Não é que Grey's Anatomy tenha tomado jeito, mas pelo menos, no episódio dessa semana, as coisas fluíram um pouco melhor e o assunto da semana não foi tão maçante, embora estejamos longe até mesmo do "arroz com feijão" bem feitinho que a série costumava apresentar. Pelo menos, quando o assunto é a rotina no hospital ainda há coisas a explorar, mesmo com assuntos repetidos e nossa atenção maior fica em Cristina Yang.
E o Harper-Avery Award vai para.... Um avulso qualquer. Pois é.
Depois de tudo, Cristina Yang não levou o Oscar da medicina, mas essa é a
grande lição do episódio. Não é o prêmio que realmente importa, quando o que se
faz todos os dias é salvar vidas. De um modo bastante natural, vimos em
Cristina uma cirurgiã que realmente merece reconhecimento, não apenas por
inovar e ser um gênio, mas por se doar aos pacientes.
Esse foi um episódio simples e
que mostra boa melhora na qualidade do roteiro, embora ainda não saia muito do
lugar comum. No entanto, o foco em Cristina e em alguns pacientes nos mostra o
valor da personagem e de uma história bem contada. Já dava para prever um pouco
o que aconteceria, se considerarmos o discurso sobre Ellis Grey no episódio
anterior, mas ainda assim, ver Cristina tendo que fingir aplausos foi
espetacular, porque pela descrição que fizeram dos demais concorrentes a
impressão era de tínhamos um milagre concorrendo com um monte de projetos sem
importância. Não sei se irão mais fundo no tema, mas a questão é que Cristina
levou mais uma lição sobre humildade e por sorte não estava sozinha. Gostei
muito de ver Meredith e Owen ali, para apoiá-la. Foi um gesto de amizade lindo
e que fez a diferença.
Outra coisa que fez a diferença
foi ver a dedicação de Cristina com a família das crianças internadas, todas
com o mesmo problema. Cheguei a achar que ela nem viajaria pra receber o
prêmio, para ficar no hospital cuidando para que todos não morressem em efeito
dominó, como ela mesma destaca.
Fora isso, a louca rotina dos
médicos chama a atenção. Sempre fiquei impressionada com essas jornadas de
trabalho de milhares de horas. Na minha cabeça, se você é cirurgião ou qualquer
profissional de saúde, dormir e estar descansado é essencial para evitar erros
e vidas perdidas. Sério. Para mim, médicos e motoristas (em geral) que não tem
o descanso apropriado são um risco para a sociedade. Mas aparentemente é supernormal
trabalhar 32, 48 horas seguidas, sem dormir e ainda ser competente. Obviamente,
a série apenas está mostrando a realidade, mas nos deixa pensando no assunto.
Por isso não culpo o cochilo do marido de Bailey. O coitado estava no limite e
existe uma hora em que o ser humano precisa recarregar as baterias, seja ele
médico ou não. Quem garante que a atitude precipitada de Murphy, que poderia
ter deixado a paciente com sérios problemas e lesões permanentes, não foi
causada pela estafa?
Derek, por sua vez, demonstra ser
quase um super-homem. Faz cinquenta coisas ao mesmo tempo. Ensina e opera na
madrugada e a única coisa que esquece é de avisar Meredith que deixou as
crianças com Callie e Arizona. Parabéns! Você venceu as probabilidades de fazer
merda e fez a menor de todas, apenas.
Como os pequenos “dramas”
familiares parecem estar dominando essa temporada, ainda ficamos com o debate
sobre quem ficará barriguda, agora que Callie e Arizona resolveram ter mais um
bebê e também com o inflamado debate religioso entre Avery e April. Duas tramas
bem bobocas e que não acrescentam nada em nossas vidas ou na série em si. Não
entendo porque temos que acompanhar brigas sobre crianças que ainda nem existem
e nem porque isso seria interessante. Até que começaram bem, no assunto do
implante coclear e poderiam ter desenvolvido mais esse TEMA MÉDICO, mas optaram
por discutir se os filhos de April e Avery vão ou não rezar antes de dormir ou
ir ao estudo da bíblia.
Muito mais interessante seria se
explorassem o que Bailey está fazendo com o vírus da AIDS que na verdade será
usado para curar o menino sem defesas contra quaisquer doenças. Nem sei se a
explicação é válida cientificamente (parece claro que não, não é), mas quem se
importa? Foi uma resolução bem inventada e que causa mais curiosidade que as
brigas de casal que aparecem episódio após episódio.
P.S*Queria falar sobre Karev, mas
nem tem muito assunto, não é mesmo? Mais um médico trabalhando no esquema
super-homem, até que alguém morra porque ninguém mais dorme e todo mundo só
trabalha sem parar.