A vez de Steve
Wonder.
Depois de dar uma derrapada e fazer um episódio
completamente esquecível, Glee segura suas próprias rédeas, acerta o roteiro e
se prepara para a Season Finale dessa temporada. Não restam dúvidas de que esse
episódio foi bastante superior ao anterior, não só por conseguir recuperar a
história, mas pela escolha certeira em homenagear o grande artista que é Steve
Wonder. Com as canções perfeitamente escolhidas, foi bem mais fácil embarcar na
trama, embora eu deva confessar certo esforço para não me deixar levar pela
ira.
Apesar de eu reconhecer as qualidades citadas, tenho um
baita problema com a presença de Amber Riley e sua chatíssima Mercedes. Sim, é
uma questão totalmente pessoal. Eu detesto a personagem e não acho que ninguém
precise ouvi-la berrar duas músicas, quando uma já exige esforço para suportar.
Mercedes foi uma das “perdas” no elenco que jamais senti e não é sem incômodo e
sem revirar os olhos que vi seu retorno como “grande influência” para o novo
New Directions. Entendo que titia Ryan Murphy a adore e a ache uma diva da
black music, mas já deu tempo de ele notar que a moça tem um probleminha quando
o assunto é carisma, já que nunca, em quatro anos de série, vi qualquer ser
humano se pronunciar como fã da dita cuja.
Pois bem, dito isso, é preciso notar que Mercedes aparece
como uma espécie de substituta para Finn. Se o episódio passado foi picotado
para ajustar a continuidade, a estratégia começou a funcionar. Com as Regionais
chegando, o foco do New Directions é a necessidade de confiança para vencer,
especialmente depois do fiasco na primeira parte da competição, com Marley
desmaiando e tudo o mais.
Nesse sentido, a aparição de Mercedes, Kurt e Mike Chang é
pontual, porque eles já foram campeões e são especialistas em canto e dança,
então, podem ajudar a ajustar as estratégias e a potencializar talentos. E
claro, o talento fica concentrado no casal formado por Marley (e eu) e Jacob,
afinal, a voz dela é lindíssima e ele já provou ser um ótimo bailarino em suas
constantes piruetas.
Mas não é só de Jarley que o Glee Club se alimenta e, assim,
vimos Kitty, essa veia linda, ganhar seu primeiro solo. Kitty, que começou
despertando ódio no coração dos fãs de Glee, conquistou espaço e mostrou ser
uma personagem interessante, em diversos sentidos. Adorável a apresentação de “Signed,
Sealed, Delivered I’m Yours”, com direito a coreografia safadinha e super
divertida, para provocar muito o coitado do Artie. Acho que minha raiva por
Mercedes já começa daí, porque ela tem coragem de dizer que Kitty não foi “sassy
enough”. COMO ASSIM, MINHA FILHA? Kitty foi abusadíssima e mandou super bem,
inclusive, respondendo Mercedes à altura. Para uma cantora de carreira bem
sucedida, ela está com tempo de sobra pra perder com o ND.
Kurt também lança seu veneno contra Kittyzinha, mas estou
relevando pelo câncer de Burt. Câncer CURADO, aliás. Fico aqui imaginando como
vão tentar matar Burt da próxima vez, porque isso já virou rotina. Por sorte
ele tem no peito o coração de um babuíno e sobrevive a mais essa tentativa de
assassinato por parte dos roteiristas. O lance é que os caras que escrevem Glee
querem, desesperadamente, incluir mais Burt (já que é sabido que todos amam Burt),
mas acham que para isso, têm de colocá-lo num hospital ou coisa do tipo, porque
aí Kurt pode cantar para o pai e fazer o mundo chorar. Pessoalmente, achei
ótima a performance de “You Are the Sunshine of My Life”, mas não derramei uma
lágrima. Acho que por já estar acostumada com os perigos que rondam a vida de
Burt, ou pela música ser mais animadinha.
E já que estamos falando de pais, Artie ganhou uma mãe de
verdade, com a participação de Katey Sagal. Como sou fã de Artie e ele aparece
muito pouco, só posso dizer que fiquei feliz em ver que ainda há assunto novo a
respeito dele e de seu medo de enfrentar a vida sozinho, numa cadeira de rodas.
É tocante e apropriado, porque deve mesmo ser terrível não ter a família por
perto quando as dificuldades são tantas e a acessibilidade ainda é um problema
na maioria dos lugares. Aqui, Kitty também teve um papel bacana, fazendo Artie
enfrentar a verdade e ter mais coragem para falar abertamente com a mãe e
assumir que, apesar da cadeira de rodas, ele pode e deve ter uma vida
absolutamente normal.
O que não é nada normal é a ideia de Blaine em pedir Kurt em
casamento, mas, mais uma vez, a trama foi conduzida muito bem. Voltamos ao
desespero de Blaine pela separação e essa ansiedade por estar perto de Kurt sem
ter o relacionamento definido. Claro que o roteiro é utilizado para levantar a
bandeira do casamento gay, o que é ótimo (e muito cabível com o momento que
estamos vivendo), mas Burt coloca os contrapontos todos ali, não pelo casamento
em si, mas porque os dois são muito novos e Blaine não está raciocinando
claramente sobre suas pretensões muito antecipadas. O diálogo foi um dos
highlights do episódio.
No fim das contas, depois de um monte de canções
maravilhosas (fazendo menção aqui ao nome genial desse episódio), como “For
Once in My Life”, “I Wish” e até (tá vou incluir as de Mercedes, mas só por
causa do Steve Wonder mesmo, porque só ouvirei as originais e nunca as versões
cantadas por ela) “Superstition” e “Higher Ground”, o New Directions parece
preparado para enfrentar esse novo desafio, que não pode ser desperdiçado de
modo algum, inclusive porque eles só vão competir por causa do fator sorte.
Em New York, Rachel segue vivendo seu grande momento de
expectativa, esperando para se apresentar no callback de Funny Girl, mas já
agradecendo (antecipadamente) a Will, caso ela esqueça isso no discurso do Tony
Awards. O legal aqui foi o encerramento da história com Cassandrinha July, que
foi algoz de Rachel a temporada toda, mas aparece agora para dizer que foi tudo
para desenvolver o potencial dessa maravilhosa pupila. Gostei muito de tudo,
seja da pressão que ela finge colocar em Rachel ou da homenagem com “Uptight
(Everything’s Alright)” feita por ela e pelos estudantes de NYADA, mas não dá
par fingir que esse desfecho é um baita clichê.
Essa história de professor que pressiona aluno pra desenvolver a “casca
grossa” é bem batida, mas realmente funcionou aqui e teve um ótimo resultado.
P.S*Expressão fácil de Kitty para Mercedes durante “Higher
Ground”: cara de nojo que me dá orgulho e me representa.
P.S* Sam levantando todo serelepe quando chamam o ‘cara que
vai liderar o ND’: com certeza ele fez aquilo fora do script e mantiveram
porque foi bom demais.
P.S*Mercedes acha que Kitty não é ousada o suficiente, mas
tem pudores em tirar foto pra capa de seu CD sem um pano de bunda cobrindo o
colo (e o vestido dela era bem discretão, convenhamos). SENTIDO, CADÊ?
P.S*Ninguém dança mais e melhor que Mike Chang, desculpaê
Jacob.
Músicas no episódio:
"Signed,
Sealed, Delivered I'm Yours" - Stevie Wonder: Kitty (Becca Tobin)
"Superstition"
– Steve Wonder: Blaine (Darren Criss), Mercedes (Amber Riley) e Marley (Melissa
Benoist)
"I
Wish" – Steve Wonder: Jake (Jacob Artist)
"You
Are the Sunshine of My Life" – Steve Wonder: Kurt (Chris Colfer)
"Uptight
(Everything’s Alright)" – Steve Wonder: Cassandra (Kate Hudson)
"Higher
Ground" – Steve Wonder: Mercedes (Amber Riley)
"For
Once in My Life" – Steve Wonder: Artie (Kevin McHale)