domingo, 27 de outubro de 2013

Sons Of Anarchy 6x06/07: Salvage/Sweet and Vaded


 Bonança e tempestade.

Dizem por aí que depois da tempestade vem a bonança e, em Sons Of Anarchy, o termo se aplica também para o que vem após uma grande explosão. O clube vai pelos ares, mas todos sobrevivem e, num golpe de sorte do destino, mesmo num momento tão crítico, as coisas parecem estar voltando aos eixos. Bom, pelo menos para o MC. Na vida pessoal, os entraves mostrados nos últimos dois episódios prometem ser impactantes.
‘Salvage’ foi um episódio excelente. Soube tratar dos assuntos relacionados ao clube utilizando apenas o poder das palavras, mas ao mesmo tempo, as cenas de ação não foram deixadas de lado e foi impossível não vibrar com a “cowboy shit” de Juice durante aquela fuga dos policiais corruptos. Lindo de ver e de acompanhar o desfecho, no fim do episódio, com os mesmo policiais tendo de pedir desculpas, na maior humilhação.
O que realmente chama a atenção, no entanto, é a atitude de Jax. Hora de recomeçar, admitir que fez uma série de bobagens e voltar a confiar nos companheiros de clube. Foi preciso que os irlandeses quase matassem a todos para que ele notasse o perigo que é ter um grupo desordenado e uma liderança que não é digna da lealdade dos demais. Com apenas um discurso muito bem construído, Jax retoma a posição de presidente e se mostra um verdadeiro líder, capaz de mover as demais facções do clube na mesma direção. Acabar com o tráfico de armas e cortar as relações com o IRA é prioridade e deveria ser, afinal, a ameaça não é apenas para Charming, mas para cada grupo da região.
Como sempre, Jax não conseguiria sem a ajuda de Chibs, que o apoia em tudo. Juice e Tig ganham uma folga após as milahres de confusões e ameaças de morte. Bobby, por sua vez, surpreende ao mostrar que jamais pensou em abandonar os Sons Of Anarchy e, enquanto a situação piorava, ele fazia a única coisa útil para que Charming continuasse a ser representada. Com tantos óbitos recentes, o clube ficou à beira de acabar e enfim, com a adição de novos membros, Kurt Sutter garante mais um montão de mortes no futuro breve da série.
É interessante notar que tanto ´Salvage’ quanto ´Sweet and Valded’ começam quase do mesmo modo, com os membros do clube observando as ruínas após o atentado que sofreram. No segundo episódio, no entanto, a música triste dá lugar à ação. Não demorou nada para que a reconstrução começasse, num sentido mais filosófico e também no prático. É hora de mudar, de colocar a mão na massa e salvar o que ainda os representa. O martelo sobrevive e é um símbolo da liderança de Jax. A mesa com o ceifador, como Bobby aponta brilhantemente, dá a qualquer espaço a insígnia de casa dos Sons Of Anarchy. E assim eles recomeçam, com novos inimigos e a justiça sempre tentando enquadrá-los, com ou sem razão.
Gostei muito da honestidade de Jax com o xerife Roosevelt. E da coragem de Gemma em ir até a polícia e falar sobre as loucuras de Toric. Mas a promotora Patterson chama o poder do gueto e não pretende deixar o clube escapar. Vai usar Nero e Tara em sua jornada e seu sucesso depende apenas do humor e da vontade de Sutter. Sabemos que ele gosta de aprontar e parece que Jax, especialmente, será atingido de todos os lados.
Com Clay aceitando sua parte no acordo com o IRA e Nero afastado, ainda temos de considerar o fator Tara. A personagem vem crescendo bastante e se mostrar de uma astúcia poderosa.  Dar o golpe em Gemma é algo que poderíamos esperar, mas ela mostra coragem de trair seu grande amor. E não está errada. Ela pensa como mãe. Ela quer evitar que esses dois meninos tenham um futuro permeado de medo e violência. Pode parecer que ela é a vilã, mas no fundo, Tara é a pessoa arcando com o maior número de consequências. Por sua trajetória até aqui, sabemos que essa traição não é uma decisão fácil para ela, pois Tara já provou que faria qualquer coisa por Jax. Ele, por outro lado, já fez diversas promessas vazias e tem no clube suas prioridades. Essa é apenas a verdade e SOA não é um conto de fadas, onde Jax é o príncipe encantado e Tara ganha um final feliz.
De qualquer forma, admiro a forma como ela constrói cada etapa do plano. Usando Wendy, Unser, as reações óbvias de Gemma e a culpa que Jax sente por sua ausência. É brilhante e sim, vai acabar muito mal, porque apesar de tudo, é provável que esse esforço todo vire contra a própria Tara.
 
Também não podemos deixar de lado o retorno de Venus. Lembro do quanto a participação anterior foi boa e resultou em cenas que chocaram toda a sociedade cristã (embora a sociedade cristã dificilmente acompanhe uma série como essa). Primeiro, gosto do modo como a personagem é tratada e mais ainda do que ela trouxe á baila. Drama familiar, pornografia infantil e cenas fortíssimas e com atuações pontuais dela, da mãe megera e de Jax, que mostra sua humanidade e destrói uma criatura corrosiva com aquele tiro.

Os olhares ternos de Tig para Venus são outra coisa inesquecível. Já disse isso na época em que ela apareceu pela primeira vez e repito, ele faz parecer muito real. E de alguma forma boba e inocente eu fico torcendo para que isso dê certo e tenha o final feliz que sei que Tara não vai ter, porque afinal, essa não é a série dos contos de fada, mas em algum lugar da imaginação existe espaço para amor entre a transexual e o motoqueiro.
Comentários
2 Comentários

2 comentários:

Vanessa disse...

Kurt Sutter é brilhante. Melhor serie que já vi na vida.

Guida disse...

SOA é foda!!
Agora amo a Tara, mas fiquei com um pouco de pena de Jax, mas ele merece!