
pergunta maior era sobre Jax: será que ele conseguiria cumprir seus planos a
respeito do clube? Muitos empecilhos apareceram pelo caminho e esses mesmos
empecilhos criaram novas motivações. Jax precisou adaptar suas intenções,
entrar num jogo perigoso e extremamente arriscado e ir dominando o tabuleiro.
No fim das contas, a imagem final
acabou sendo muito curiosa e fazia referência ao final da 4ª temporada. Lembro,
claramente, da imagem de Tara ao lado de Jax, como se ela fosse a nova ‘dona do
pedaço’, a nova ‘old lady', a nova Gemma, por assim dizer. E não dá para tratar
a trajetória de Tara e Jaz como algo separado. Os dois agiram em conjunto, como
cúmplices. Tara, inclusive, foi se infiltrar numa prisão só para sumir com o
caso RICO. Deu no que deu.
O interessante é comparar a
imagem que fecha a temporada anterior com a imagem que fecha essa. Em vez de
Tara, quem está ao lado de Jax é Gemma. Abel está ali também como uma espécie
de sucessor do pai. Tara tem toda a razão. Eles estão seguindo um caminho
idêntico ao das pessoas que mais odeiam. Tara, no entanto, ainda precisa
aprender a superar Gemma, porque ela não está disposta a perder a família ou
seu posto dentre os membros do clube. Gemma ainda é a rainha e faz de tudo para
manter o controle. No quesito ‘armação’ Jax teve a quem puxar.
A prisão de Tara, além de ser uma
cena bem perturbadora, mostra que tudo deu ‘quase’ certo e tinha de ser assim,
porque sempre irá existir uma razão para que ele e a família não saiam de
Charming. Ele, inclusive, demonstra não ter desejos de partir, naquela conversa
com Nero. Aliás, naquele momento, ambos revelam que o crime ou aquela vida
bandida é algo que faz parte deles e mesmo podendo, não vão deixá-la para trás.
É como se eles fossem dependentes de drogas ou algo assim.
Imaginei que, em algum ponto, Nero
se transformaria num inimigo, mas talvez seja apenas uma impressão errada. Por enquanto,
reina a paz e a parceria entre ele e o clube segue firme. Como Gemma estará
cada vez mais perto, não dá para descartar possibilidades, afinal, ela gosta
de, de vez em quando, dar uma ferrada na vida do próprio filho.
O episódio anterior havia deixado
claro que Jax estava arquitetando algo maior e parece que a intromissão de
Bobby fê-lo ainda mais brilhante. O modo como ele engana Tig, o salva de Pope e
coloca a culpa em Clay não pode ser considerado um golpe de sorte, porque ele
calculou cada movimento. O fator ‘vai dar merda’ estava a favor de Jax e Tig,
pelo menos dessa vez e a farsa foi bem feita. A desconfiança de que Pope seria
a grade vitima, porém, era grande, porque a morte de Opie deixava essa dica. Não havia como Jax, que viu o amigo morrer
daquela forma, deixar um dos culpados incólume. Ainda mais porque Tig também
passou por isso, além de ter visto a filha ser cruelmente assassinada diante de
seus olhos.
Usar a arma que Clay dera para
Juice foi uma sacada excelente, mas a falta de pulso no rapaz é algo que
assusta e incomoda. O clube é sim, importante para ele, mas o remorso pode
fazer a diferença nesse caso. Duvido que Clay seja morto na cadeia e, em breve,
ele sairá para atacar todos que o traíram. Jax, Gemma, Juice. Isso é certo.
As atitudes extremas de Otto
também merecem destaque. Palmas para cena em que ele arranca a própria língua,
só para não poder incriminar o clube a si mesmo. Obviamente, as escolhas feitas
por Jax vão surtir efeito no clube. Bobby já deixou o cargo de VP, o que seria
apenas natural, já que ele e Jax pouco concordam sobre como agir em diversas
situações. Lee Toric deve ser outro grande fator, em sua vingança pela morte da
única irmã. Vale mencionar que vingança foi tema dessa temporada e a vimos nas
mais diversas formas e níveis de violência.
P.S* Unser sobrevive a mais uma
temporada.
P.S*Trilha sonora sempre
impecável e cheia de significados.