Votação unânime.
Depois de assistir a esses dois
episódios de Sons Of Anarchy em sequência, precisei de um tempo para respirar e
processar tudo o que aconteceu. Fiquei boquiaberta em diversos momentos, mesmo
sabendo que essa é uma série em que os limites para o que é possível ou
impossível não existem. E se havia alguma dúvida disso, acho que agora podemos
dizer que SOA é a produção mais corajosa da TV, atualmente.
As decisões para os roteiros são
baseadas num simples preceito de que o que tiver de ser, será. Não importa se
você é do elenco principal, se é um dos “maiores vilões” (não gosto desse termo
para descrever personagens de SOA, mas acho que vocês entenderam), se o público
te ama. Não imporá se você é, inclusive, o próprio Kurt Sutter. Isso é que é
sensacional. Você pode ser o pica das galáxias e ainda assim, você pode
simplesmente tomar uma bala na cabeça e sair da série sem a menor cerimônia.
É claro que meu foco principal
aqui é em Clay e Galen. Acho até que a
morte de Galen me assustou mais. Eu simplesmente não esperava, embora devesse e
fiquei estupefata com a facilidade da coisa, depois de seis anos de série em
que esse cara pareceu indestrutível. Na hora de Clay, eu torci por outro
desfecho, no meu apego idiota com um dos melhores personagens já criados. O
caráter e as atitudes de Clay moveram Sons Of Anarchy por muitos episódios. Já
amei. Já odiei. No fim, fiquei olhando ele sangrar, com o corpo e o pescoço
esburacados, pensando que ele cumpriu maravilhosamente seu papel. Não acho que
a morte ou a cena em si tenham me impactado tanto quanto outras. Mas nenhuma
delas tem o significado dessa.
Clay precisava morrer por muitos
motivos. Tara enumerou alguns, mas o principal é que enquanto Clay vivesse, Jax
nunca poderia desempenhar 100% seu papel à frente do clube. O desafio dele
começa agora, mas a armação toda com irlandeses, chineses e a polícia mostra
que é um jeito esperto de começar. Resta saber até quando Nero ficará nesse
barco e se, de fato, será possível tirar SAMCRO dos negócios ilegais.
Mais do que isso. Talvez Tara
seja capaz de desferir um golpe definitivo contra Jax e o clube. E ela está em
seu momento mais decisivo. Fugir e salvar os meninos ou ficar e tentar ajeitar
as coisas, enquanto Jax muda a linha de negócios do clube? Será que ainda
existe confiança? Ou a confiança perdida de ambos os lados pode ser
reestabelecida?
Tara tinha um plano bom.
Imperfeito, mas bom. Acho que o melhor momento dela é logo após o flagra de Jax
com Colette. “O que você fez comigo? O que eu me tornei? O que está acontecendo?”.
Parece que essas três perguntinhas também abalaram Jax, que se dá conta, ao que
parece, de que Tara foi muito mais afetada do que ele poderia imaginar.
A conversinha com Gemma foi
bastante forte. “Você tem que escolher se vamos dizer aos meninos que a mamãe
se mudou ou que a mamãe morreu”. Tipo de ameaça que é um combustível para cada
atitude de Tara e que pode determinar para onde a bala retirada do corpo de
Bobby irá parar, no próximo episódio.
Agora, devo dizer que não entendi
muito a surpresa de Gemma com os sentimentos de Unser. Esse homem já se
declarou umas três vezes e ela ainda faz cara de “nossa, quem poderia prever?”.
O melhor fica na tensão entre Unser e Nero, em diálogos bem humorados e que
ajudam a aliviar a tensão dos episódios. Algo como a cena em que Happy assiste
desenhos e come comida chinesa ao lado da máfia chinesa. Ele ri e se diverte e
a gente também, com o absurdo dessa situação. De qualquer forma, entendi o
apelido, finalmente. O cara é mesmo feliz.
Wendy, honestamente, me parece uma
enorme perda de tempo. Seis anos vendo essa mulher ir, vir e se drogar. Meio
que perde a graça. Também não tenho a menor piedade dela e sempre achei que Wendy
era o elo fraco no plano de Tara. Deixar dois meninos com uma ex-viciada em
heroína não é uma boa pedida.
Preciso dizer que gostei muito do
plano de Jax, mas gostei mais ainda da cara incrédula de Eli, para as
expectativas de Patterson. Ele desconfia, aperta os olhinhos e sabe que aquilo
tudo não vai render como deveria, mas cala e segue as ordens superiores. No
final, Jax cumpre o que prometera, mas o detalhe de entregar todos mortos (mais
o resgate de Clay) estraga tudo. Da próxima vez, Patterson deve ler as linhas
pequeninas nos contratos que assinar com os Sons Of Anarchy.