Quatro garotas em NY. Já não
vimos isso antes?
Vendida como uma espécie de nova “Sex
and The City”, Girls é uma das novas apostas da HBO, criada, roteirizada, protagonizada,
dirigida e produzida justamente por uma única menina: Lena Dunham que, só pela
lista de afazeres citada acima, demonstra que sabe exatamente o quer e está
indo à luta por seu lugar na indústria do entretenimento. Justamente o oposto
de Hanna, sua personagem na série, que aos 24 anos, espera que o mundo caia a
seus pés enquanto papai e mamãe pagam as contas.
Para as amigas de Hanna, o mundo
é mais realista e não existe o mito do príncipe encantado. A visão dos
relacionamentos, aliás, é bem fria e até constrangedora em alguns momentos.
Impossível não achar bizarra a cena de sexo (Yep, It’s HBO, it’s porn) entre
Hanna e seu “namorado” avulso. Avulso porque é um daqueles casos clássicos em
que o cara não foi avisado de que é namorado da menina, até porque, Adam (Adam
Driver) é um babaca que só está interessado em sexo.
Quando Hanna corre atrás dele, no
que parece ser um padrão de baixa autoestima, para conversar sobre seus
problemas, Adam faz de conta que não ouviu e inicia a relação sexual sem o
menor clima. Hanna, que é esquisita até o último fio de cabelo, fica lá,
deitada, à mercê dele, preocupada apenas com o uso de uma camisinha.
Tudo isso é desencadeado com a
notícia de que Hanna não será mais sustentada pelos pais, o que significa que
ela precisa de um emprego de verdade. Depois de uma tarde de amor tão “tórrida”,
resta apenas beber chá de semente de ópio e implorar para os pais que a
sustentem até que seu livro (que tem umas seis páginas) seja publicado.
Sem essa ajudinha, ela não será
capaz de pagar o aluguel do apartamento em que vive com Marnie (Allisson
Williams) a melhor amiga de Hanna, que faz rodeios e mais rodeios para terminar
com o namorado por quem não sente absolutamente nada além de repulsa sexual. O
moço é do tipo grudento e vemos Charlie (Christopher Abbott) perseguindo Marnie
até em seus momentos no banheiro.
Jessa (Jemima Kirke) é outra das
amigas de Hanna, que vive viajando pelo mundo sem realmente se comprometer com
alguma coisa. A novidade é que numa dessas aventuras ela ficou grávida e agora,
sua vida deve mudar radicalmente. Quem aparece sem grande destaque é Shoshana
(Sozia Mamet), a prima de Jessa que é, digamos assim, meio idiotizada, pelo
menos num primeiro momento.
Como o nome de Judd Apatow está
envolvido na produção executiva resolvi que Girls merecia uma chance. Não me
arrependi. O Piloto é bom e consistente, embora não seja nada extraordinário ou
realmente inovador. A comparação com Sex and The City é dificilmente válida ou
realmente notável. Além de uma pôster do filme que aparece numa das parades e
de Hanna ser uma “Carrie Bradshaw” fracassada, de certa forma, eu não iria
muito além. As séries são absolutamente diferentes em estrutura e no modo de
tratar os temas do universo feminino.
O importante é que Girls promete
fazer bem o que propõe, tratando os problemas das garotas de 1º mundo com um
olhar crítico e irônico, sem as fantasias ou foco em moda como a maioria das séries
que retratam jovens mulheres costumam fazer.
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