Essa semana completamos dez anos
ao lado de Grey’s Anatomy. Uma relação longa, recheada de risos e lágrimas e
que justamente pelo constante vendaval de emoções sofreu algum desgaste. Essa
percepção vem das primeiras impressões após assistir à Premiere da Season 10.
Para quem, como eu, vinha num onda de puro amor com a série, pareceu estranha a
sensação de que o episódio duplo foi desnecessário. Longo e moroso, causou
pouca emoção com os casos apresentados e enrolou preciosos minutos em assuntos
desgastados. Não foi uma boa Premiere. Esse episódio não será lembrado por ter
feito ou trazido algo novo. Foi apenas o mais do mesmo da série, talvez o mais
do mesmo do que Grey’s tem de mais monótono, porque até as mortes de personagens
já viraram rotina e não impressionam mais ninguém. Essa é a grande verdade.
Desde a Finale passada eu já
sabia que Richard não morreria. Até aí, tudo bem. Mas levaram mais de um ano
(foi como pareceu em medida de tempo para mim) para encontrarem o coitado
eletrocutado. Outro ano para decidirem a cirurgia e mais um ano com a mãe de
Avery berrando como uma viúva desesperada. A história valeu por Bailey, pelos
diálogos com Cristina e Meredith, mas foi só. Não havia nada ali que instigasse
que te levasse às lágrimas ou te fizesse rir. Foi apenas uma trama boba que
tinha que acontecer porque, enfim, estava no roteiro e não dava para excluir.
Já o acidente com Brooks era
dispensável. Para quê matar a menina? Para chocar? Porque não cumpriu a tarefa.
Não assusta, não emociona, nada. Não causa nenhum único efeito além de “ah,
mataram mais um interno, olha lá”. Está na hora de “a showrunner que não deve
ser nomeada” repensar seus conceitos e hábitos.
Especialmente porque um dos maiores trunfos da série (Cristina, não se
vá!) está oficialmente de saída e de uns tempos para cá, nenhum personagem novo
consegue cativar de fato. A não ser que alguém aí surja e diga que é super fã
dos internos ou até de April, que parece um disco riscado e volta monotemática
como sempre. Excluo apenas Avery da lista porque o personagem conseguiu se
firmar nos últimos tempos, mas não perdoo nenhum outro.
É claro que houve coisas boas.
Mas elas poderiam ser melhores. Callie, por exemplo, teve momentos excelentes e
cheios de histeria, demonstrando que assim não dá mais e que existe um limite
para tanta coisa errada acontecendo. Callie foi ótima desabafando, chorando,
bêbada, furiosa. Ela só pecou ao não realizar nosso sonho de espancar Arizona
usando a pena postiça como arma. Mas também não quero culpar a personagem.
Arizona não merece nosso ódio, afinal, quem está destruindo tudo é a “showrunner
que não deve ser nomeada”.
Vi alguma graça na relação de
Alex e Izzie, digo, Jo. Também foi bom ver Cristina e Owen num looping de “despedidas”,
colocando em xeque um pouco da fragilidade emocional de Cristina. Não imagino
essa série sem ela, mas estou curiosa para saber qual será o rumo das coisas.
A homenagem ao trabalho
incansável dos bombeiros e paramédicos não passa incólume. É justa e merecida,
mostra profissionais que arriscam suas vidas para salvar outras pessoas, mas no
final das contas, não me apeguei a nenhum caso especifico e acho que o objetivo
se perdeu entre o banho de cocô em Stephanie e a bactéria que se alimentava de
carne humana. Também forçaram a barra por horas sobre a casa daquela senhorinha
e não vi qualquer valor emocional embutido nas cenas que conectavam o caso.
A narração de Richard foi boa e
talvez um dos poucos toques de sensibilidade que realmente funcionaram no episódio.
O foco massivo nos internos mais inexpressivos da história da série não ajudou
em nada e eu não via a hora de mudarem de cena quando eles apareciam mostrando
o quanto são desligados uns dos outros e incapazes de expelir uma gota de
carisma.
O tempo todo eu torcia para saírem
dos internos e nos levarem para o quarto de Meredith, enquanto ela encomendava
papel higiênico para o estoque do hospital, em crise depois de mais um desastre
que atingiu a região. Infelizmente, insistiam em mostrar Jo, Stephanie, Leah e
Shane numa espiral de babaquice. E isso não acaba por aqui, já que a morte de
Brooks deve causar algum efeito na vidinha dessas criaturas que queremos ver
pelas costas.
Minha conclusão é a de que toda a
história caberia em 40 minutos. Episódios duplos não deveriam ser usados como
um artifício comum. São apenas para ocasiões especiais e grandes histórias, o
que não se encaixa nem um pouco com o texto apresentado. Uma pena que, mais uma
vez, o ego de sua criadora coloque Grey’s Anatomy numa posição ruim.
P.S* Uma série que vinha num
ritmo tão bom e que fez uma temporada tão bacana no ano passado não precisava
disso para “chamar a atenção”. Grey’s Anatomy funciona melhor quando aposta na simplicidade.