“Everything that has a beginning has an ending. Just as every ending creates space for something new to begin”.
Chegou a hora. A hora mais temida por todos nós, fãs de Being Erica, ao longo dessa quarta e última temporada. Hora de despedida, de seguir em frente, de sentir saudade. Tudo isso. Só quem acompanhou essa história deliciosa sabe o quanto essas palavras são verdadeiras.
Existem por aí muitas séries ótimas, inteligentes, engraçadas e emocionantes. Being Erica pode ser descrita com cada uma dessas palavras, mas a pergunta, quando penso nas outras, é: elas realmente são marcantes? Raras são às vezes em que afirmo que uma série tem impacto na minha vida. Se fiz isso umas três vezes, em anos acompanhando seriados, foi muito. Série que mexe com a gente é espécie em extinção, mas Being Erica cumpre muito bem esse papel.
Ainda lembro de quando comecei a assistir. Fiz maratona da primeira temporada e a segunda já estava chegando. Já no Piloto percebi estar diante de algo especial e, desde então, Being Erica é uma das minhas recomendações máximas para quem busca um bom drama e ficção científica de qualidade.
Isso é o mais impressionante. Being Erica conseguiu nos entregar o que eu chamo de viagem no tempo inteligente. Tudo faz total sentido, as tramas são bem amarradas e as doses de emoção vêm sempre na medida certa. Com Being Erica eu ri e eu chorei. Aprendi tanta coisa, a lidar com tantas situações da vida, que nem sei contabilizar.
Cada trapalhada de Erica e cada lição de Dr.Tom me ensinaram a encarar dificuldades de outra maneira, a enxergar com os olhos do outro, a buscar equilíbrio, sempre. Isso não tem preço. Ou até tem. Se você estiver disposto a pagar um terapeuta que não vai ser tão bom quanto Dr.Tom e não vai poder te mandar através do tempo para resolver pendengas do passado.
Essa última temporada foi perfeita ao fechar cada ponto aberto da história. Foi um excelente modo de encerrar tudo o que vimos em desenvolvimento nos três anos anteriores. Aliás, é preciso ressaltar a incrível estabilidade dessa produção canadense, que foi ótima do primeiro ao último episódio.
O que me deixou bastante feliz foi ver que nada na série foi em vão. Cada cena e cada drama tiveram sua finalização. Cada pessoa na vida de Erica encontrou um caminho, assim como a própria Erica, que mesmo mudando tanto nesses anos, jamais perdeu sua essência.
Diferente do que pensávamos há alguns meses, o Series Finale não serviu para que Erica finalmente encontrasse o homem de sua vida (eram tantos né? Adam, Kay, Ethan, e o lendário Ryan!). Esse é o senso comum da maioria dos finais, mas não desse. A vida amorosa de Erica foi colocada como mais um aspecto dentro da temporada. Na série, esse nunca foi o único foco. Vimos amor, família, amigos, trabalho. Pilares básicos da vida de qualquer pessoa, com os problemas que cada um deles nos traz.
O importante nessa despedida era explorar a maior relação da série: Erica e Dr. Tom. Chorei com todos os momentos dos dois, com o apego e a ligação que existe entre eles. Um aprendeu com o outro, porque ambos viveram situações parecidas e atingiram o fundo do poço. Erica, no entanto, conseguiu conciliar sua vida pessoal com os deveres e as novas etapas da terapia. Dr.Tom, sempre negligenciou a si mesmo e precisava encerrar essa etapa e seguir em frente, para explorar as coisas que nunca se permitiu.
Eu imaginava que derramaria um mar de lágrimas e descrevo a mim mesma como “em estado lamentável”, logo após a última cena sumir da tela. Foi um chororô sem fim, que começou na abertura (porque era minha última vez assistindo) e seguiu com Erica se despedindo de Dr.Tom, com as cenas de Leo encontrando seu novo desafio e com Erica encontrando sua primeira paciente, ninguém menos do que Sarah, a filha de Dr.Tom.
Óbvio que a intenção era emocionar e nos levar de volta ao primeiro episódio, quando era Erica no hospital, precisando tomar a decisão que mudaria sua vida para sempre. Foi tudo lindo e estrategicamente criado para ativar nossas memórias e melhores lembranças.
O que esteve um pouco fora de tom foi o DRAMA de Brulianne e a cachorrinha Duquesa. Honestamente? Desnecessário. Entendi perfeitamente o porquê da existência das cenas de ‘lambeção’ com cachorro. Obviamente pensaram em ter o tradicional alívio cômico para não deixar o final muito carregado de tristeza, só que em final, eu quero mais é me debulhar em lágrimas e não revirar os olhos quando pessoas e cães se beijam de língua.
Acho nojento (se você faz isso, shame on you) e muito bobo para fazer parte de uma Series Finale. Não nego que tenha sido engraçado, mas para mim o tempo de tela disso seria mais bem gasto mostrando algo dos familiares de Erica, já que a mãe e a irmã apareceram de relance, o pai sequer foi mostrado e não tivemos a chance de dar adeus a Lênin, nosso eterno Power Ranger.
Tirando esse detalhe idiota (mas que eu não poderia deixar de comentar), acho que os produtores de Being Erica fizeram um trabalho excepcional, trazendo de volta, inclusive, o maior arrependimento de Erica. A sequência com Leo foi tocante, para dizer o mínimo e trouxe para minha atenção o verdadeiro significado desse episódio.
O roteiro foi todo foi uma grande metáfora. A relação de Erica e Tom, assim como a relação de Leo com a porta misteriosa, é a nossa relação com a série. A mensagem é a mesma. Leo precisa ter coragem de ir frente e explorar novas coisas. Erica precisava deixar Dr.Tom seguir em frente e agora, nós também precisamos deixar a série ir, mesmo que, secretamente (ou nem tanto), tenhamos torcido por uma renovação.
A série termina em sua melhor forma e mesmo que eu esteja triste por saber que essa jornada acabou, fico feliz por tê-la aproveitado e por ter vivido tantas aventuras e emoções junto com esses personagens tão queridos. É como diz a frase que abre esse texto. Tudo que tem um começo tem fim e o final cria espaço para alguma coisa nova começar.
Como sempre, agradeço muito pela companhia de todos vocês, que comentaram Being Erica por aqui (ou no twitter e Facebook), muito fielmente, toda semana, na nossa “terapia em grupo”. Por aqui a jornada acabou, mas nos falamos e nos encontramos para debater outras séries e, quem sabe, relembrar os maravilhosos momentos que passamos assistindo Being Erica.
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