Ninguém nega que essa Season 5 de
Glee começou com um clima de “meio de temporada” e, apesar de ser bastante
estranho - porque nos pegamos no meio de
histórias em andamento e não no limiar de novidades - não sou capaz de dizer
que desaprovo a estratégia. Sim. Essa é a palavra chave. Começar a temporada
dessa maneira foi o modo que os produtores encontraram para não nos deixar na
mão e terem um tempinho para preparar o episódio que deve nos arrebatar nos
próximos dias. Você pode estar
detestando, mas é preciso admitir ou reconhecer que nessa tática mora a
tentativa de não deixar a série cair numa profunda e irrecuperável depressão.
Diante disso, posso afirmar que
gostei dessa dobradinha de episódios com canções dos Beatles. Não digo que
sejam os melhores episódios da série, mas no contexto, tudo se encaixa e Glee
não deixou de cumprir seu papel em nenhum deles, sendo divertida e emocionante
em diversos momentos. Além do mais, como ferrenha defensora de Tina
Cohen-Chang, eu não poderia estar mais feliz. Apesar do momento “Carrie, A
Estranha” que poderia ter acabado com a morte de todos do McKinley, a
trajetória dela é emocionante e carrega uma mensagem muito bonita sobre amizade
e autoestima.
Lógico que Tina acabou sendo bem
aloprada, tendo seu maravilhoso solo inicial cortado descaradamente só para
fazer troça com a pobrezinha, mas acho que valeu a pena. Por ela e por Véia.
Porque Véia (ou Kitty para vocês que não são tão íntimos) está preenchendo os
episódios com performances, caras e bocas maravilhosas. O problema é que se
Véia fica boa temos que ter a nova inimiga do Glee Club. Sue Sylvester, que não
pode mais ser a agente principal da ação, escala a “Cheerio Chocolate” para um
ciclo interminável de meninas más que descobrem o quanto é legal ser do new
Directions e se rendem depois. Confesso certo cansaço dessa história que já foi
de Quinn, de Santana, de Véia e agora de Choco-Cheerio, mas é isso que tem para
hoje, aparentemente.
Não deixo de concordar em um
ponto. Todo mocinho precisa de um vilão. É o inimigo o vetor de motivação e
assim, uma cheerleader do mal é sempre necessária na receita, porque se todo
mundo ficar numa boa o tempo todo não dá mais para fazer piada. Ou dá. Vejam o
exemplo de Sam, que assumiu mesmo ser a Britanny de calças e virou o palhaço da
série. Adoro cada cena dele (apesar do cabelo) e fiquei tentando entender
porque agora ele tem que se “apaixonar” por uma idosa (essa nem véia pode ser) que
testa injeções em salsichões? Sei lá. Deveriam investir nele e Tina, quem sabe?
Parece mais produtivo.
Fora dali, em New York, titia
Ryan Murphy perde o amigo, mas não perde a piada escrota com Smash. Meu amor
por esse homem só faz crescer, confesso, mas só porque sei que não terei de
aturar Rachel nos plots chatíssimos desse outro musical cujo nome nem gosto de
repetir. Aliás, Rachel está cada vez mais deslumbrante nos números musicais e,
na companhia de Santana e Kurt está conseguindo fazer render esse núcleo que
tinha tudo para ficar no ostracismo. “Get Back” e “Let It Be” ficaram ótimas,
mas foram ofuscadas pelo amor e sedução que vinha dos olhares entre Santana e
Dani.
Fiquei muito satisfeita com a
participação de menina Demi Lovato, que tem amadurecido na carreira e é uma
graça no The X Factor. Simplesmente vou com a cara dela e nas cenas com
Santanão, conseguiu criar um clima diferente e interessante. Sem Britanny na
parada, Santana tem a chance de explorar quem realmente é e testar a si mesma
em novos relacionamentos. Mesmo que não dure muito (claro que não vai durar, é
só uma participação de Deminha) acho a iniciativa excelente, só por tirar a
personagem da zona de conforto e de toda a segurança usual que a envolve. O
número musical “Here Comes The Sun” foi um plus que aceitei de bom grado, pela
ternura e romantismo que transmitiu.
Pessoalmente, achei que “Sgt.Pepper’s
Lonely Heart Club Band” acabou ofuscada pelo excesso de “tremeliques” de todos
no palco da festa do colégio, mas “Hey Jude”, por outro lado, esbanjou
qualidade.
Após dois episódios felizes, no
entanto, sabemos que precisamos estar prontos para “The Quarterback”. A
felicidade de Rachel, nossa Funny Girl, está prestes a sobre um baque e dessa
vez, ficção e vida real vão se misturar de um jeito bastante amargo.
P.S*Para que serve Will
Schuester? Até Figgins tem mais valor que ele atualmente.
P.S* Roz Washington tem senso de
ética. Quem diria?
Músicas no episódio:
"Revolution" – The Beatles: Tina (Jenna Ushkowitz)
"Get Back" – The Beatles: Kurt (Chris Colfer) e Rachel
(Lea Michele)
"Something" – The Beatles: Sam (Chord Overstreet)
"Here Comes the
Sun" – The Beatles:
Dani (Demi Lovato) e Santana (Naya Rivera)
"Sgt. Pepper's
Lonely Hearts Club Band" – The Beatles: Wade "Unique" (Alex Newell), Marley (Melissa
Benoist) Jake (Jacob Artist) e Ryder (Blake Jenner)
"Let It Be" – The Beatles: Santana (Naya
Rivera), Rachel (Lea Michele), Kurt (Chris Colfer) e New Directions
"Hey Jude" – The Beatles: New Directions