Impulsividade genética.
Essa semana, Sons Of Anarchy faz
uma importante reflexão sobre Jax e sua natureza. Utilizando uma breve conversa
entre Gemma e a esposa do pastor safado (cujo corpo segue enterrado numa das
obras comandadas por August Marks), na qual a impulsividade é discutida de
forma bastante aberta, podemos analisar o cenário completo. O papo das duas
pode até parecer banal, mas mostra a origem das coisas. O roteiro se encarregou
de nos levar num caminho claro sobre como certos comportamentos passam por
gerações.
Gemma, Jax e Abel. Três pessoas
de um mesmo meio, sob as mesmas influências e com atitudes que se repetem. Se
agir sem pensar é traço genético, Jax e Abel têm a quem puxar e repetem, cada
um em seu universo, os erros que sempre terminam em tragédia.
Embora Abel seja pessimamente
interpretado, acho que a inabilidade total de passar sentimentos que a dupla de
crianças que o representam na série demonstra é um fator positivo. O garoto já
é um vortex de ódio e rancor e certamente será um adolescente problema e
morrerá um jovem adulto, isso, se chegar nessa fase da vida, é claro. A
corrupção em Abel ainda não é final, mas será se em breve ele não retirado
desse ambiente onde todo tipo de violência é incentivada.
Gemma é uma pessoa protetora, mas
ao mesmo tempo é o tipo de mãe/avó alienada, que prefere encontrar uma desculpa
para comportamentos agressivos do que solucioná-los. E a questão é que, para
ela, nem existe necessidade de solução. É normal. Faz parte. É assim que deve
ser. É assim que um líder dos Sons Of Anarchy deve crescer e se formar. Para
ela, o mundo se resume a isso. A esse pequeno “poder”, ao reino de Charming.
Se Abel, ainda tão pequeno, já
demonstra noção sobre “acidentes” e ironiza a própria avó entre um e outro
ataque com a lancheira, Jax já faz isso em larga escala. A conversa inicial com
Chibs coloca os pingos nos is. Onde tudo começou? Com a morte de Tara. Então,
todas as merdas que vieram depois, com chineses, negros e com Jury estão na
conta por esse assassinato, numa dívida que nunca será totalmente sanada a não
ser que Juice finalmente revele o que sabe. Enquanto isso, Bobby vai continuar
perdendo pedacinhos e Jax o “líder que deve ter foco” vai continuar focando em
tudo que é errado.
O que é importante perceber é
que, pela primeira vez em tempos, Jax começa a raciocinar. As constantes perdas
estão pesando em seus ombros e embora ainda não haja nada efetivo mudando, ele
tem uma vaga noção de que está destruindo o clube que tanto ama. Consequência
por uma cegueira que vai além das mentiras contadas por Gemma, mas também de
certa arrogância e da tal impulsividade genética.
Assim como Gemma “matou Tara para
só depois perguntar se havia motivo”, Jax aponta suas armas para os chineses e
Abel distribui golpes nos coleguinhas de classe. Um ciclo que pode ser quebrado
por Wendy, se ela tiver coragem de enfrentar tantas feras para tirar as
crianças dali. Um ciclo que vai se encerrar com a morte de Jax e Gemma. Por
alguma razão, acredito nisso. Num desfecho em que mãe e filho se destroem. Mas
essa é apenas uma das muitas possibilidades nas mãos de Kurt Sutter.
P.S*Se não fosse pela mensagem na
parede eu diria que Abel matou os passarinhos, mas pensando bem, uma coisa não invalida
a outra.
P.S*Pensem num cenário em que Jax
é expulso da SAMCRO. A possibilidade acaba de surgir após a morte de Jury.
P.S*Juice e a barata. A barata e
Juice. Poesia e significado numa cena simples.