200 episódios com eles.
Não é qualquer série que chega a 200 episódios. Para conseguir uma marca como essa são
necessárias qualidades indiscutíveis, mas principalmente carisma e uma base de
fãs sólida. Grey`s Anatomy tem a seu
favor o poder de emocionar (nem sempre para o bem) e por isso, essa conquista é justa e me deixa feliz.
Extremamente feliz. Tenho lá minhas opiniões sobre certas escolhas de roteiro.
Nem sempre concordo com tudo que é feito. Nem sempre fico satisfeita com o
texto e com os personagens, mas ainda assim, o amor pela série supera tudo. É
quase como um casamento. Um casamento em que todos nós estamos ao mesmo tempo e
no qual pretendo estar até que o cancelamento nos separe.
Já que estamos falando de um número importante, nada mais natural
que um baile de gala para festejar essa conquista da série. O gancho da
arrecadação de fundos para consertar o que a tempestade destruiu no Grey-Sloan
Memorial Hospital foi bem utilizado, inclusive com os requintes de picadeiro.
Palhaços, malabaristas, cuspidores de fogo... Realmente um circo para
endinheirados ficarem felizes e liberarem cheques gordinhos.
A ideia da competição entre os membros do conselho rendeu e trouxe
bom humor ao episódio que, mesmo simples, foi agradável de assistir e teve de tudo.
Do glamour dos vestidos longos até a nervosa cena em que vemos uma fratura exposta surgir diante de
nossos olhos. Era de se prever. Em Grey`s não existe alegria sem uma dose de
dor, afinal de contas.
Enquanto Meredith e Derek arrumam meios de se provocar, quem se
destaca mais é Cristina, que logo sofre com sua ideia de pedir a Owen que saia
com outras pessoas. O melhor, no entanto, fica para o final, quando ela ri na
cara de seu “doador” mais seduzido, enquanto o cara tem a pachorra de tratá-la
como uma prostituta. Como Yang é maior do que isso, mesmo em suas negativas em
tom zombeteiro ela continua exalando elegância.
Callie também estava dando show de cretinice ao encarar a viuvez .
Esse tom de brincadeira para tratar a reação dela à traição de Arizona coube como uma luva. Confesso sem medo, que não senti o menor dó de Arizona,
choramingando por estar sendo observada e apontada na rua como uma traidora.
Deveria ter pensado nisso antes de esfregar a perneta em outra mulher, ora
bolas. Kepner, como sempre, se mostra confusa demais e a gente sabe apenas que
ela só pensa em Avery enquanto finge que fala do noivo.
É surpreendente notar que foram necessários 200 episódios para o pai
de Karev aparecer, o que retira a ideia da categoria de clichê (ou não). Como
na vida dele tudo é drama e abandono, ou esse homem vai morrer numa overdose ou
fugir depois de ser colocado na rehab.
Os internos são chatos até quando bancam os “tubarões” do Pronto
Socorro. Ross está virando psicopata ou algo assim e é meio bizarro que ele já
tenha superado a morte da colega (algo que, direta ou indiretamente, ele
provocou) e esteja todo pimpão, agindo como se manjasse dos paranauê, como
dizem por aí. Murphy até que cumpriu seu papel de ser “babá” e alguma coisa me
impede de ir com a cara de Stephanie, não importa que história esteja
acontecendo com ela. Acho apenas dispensável e impossível de acreditar no
relacionamento dela com Avery. Não existe química entre os atores.
Gostei muitíssimo do velho rabugento que atormenta Bailey com seus
preconceitos e ofensas. Dei altas risadas com as falas ácidas do personagem e
comecei a torcer por um milagre que o tire do câncer. Tudo o que ele conversa
com Richard é de um nível alto de absurdo e não tem como não se divertir quando
ele ordena que abram as janelas porque o quarto está cheirando a defunto.
Richard, por sua vez, leva o título de “bebê chorão”. Babaquice
define aquelas atitudes inexplicáveis. Não tem nenhum motivo pra ele estar todo
revoltadinho e agredindo as pessoas que tentam ajudá-lo. Honestamente, esse
plot não tem a menor lógica e não se encaixa com o personagem. Para piorar, um
moribundo não tem tanta disposição para falar e fazer escândalos como Richard
mostra ter. E gente com pulmão em colapso fica na UTI, sob intensa observação e
monitoramento, digo por experiência própria.
Como se pode ver, nem tudo é perfeito em Grey’s Anatomy, mas esse
episódio, com seus defeitos e qualidades, ainda é importante para a série. Que
venham os próximos 200. Se a showrunner que não deve ser nomeada deixar algum
personagem vivo até lá.