Noções saudáveis do que significa diversão.
Não tem como começar
falando do episódio dessa semana de Game Of Thrones sem citar as sádicas
atividades, que não parecem nem um pouco divertidas, mesmo na ficção. Duas
sequências, em especial, chamam a atenção e, é claro, uma delas está estampada
ali na foto.
Qualquer um que assista à série não vai achar que a batalha
de Brienne e o urso (o nome dele é Bart, The Bear, um fofo na vida real!) seria
impossível de acontecer, mas com certeza, o choque toma conta. Pelo menos de
quem não faz ideia do que esperar do retorno de Jaime a Harrenhal. Fiquei
esperando um estupro coletivo, mas não uma aquilo. Brienne, de vestido e
espadinha de madeira, lutando contra o urso mais imenso do mundo. E Jaime entra
na arena, maneta, para ajudá-la e usar o pouco poder de barganha que tem nesse
momento. O senso de compromisso que ele tem é realmente profundo e tudo isso
faz com que a gente goste ainda mais dele, mesmo que Jaime já tenha
defenestrado Bran (ou talvez, também por isso).
Além desse, outro momento visual de grande impacto está na
tortura de Theon. Não sei por que estão fazendo isso, mas é incrível. A coisa é
de uma crueldade marcante. Além da dor
física, visa também ao escracho moral. Theon já está prostrado de qualquer
orgulho e tão diminuído que a morte parece um alento. Nesse caso, no entanto,
vale notar que a cena é puramente para incluir um momento de emoção, porque
utilidade mesmo, ela não demonstrar ter. E nessa toada, podemos citar ainda
Robb, que, aliás, roubou o posto de Jon Snow de “inútil da temporada”. Daria para
traçar todo o pouco desenvolvimento dele em apenas uma cena com os diálogos
corretos. E sim, estou incluindo até o casamento do tio aqui e a notícia de que
vai nascer o mais novo bebê Stark.
Não que Jon esteja numa crescente de grandes reviravoltas,
mas ele agora conseguiu evoluir e já faz caminhadas em solo fértil também, não
apenas no gelo. Os diálogos dele com Ygritte pouco acrescentam, desculpem
dizer, porque ficam repetindo apenas que eles são um casal (não tradicional),
que precisam confiar um no outro e toda a patacoada de sempre.
Já estava quase
colocando Arya entre os inúteis, por conta da ladainha que se tornou tudo em volta
dela, mas então ela foge e acaba nas mãos do Hound e isso muda um pouco as
coisas. O mesmo vale para Gendry, que ganha consciência sobre quem é seu pai e
é levado para cumprir alguma missão estranha, sob a tutela de Melisandre. Resta
saber se o irmão de Robert, Stannis, vai curtir esse sobrinho bastardo.
O que continua sem sair do lugar é o plot de Bran e os
sonhos. Cada cena dessas é de uma perda de tempo incrível, mas insistem em
fazer a mesma coisa, em uma locação bucólica diferenciada. Em Porto Real o
desenvolvimento também parece estar em marcha lenta, quase parando. Mais um
episódio debatendo prós e contras dos casamentos de Sansa e Tyrion, com o
requinte dos diálogos sobre querer ou não dormir com a menina. Margaery, apesar
de também já estar na fase do repeteco, tem ótimo domínio de tela, embora
gostemos mais de ver Olenna em ação.
A audiência de Tywin com Joffrey foi bastante tensa e deixa a
impressão de que esses dois vão bater de frente e que a desvantagem pode ser do
mais velho. Está óbvio que Tywin queria apenas dar uma surra de vara no neto
petulante e folgado, que acredita ser um grande monarca pelo simples fato de
estar sentado no trono de ferro. Adorei a sugestão dele de “fazer alguma coisa
a respeito” de Daenerys e fiquei imaginando como os dragões o destruiriam com
facilidade. E sendo libertadora de escravos (e mais 800 títulos à escolha do
fã), Daenerys não poupa esforços para aumentar suas forças de combate, chantagear
e ganhar novos aliados fiéis. O diálogo dela merece destaque e foi um dos mais bem
executados do episódio.
As cenas mais fortes e mais marcantes deram conta do recado
e não deixaram o episódio ficar chato. O mérito é também da edição, que fez milagre
com o conteúdo e conseguiu colocar as informações de verdade em espaços muito
bons e que deram ritmo. Apesar de tantas coisas praticamente sem sair do lugar,
acredito que o impacto gerado é positivo.