Um plano para destruir o bebê tumor.
Não existem palavras para descrever a satisfação em assistir
a Grey’s Anatomy em mais um episódio que é exemplar. Destaque para o excelente
texto e para a narrativa afiada, dividida entre as duas mulheres de maior
destaque na semana: Amelia e Nicole. Duas pontas de um mesmo desafio e de
um mesmo drama. Visões diferentes, mas
medos similares. Incrível como as duas ganharam peso com esse episódio e como
levaram cada minuto com mais e mais talento à mostra.
Não há dúvida de que um bom texto só é eficaz se dito por
atrizes competentes, como foi o caso. E o roteiro continua aposta na figura
feminina como seu pilar para a temporada, receita que tem dado mais do que
certo e que nos faz dizer, praticamente na metade da nossa trajetória nesse
décimo primeiro ano, que estamos diante de um ótimo ano para a série.
O fato de Nicole ser médica e paciente ao mesmo tempo nos dá
uma visão privilegiada da situação toda. Enquanto ela luta por mais tempo, e
para que seu tempo seja valioso e bem aproveitado, vemos um ser humano
desabrochar. Ela, inicialmente fria e objetiva, foi se transformando em “uma
pessoa de verdade”, por assim dizer. Cheia de fragilidades, ela enfrenta o desconhecido
e as incertezas dia após dia, esperando que a cirurgia para retirada do tumor
seja milagrosa.
Ao mesmo tempo, Amelia exige de si mesma foco e
concentração. Nada pode interferir no momento mais crucial de sua carreira, que
é também o momento essencial para sua autoestima. Para Amelia é agora ou nunca.
É chegada a hora de separar o joio do trigo ou, o Sheperd 1 do Sheperd 2. É
agora que ela vai descobrir quem é, do que é feita, se seu talento é real . Se
ela sente o peso das dúvidas de seus colegas de profissão, o peso maior vem de
sua dúvida pessoal.
Outra figura importante no episódio foi Arizona. Parece que,
finalmente, temos de volta aquela personagem de antes, a criatura incapaz de
não enxergar uma solução e de não ter esperança (ou um sorriso) para dividir.
Ela, com esse jeitinho, acaba sendo o contrapeso para Nicole. Por causa de
Arizona é que Nicole vai um pouco mais confiante para a cirurgia que decide sua
vida. Ela sabe que conseguiu formar uma sucessora em pouquíssimo tempo e, acima
de tudo, ela sabe que conseguiu uma amiga também. Uma amiga tão fiel que faz Callie
suspeitar até do que não existe.
Aliás, nessa semana conseguiram fazer de Callie uma baita
babaca. É até compreensível que ela tenha essa visão turva sobre Arizona e Nicole,
mas não dá para conceber que ela levante a mão durante a apresentação de uma
colega questionando sua capacidade e minando sua confiança. Aquilo me incomodou
profundamente e não sei se a cena era necessária. Amelia, por si só, já
carregava esse questionamento sobre Derek e não precisávamos de Callie agindo
como imbecil para reforçar.
Em contrapartida, Stephanie desafia Amelia e é completamente
honesta com ela, mas de forma positiva. Tanto que ao final de tudo, as duas vão
entrar juntas na sala de cirurgia para colocar em ação o plano mais elaborado
já feito para combater um tumor. Um tumor que ganha status de bebê, não por
acaso. Grey’s Anatomy mescla os discursos de Nicole sobre seu trabalho com
nascimentos e sobre salvar pequenas vidas, com o discurso de Amelia em sua
abordagem agressiva para, em contrapartida, salvar essa vida alienígena que
insiste em invadir o cérebro de Nicole.
E ainda temos Bailey, que em participações pontuais, traz
ainda mais drama para o episódio. Ao lado de Arizona, ela ajuda a sensibilizar Hermann
e mostrar a ela que, afinal, cada paciente salvo faz a diferença.
P.S*Amelia ganha o Oscar de atriz dramática ao receber um
simples copo de café.