segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Glee 6x07: Transitioning


Por mais tolerância e por mais respeito.

Sou uma mulher branca e heterossexual  e, embora eu possa dizer que mulheres (especialmente as que estão acima do peso como eu) sofrem com os padrões impostos (por sei lá quem) de comportamento, eu nunca vou pode dizer que entendo o que é ter um gênero que não combina com o corpo com o qual eu nasci. Não entender, no entanto, não significa que eu precise achar que as pessoas que passam por isso e que nasceram tendo de lidar com isso são aberrações ou diferentes de mim. No final das contas, somos todos humanos e temos sim, a obrigação de aceitar que entre nós, existem diferenças.

Não é só a tolerância. É respeito. É o que esse exemplar episódio de Glee tenta nos mostrar dentro desse micro universo escolar. Fica mais fácil de entender dessa forma, mas a existência de um grupo de pessoas de visão limitada e que se acha no direito de impor seu modo de vida e suas opiniões mesquinhas não fica apenas restrita às escola de Lima ou ao Vocal Adrenaline. A existência desses grupos (porque são muitos) é observada ao redor do planeta e sinto quase que como uma obrigação pessoal cuidar para que existam cada vez menos pessoas pensando assim, em todos os aspectos. A lição vale para preconceitos em geral, embora Glee, dessa vez, tenha levantado a bandeira dos transgêneros de forma justa e delicada.

Esse é um tema bastante difícil de tratar, embora já estejamos em 2015. Parece que a amplitude mental não segue o ritmo de crescimento que nossa tecnologia, para dizer o mínimo. Por isso, repito o que já havia dito quando Beiste (agora Sheldon Beiste) tocou no assunto, há algumas semanas, revelando sua coragem em ser quem sempre foi por dentro, agora também por fora: Precisamos falar mais disso. E Glee tem sido uma peça fundamental ao levar o debate para seu público, que é jovem e tem nas mãos o poder de mudar e evoluir.

A apresentação de I Know I’ve Been, com Unique e o coral Transpersons foi uma das mais belas e poderosas rendições de Glee. Não era somente a música, mas o momento e a intenção. Um número emocionante, que mostra que por mais difícil que seja o processo de transição, Beiste e todos a quem ela representa, não estão sozinhos. Não é impressionante o que apenas uma música pode fazer? Às vezes, parece que Glee esquece esse poder que tem e, em momentos como esse, de pura emoção, a série lembra de sua função maior, que é informar, enquanto também diverte.

Para ser um pouco chata (sinto essa necessidade), acho apenas que Sue tem sido usada de maneira muito contraditória. Sei que ela é uma personagem meio doida e que sua função muda ao favor do vento, mas é estranho. Ela apoia Beiste na transição, mas já falou absurdos para Kurt e Blaine, por exemplo. Ela também vem com o irônico (e proposital) momento do Fat Shame... Quer dizer, um pouco de lógica faz bem até para quem caga para a lógica, se me permitem a observação. Eu gosto de Sue e dessa loucura que ela representa em Glee, mas às vezes a contradição nela supera o limite aceitável, como é o caso.

Fora isso, tudo perfeito. Músicas bacanas para tramas e subtramas bem legais, criando o mix balanceado de humor e drama de que tanto gostamos. Finalmente Will deixa o insípido Vocal Adrenaline e volta a ser um pobre feliz com o que escolheu fazer. Obviamente ele vai retomar suas funções com o New Directions quando Rachel voltar à NY e Kurt for para onde ele quiser com Blaine. Digo mais: Will voltará ao ND a convite de Sue. Podem apostar.

Não podemos deixar de dizer que Emma ressurgiu das cinzas. Foi engraçado. Depois de Will ter praticamente cuidado do filho sozinho ela aparece como se nunca tivesse sumido. Outra coisa a notar é que Will dá o recado: conversem com os novatos. PORRA! Finalmente. Imaginem se Glee fosse só Will falando de seus problemas pessoais e esquecendo dos pupilos? Rachel e Kurt tem muito que aprender sobre ensinar. E Mercedes também, porque ela faz de conta que não sabe quem é Roderick por pura INVEJA, já que o moleque manda super bem e ela tem medo de qualquer um que possa tirar seu brilho.

Aliás, falando neles, eis que All About That Bass foi outra música que deu certo na festinha para Rachel se tornar adulta de uma vez por todas. O clima de relembrar foi bem legal, mas não deixo de notar que estão apagando Finn da história, só para evitar as amargas lembranças que unem ficção e vida real. Parece que Rachel só tinha Sam em seu mural e sabemos que não é bem assim, mas ok, entendemos o motivo. Seria estranho falar de Finn quando Sam e Rachel estão finalmente se tornando um casal que, aliás, manda bem cantando Time After Time.

Como não poderíamos fugir disso pra sempre, enfrentamos o arrependimento de Blaine e um Karofsky mais compreensivo do que qualquer pessoa normal jamais seria. “Ah, você me traiu com seu ex? DIBOUA! Vai lá, corre atrás do seu verdadeiro amor que tem uma fila de macho me querendo aqui”. Hilário de ver e impossível de acontecer. Blaine, é claro, vai ter que esperar mais um pouco para voltar com Kurt que segue firma com seu tiozão da Sukita.

Para finalizar, a performance de You Give Love a Bad Name foi aquela coisa técnica que ganhamos sempre com o Vocal Adrenaline. Em compensação, Unique vem com tudo e ao lado de Will faz algo bem bacana com Same Love, provando que música boa não é só talento, mas emoção e contexto.

Músicas no episódio:
You Give Love a Bad Name: Bon Jovi - Clint & Vocal Adrenaline
Same Love: Macklemore & Ryan Lewis feat. Mary Lambert - Will Shuester & Unique Adams
All About That Bass: Meghan Trainor - Mercedes Jones, Roderick, Alumni & New Directions
Somebody Loves You:  Betty Who - Blaine Anderson & Kurt Hummel
Time After Time: Cyndi Lauper - Rachel Berry & Sam Evans

I Know Where I've Been: Elenco de Hairspray - Unique Adams & Transpersons Choir
Comentários
1 Comentários

Um comentário:

Jose Antonio Filho disse...

Adorei ver mais uma musica da cyndi em glee, tio da Sukita foi foda, indentico kkkkkkkkkkk