Twerk for your life.
Glee sempre foi excelente em
pegar um assunto bobo, muitas vezes ridículo, e fazer ainda mais chacota em
cima dele. Essa foi a tentativa desse episódio, não tão bem sucedida, apesar de
maravilhosos momentos de rebolado e uma incrível homenagem à nossa diva da
loucura generalizada versão 2013, Miley Cyrus. Algo não está funcionando. Ou
talvez, não esteja funcionando para mim (é preciso admitir essa possibilidade).
Mas sinto que a série está sem norte e que os tiros dos roteiristas vão por
todos os lados, sem acertar um alvo sequer. Talvez um alvo ainda esteja na base
de acertos.
O núcleo de NY continua coerente e bom de
acompanhar. Rachel e Kurt seguem com seus dramas e questionamentos que ainda
têm ligação com a morte de Finn, mas vêm como doses certas de saudade. Os dois
vivem momentos definitivos, de pura mudança e estão lidando com isso na base da
maturidade... E das tatuagens.
E piercings. Realmente, muitas pessoas apostam nesse tipo de coisa para
criar um ponto zero, um recomeço. Cheguei a arregalar os olhos por três
segundos ao ver o chanel de Rachel, mas foi só até notar que era uma peruca
mesmo. Gostei bastante do quanto ela brincou de caras e bocas durante “You Are
Woman, I Am Man”. Linda, divertida e talentosa, simplesmente.
Kurt também estava hilário com
sua tatuagem errada e seu primeiro (foi? Não me lembro de outros.) shirtless em
Glee. Boatos dão conta de que gônadas (para deixar no genérico) explodiram por
aí, ao ver o corpitcho do moço, mas não se assanhem porque com Kurt o sexo é
via Skype, apenas. Achei uma graça a tatuagem de Rachel e o modo como ela
mantém isso tão pessoal. Não sou muito a favor de marcar o corpo com nome de
macho, mas enfim, nesse caso eu entendi perfeitamente.
Saindo de NY e voltando para
Ohio, a coisa desanda. Comecei animada com todo o festival de rebolado - que me
lembrou dos bons tempos de É o Tchan (ordinária!) - e ri com Jake achando que
aqueles movimentos são invenção de algum americano. Bitch, please. Quem inventou o twerk foi
CARLINHA PEREZ. Nossa maravilhosa Cinderela Baiana, que hoje vive reclusa, Infelizmente.
Depois disso, vem Sue e seu ponto de vista que abala a opinião pública e quer
acabar com o direito das pessoas de requebrar à vontade. Isso tudo tem
potencial para ser engraçado, mas no fim não é tão divertido de ver. E não é
mais divertido pelo fator repeteco. Quantas vezes já vimos esse plot? Will Schuester também não acerta uma e, apesar
de eu entender bem a sacada com “Blurred Lines” não achei que funcionou muito
bem. Na trama e na música. Então, que professor é esse que quebra a escola e dá
ataque de pelanca para provar que rebolar é um direito garantido pela
Constituição. Tem uma piada aí em algum lugar, só me avisem quando começarem a
rir do modo como foi colocada em Glee.
Ainda falando em trama repetida,
temos outra que me deixa exausta. Mais uma vez, pelas minhas contas, a terceira
FUCKING vez, Unique vive a #barra do banheiro. Não entendo como posso me
sensibilizar DE NOVO com a mesma coisa. Acho o personagem excelente, desafiador,
mas há tantos modos de colocar o drama dele em debate. Tantos modos melhores
que a #barra do banheiro. Da primeira vez em que o assunto surgiu, de fato,
chamou a atenção. Afinal, o que Unique deve fazer? Onde será aceito?
E a verdade é que ele não será.
Assim é o mundo real. As pessoas sempre vão olhar torto e julgar, embora o
esforço para acabar com esse preconceito seja grande e cada vez mais notável.
Entendi muito bem o lance do banheiro com pontos de interrogação. Trouxe à tona
toda a humilhação, o desconforto, a agressão. Foi triste de ver, mas já chega.
Não é possível que voltem nesse mesmo plot, repito, pela terceira vez, com a
mesma desculpa.
Unique tem outras questões,
inclusive na parte de relacionamentos e nesse assunto ninguém quer entrar.
Depois do catfish com Ryder (que, do nada, defende Unique e quer bater nos caras
que o agridem), Unique voltou a não ter nada interessante nesse setor. E sim,
ele foi bem na execução de “If I Were a Boy”, nem precisamos discutir esse
assunto, afinal, se existe alguém que sabe o que é ser menino e menina, esse
alguém é Unique.
Então temos Marley. Ai meu Deus,
como essa garota me matou de rir com sua versão de “Wrecking Ball”. Eu olhava
Marley vindo na bola gigante, jogando tijolos em vidraças e socando o cenário
de AEROLITOS e ria sem parar. Revi a sequência mil vezes só pela diversão de
pensar que esse surto era por causa de Jake e sua pinta no quadril.
Honestamente, acho muito bom que
esse namorico besta acabe, porque estava num mar de mesmice e inatividade que
só as pegações com a cheerleader avulsa poderiam resolver. E Jake faz cara de
pastel o tempo todo. Não conversa, não pede perdão. Apenas observa Marley destruída
e destruindo tudo com sua bola de guindaste.
Quem sabe, assim, alguma movimentação
comece no núcleo escolar, porque os personagens estão estagnados. Sam mostra o
poder do chocolate branco (o que eu aprovo), Blaine não tem nada rolando, Artie
e Véia fazem comentários sobre performances sexuais na cadeira de rodas, Tina está
com diarreia e não sai do banheiro de Unique, Ryder não faz nada desde o
chilique com o catfish. Não é à toa que todo mundo está dizendo que quer a
extinção de McKinley High. Até eu que sempre preferi esse núcleo estou
entediada e nem todo twerk do mundo fez a diferença.
P.S*Cadê Santanão?
P.S*Achei “On Our Way” esquecível,
assim como diversas performances musicais dessa temporada.
P.S*Fiquei imaginando Zach, o
melhor coreógrafo do mundo, dando oficina de rebolado.
P.S* Adorei a argumentação de
Will sobre as danças quebrando tabus. Não posso deixar de elogiar essa ideia do
roteiro.
PS* REFUTO, no entanto, o comentário sobre a lambada ter gerado dois filmes ruins. Will não sabe o que é CINEMA de qualidade, desculpaê.
Músicas no episódio:
“You Are Woman, I Am Man": Funny
Girl - Rachel (Lea Michele) e Paolo
(Ioan Gruffudd)
"Blurred Lines": Robin Thicke feat. T.I. e Pharrell
- Artie (Kevin McHale), Bree (Erinn Westbrook), Kitty (Becca Tobin), Jake
(Jacob Artist) e Will (Matthew Morrison)
"If I Were A Boy": Beyoncé - Wade
"Unique" (Alex Newell)
"Wrecking Ball": Miley Cyrus - Marley
(Melissa Benoist)
"On Our Way": The Royal Concept - New
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