domingo, 28 de junho de 2015

My Mad Fat Diary 3x01: Who is Stan Ford?


Mentir para si mesmo é sempre a pior mentira.

Quase Sem Querer, da Legião Urbana, é a música perfeita para ilustrar essa Season Premiere de My Mad Fat Diary e, por isso mesmo, a exata frase que descreve o comportamento de Rae, não poderia faltar por aqui. Num episódio que retoma uma das séries mais tocantes dos últimos tempos – e que julgávamos como finalizada – vemos o mundo perfeito de Raemundo ruir, enquanto ela enfrenta um dos medos mais terríveis: o de mudar.

Com uma temporada mais curta, o desafio de encerrar bem a história cresce proporcionalmente, especialmente porque ainda existe muito a explorar em todos os personagens e em diversos aspectos. Mesmo assim, quando a segunda temporada chegou ao fim, estava completamente satisfeita com o jeito como as coisas ficaram e é por isso que agora, diante de apenas mais três (tecnicamente dois, pois um já foi!), sinto certa apreensão. Quero que MMFD deixe em mim, novamente, aquela sensação boa de ter acompanhado uma série incrível.

A boa notícia é que é possível perceber o total domínio sobre quem é Rae e sobre os caminhos que ela escolhe seguir ou abandonar. De um jeito simples, essa série continua sendo especialmente profunda quando o assunto é o emocional da protagonista. Raemundo é tão real que chega a assustar, sempre levantando temas universais e que vão além dos problemas de autoaceitação.

É certo que qualquer ser humano pode compreender o medo que ela sente em mudar. Sentir-se seguro é uma condição que todos buscamos, de um jeito ou e outro, portanto, é natural que ela seja resistente quando o desconhecido bate à porta. Não é fácil sair da zona de conforto e Rae sente que precisa manter tudo exatamente no mesmo lugar, mesmo que esse lugar seja Stamford, onde as perspectivas de futuro são mais reduzidas.

A questão maior não é nem ficar numa cidade pequena e ter um emprego simples, sem grande estresse. O ponto principal é não conhecer nada diferente por estar paralisada pelo medo. Para Rae, sair de Stamford significa perder o pouco de compreensão que ela encontrou. Significa perder o controle e enfrentar novidades a cada dia. Significa estar longe de casa, da mãe, da irmã, do padrasto, dos amigos, de Kester e de Finn. Um é a rede de segurança de Rae. O outro seu primeiro amor. Quantas pessoas seriam capazes de realmente deixar isso de Aldo sem sentir nem uma pontada de pavor e hesitação?

São sentimento normais, mas para Rae a situação tem alguns graus a mais de complicação. Felicidade não é um sentimento perene para ela e a ideia de perdera alegria, a confiança em si mesma e nos outros é terrível. No entanto, nem mesmo a tentativa de evitar tudo isso funciona. A fuga acaba mal sucedida e Rae tem de assumir suas mentiras. Mas como diz a letra da música, a mentira que ela conta para si mesma é a pior de todas. Ela tenta se convencer de que pode controlar tudo a sua volta, de que reunir a turma e festejar vai resolver os problemas, quando, na verdade, ela precisa enfrentar tudo isso, pensar profundamente no que mais deseja e ter coragem para assumir tudo isso.

Não pode ser fácil escolher entre ir para a Universidade e morar com Finn. Desistir desse relacionamento, algo que ela queria tanto e que a obrigou a travar uma batalha interna para conseguir, parece a pior parte. Quantas vezes na vida uma garota (seja ela gorda, magra ou com qualquer característica física à escolha) encontra seu Finn? Rae sabe que está vivendo algo raro e é natural que ela queira mantê-lo para sempre. Por outro lado, ela vive também a fantasia de que tudo é estático e na vida, nada é.

Em alguns meses a gang estará separada, cada um seguindo seu caminho, estudando em outros lugares, fazendo novos amigos. Raemundo não consegue notar que ela precisará fazer o mesmo, ou será tomada pela frustração e pela tristeza. É por isso que Kester muda o discurso. Não é hora de estacionar, mas de crescer. E aos poucos Era vai notar tudo isso. Archie dá o exemplo perfeito ao cruzar a barreira de seu medo de se relacionar sexualmente com outros garotos. Ele enfrenta o desconhecido e parece satisfeito por isso, dando a ideia de que, afinal, as mudanças podem não ser tão más quanto gostamos de antecipá-las.

Além disso, o acidente e as consequências dela na vida de Chloe prometem ser determinantes para a temporada. Foi fácil notar a mudança de atitude nela, sua vontade de amadurecer e de deixar de lado a farra para pensar no futuro e em uma profissão. Tudo fica em suspenso após o modo como o episódio é encerrado e, conhecendo bem o E4, acho que existe uma possibilidade real de que Chloe não sobreviva. Seria mais um baque para Rae e uma prova de fogo para sua estabilidade emocional. É chegada a hora de enfrentar o mundo, Raemundo.

P.S*Palmas para a entrevista com os recrutadores da universidade
P.S* Linda a cena de Karim contando a história do pai e sendo um pai de verdade para Rae
P.S* Finn pode trabalhar e alugar um apê em qualquer lugar. Dica: vá para Bristol.

P.S* Sempre verifique sua tatuagem antes de realmente tatuá-la.
Comentários
1 Comentários

Um comentário:

GabrielDias10 disse...

"P.S* Sempre verifique sua tatuagem antes de realmente tatuá-la." HAHAHAHA

Ótima review, Camis.