domingo, 15 de dezembro de 2013

Almost Human 1x05: Blood Brothers


Orphan Black, versão masculina.


Já sob perigo de cancelamento, Almost Human está se tornando mais um exemplo de que série bem produzidas de ficção cientifica não tem lugar na grade televisiva, por não segurarem audiências monstruosas como algumas comédias de 20 minutos fazem com facilidade.  Nesse caso, creio que seja uma questão de prestar atenção à série, já que as sacadas de roteiro de AH tem desencadeado boas risadas, mais até do que a maioria esmagadora das séries cômicas conseguem arrancar de mim.

Por outro lado, sou capaz de entender um pouco dessa luta com o público. Apesar dos cinco episódios serem sólidos, bem escritos e bacanas de assistir, caímos no velho problema do procedural. Almost Human está se dedicando a criar uma personalidade e, embora eu aprecie o estilo “take your time”,  a indústria não trabalha dessa maneira e os telespectadores querem as histórias mostradas de forma mais ágil e mais fácil de digerir.

Mesmo eu, que estou gostando bastante de Almost Human, admito que os episódios vêm e vão e não pegamos ainda o “X” da questão. A proposta é excelente e creio que a história tenha o tom certo, mas as pessoas querem mais compreensão e menos enrolação, para falar no português claro. É por causa desse tipo de abordagem que a ficção cientifica de qualidade está morrendo, pois ainda não se encontrou uma fórmula que junte as necessidades de desenvolvimento das séries desse filão com as vontades do público e dos executivos de TV.

Enquanto essa questão prática fica à deriva, o episódio dessa semana propõe ideias filosóficas, que misturam tecnologia e misticismo, ao trazer para o foco a médium vidente (às vezes petit) que, após passar por um processo de ativação cerebral tem a capacidade de se comunicar com os mortos. Como fica bastante claro que a moça não é charlatã e que existe um “além-vida” onde os espíritos das pessoas estão, a questão é muito boa. Especialmente quando pensamos que o aumento da sensibilidade sensorial da moça, por meio de tecnologia (ainda que não aprovada) abriu as portas para esse novo mundo que acaba com dúvidas essenciais da humanidade.

A maior qualidade nisso tudo foi não envolver nenhum viés religioso, embora muitos personagens, como Kennex, duvidassem da possibilidade de comunicação com os que já não possuem um corpo físico. Em nenhum momento a série debate se isso é certo ou errado, apenas lida com a questão da fé (no sentido de ter fé no que estava acontecendo com a médium vidente) e mistura com a ciência, o que sempre parece confuso ou inapropriado, mas nesse caso, não foi.

Depois, AH fala sobre clonagem e deixa claro que nem no futuro isso será aceito, mesmo com chances totais de sucesso. Uma pena que esses clones todos acabaram eliminados e nem podem fazer figuração/par romântico com as personagens de Tatiana Maslany em Orphan Black.

 O caso de Ethan foi muito interessante, especialmente pelo desafio que trouxe para Maldonado, que ouve desaforos e até verdades dolorosas, mas não perde o foco e aguarda o momento certo de agir e mostrar que meia dúzia de “Ethans” não são mais espertos do que uma Maldonado. O ego, como vimos, pode ser um fator terrível e atrapalhar completamente os planos de qualquer um.

Detetive Stahl meio que continua em sua pose de donzela em perigo e confesso certa irritação com a estupidez dela na averiguação daquela casa. Até nossa vidente maluquinha foi mais esperta e pulou a janela após ouvir os estampidos de bala seguidos de corpo se estatelando no chão. E ela erra desde o principio, pois o lance das duplas de trabalho na força policial é, justamente, para que nunca haja um profissional sozinho nesses casos, mas Stahl decide que é legal dividir a equipe e manda as regras às favas. Talvez tenha sido um estratagema sedutor para chamar a atenção de Kennex.


Aliás, quem chama muito a atenção de Kennex é Dorian e o bromance rola solto. Primeiro, Kennex se irrita com os atrasos de Dorian e vai checá-lo no vestiário. Depois de ficar estarrecido com o formato “Ken” dos robôs, ele obviamente só pensa nisso: “Dorian não tem pinto”. E Kennex só sossega depois de ver o “pacote” de seu amigo e companheiro de ação e de poder confirmar que Dorian é superdotado também nessa “área do conhecimento”. A conversa que se segue sobre a média de utilização desse equipamento também parece muito útil e necessária para que as questões propostas para o episódio façam todo sentido.
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