terça-feira, 9 de julho de 2013

Skins 7x01/02: Fire (Parts 1 & 2)


É fogo que arde sem se ver.
Foi grande a espera pela derradeira temporada de Skins, que escolheu três de seus muitos personagens marcantes, para essa despedida. Depois de acompanharmos as desventuras de cada geração, a série nos dá a chance de olhar novamente para algumas trajetórias. Além de Effy, que é a grande estrela dos dois primeiros episódios, teremos também Cassie e Cook. Esse último, talvez, o que gera menor expectativa entre os fãs, porque no geral, nunca foi um dos favoritos do grande público.
O principal nos dois episódios que inauguram a sétima temporada é o amadurecimento dos personagens e da trama, que tenta nos dar um vislumbre do inicio da vida adulta de nossos velhos conhecidos, mas em nenhum momento perde a essência de Skins. É outra série, mas ao mesmo tempo as principais características se mantêm. Em termos de estrutura narrativa, principalmente, já que o roteiro continua escolhendo um foco central (Effy, no caso de Fire), acrescentando sempre uma ou duas figuras do círculo de amigos para ajudar a “rechear” a história. É preciso notar, no entanto, que Fire consegue trazer novos personagens e lhes conferir personalidade e importância em apenas dois episódios. Dominic (Craig Roberts) e Jake (Kayvan Novak) são exemplos claros disso.
A escolha do nome não poderia ter sido mais apropriada e faz alusão à personalidade ardente de Effy, algo que ela já mostrava em suas aparições pontuais ainda na primeira temporada, quando era retratada quase sem diálogos, como a estudante dissimulada e que levava uma vida secreta intensa, longe dos olhos dos pais. A partir da 3ª temporada pode-se dizer que Effy ganhou voz e destaque. Além de ser uma personagem de ética controversa e atitudes que quase sempre são apenas para seu próprio beneficio, Effy mostrou inseguranças e adquiriu traumas. Obviamente, o talento de Kaya Scodelario (e a beleza da atriz) contribuíram para que Effy se transformasse no maior ícone de Skins e para que ela fosse uma escolha certeira para agradar aos fãs da série nessa temporada final.
Pessoalmente, nunca fui grande admiradora de Effy. Sempre preferi “personagens menores” por assim dizer, mas é preciso admitir que em Fire é impossível ficar indiferente aos olhares de profundo significado e ao que os roteiristas reservaram para ela. Foi a primeira vez que gostei de Effy, de verdade. Provavelmente há mais pessoas que compartilham desse sentimento, mas ainda acredito que a grande maioria já era “refém” muito antes disso.
O que vemos nesses episódios é verdadeiro e tem consequências, algo muito importante e que faz parte da vida adulta. Ainda assim, é possível a menina que não tem medo de seduzir para conseguir o que deseja. É fácil enxergar em Effy a pessoa que ela realmente é. Intensa, manipuladora, mas nem por isso, má. No fundo Effy é uma garota que faz o que pode para ser amada e isso se estabelece facilmente nas relações com Dominic e Jake. O primeiro é o cara que ela mantém por perto para alimentar seu ego e o outro é o cara que ela realmente deseja e por quem sente atração física. Se formos analisar, Effy gostaria de ter uma mistura de Jake e Dominic. Esse seria seu “homem ideal”, mais ou menos como na relação que ela manteve com Cook e Freddy (aliás, achei Jake uma versão adulta e encorpada de Freddy).
Mas agora, Effy não quer apenas manter os olhares masculinos. Isso é apenas parte do pacote ideal de felicidade que ela imagina para si. O principal é o sucesso profissional e Effy mostra o quanto é ambiciosa e vai misturando as coisas até conseguir o que deseja. Ela usa Dominic para conseguir uma promoção no trabalho e usa o trabalho para dormir com o chefe. Quando tudo desaba, ela pode ver quem realmente se importa com ela, embora fosse óbvio desde o principio.
No mundo dos adultos, Effy aprende que é preciso saber dosar seu poder e que, apesar de a sedução ser um facilitador, não garante absolutamente nada. É um choque de realidade perceber que a brincadeira acabou e que ela vai ter de arcar com as consequências. No caso da compra e venda de ações com informação privilegiada, Effy precisa virar mulher de uma vez por todas. Ela sabe que será presa, mas aproveita a oportunidade como recomeço.
Muito disso se dá também por sua relação com Naomi. O paralelo do sucesso e fracasso com as duas personagens é extremamente bem trabalhado. Enquanto Effy sobre dois degraus de cada vez e dá passos maiores do que suas pernas podem suportar, Naomi não pode pegar atalhos, porque ela mal sabe o que realmente quer fazer da vida. Para ela, a adolescência se prolonga, mas não por muito tempo. Em meio às bebedeiras, drogas e irresponsabilidade, vem o câncer e a morte se aproxima cada vez mais.
Enquanto Effy esbanja frieza e demonstra até falta de paciência, Dominic é só doçura e Naomi espalha verdades dolorosas. Para quem sempre gostou do casal que ela forma com Emily, esse final deve ter tido um gosto amargo, mas afinal, Skins nunca foi uma série sobre finais felizes e essa essência não poderia mudar agora.
O que essa última temporada vem mostrar é que mesmo quando não podemos ver o tempo não para. Entre erros, acertos, amores, decepções, despedidas, dores e sucessos a vida continua. No caso de Effy, a percepção de tudo isso é que vai levá-la ao próximo capítulo de sua história, mas que ninguém se engane sobre a menina aprendendo a ser gente grande. Dentro dela, o fogo nunca deixará de queimar.
Comentários
7 Comentários

7 comentários:

Lucas disse...

Ignoraram a terceira geração né. Poderiam ter excluído o mala do Cock e colocado a Mini e o Alo.

Rodolfo Costa disse...

A 3ª geração rendeu a menor audiência da série. Já a 2ª geração - apesar de muito criticada - mantinha bons índices. Acredito que este seja o motivo para trazer Cook de volta. Além disso, a 3ª geração teve um desfecho, ao contrário das anteriores.

Carol disse...

Fiquei surpresa com o quanto eu gostei desses dois episódios. Também nunca fui muito fã da Effy, mas ela me consquistou de vez e fiquei ate com vontade de terminar a quarta temporada, que achei tao ruim que nao passei da metade. Ansiosa pelo episódio da Cassie!

Ana disse...

Achei o roteiro muito incoerente.. Uma pena, ela poderia ter trabalhado tantas coisas... Decepcionada!

Lucas disse...

Esses roteiristas de Skins têm um forte fetiche por mortes!! Não aliviaram nem em "especial". Ficou tão clichê, que nem emociona!

Ailma disse...

Porra, eu nem sei se tenho adjetivos pra elogiar essa review. Ta muito, muito foda. Mas enfim, quanto aos episódios, eu não tenho do que reclamar. Foram bem escritos, produzidos, estrelados... Claro que eu preferia a Naomi viva, mas não seria Skins sem uma morte na temporada.
Embora eu goste de muitos personagens da 3ª geração e considere a 5ª a melhor temporada de Skins, tenho a 6ª como a pior, então não sinto falta deles. Agora quero que Pure voe pra ver o Cook logo. E espero que o JJ apareça nos episódios dele. Muita saudade desses dois que, pra mim, são um dos melhores personagens da história de Skins.

Thiago Duarte disse...

Gostei desse especial sobre a Effy, o tempo passou voando enquanto assistia e trato isso como um bom sinal, mas só de pensar que ainda tem um especial sobre o Cook, já me desanima, gostava um pouco dele na série, mas acho que não merecia um especial, ansioso para ver o da Cassie.