Só começa quando acaba.
Existe alguma ironia muito louca
no fato que essa quarta temporada de Community começou de verdade agora, no
último episódio. Sem dúvidas, essa Season Finale é o melhor episódio exibido,
num ano em que vimos uma das comédias mais brilhantes já criadas definhar e
seguir aos trancos e barrancos. Como a idolatria por Community é extensa e intensa,
há quem prefira dizer que “houve muitas arestas a aparar” ou que a série “fez o
que pôde no meio da confusão”. Não discordo, mas não aceito nada disso como
desculpa. Community tinha estilo marcante e um caminho sólido, que ficou um
pouco manchado depois dessa temporada.
A boa notícia é que vêm mais
episódios por aí, provavelmente só na Mid-Season 2014, mas não dá para
reclamar. Depois de a série passar por esse período probatório, acredito que os
roteiristas perceberam que Community tem que fazer o que Community sabe fazer.
Sem mudar de público alvo, sem tentar abraçar o mundo com as pernas. Basta
seguir a receita simples dessa Finale em que, usando a mitologia da série e
elementos que sempre agradaram aos fãs, foi possível entregar um episódio bem
escrito, engraçado e com boas atuações.
Vale dizer que o episódio foi feito, também, para servir
como o desfecho da série. Talvez por isso tenhamos visto tantas resoluções e referências
bacanas. A formatura antecipada de Jeff veio se desenhando desde o começo da
temporada e, com o resgate do lance do dado, universos paralelos e da “darkest
timeline”, tudo funcionou às mil maravilhas.
Vimos um Jeff diferente daquele que conhecemos na Season 1.
Mais sensível (ou quase) e mais aberto para os amigos. Tanto que sente a
necessidade de ter uma cerimônia de formatura com todos presentes, além de
duelar internamente sobre aceitar a sociedade em seu antigo escritório de advocacia.
A prova cabal de que Jeff amoleceu (Dean Pelton não aprova o uso dessa palavra
para descrever Jeff, mas uso mesmo assim) está no fato de que sua formatura é
praticamente um casamento com o reitor. Aliás, a ambientação da festa é
sensacional e contou até com o sumido ‘Human Being’, símbolo máximo de
Greendale.
A invasão da timeline do mal foi uma ótima proposta, que
ficou ainda melhor com o paintball 3.0. Muito bom o uso desse artifício na
batalha entre as dimensões, ganhando o twist de fazer o inimigo parte
integrante do ‘Blue Men Group’, com posterior desaparecimento.
O encontro de cada um com seus alter-egos malignos foi
excelente. Evil Jeff (com braço biônico) e Annie safadinha, Troy com voz de
robô, Shirley bêbada, Britta chatonilda (oh, wait!). Nem Pierce ficou de fora e
apareceu com perna de rodinha de monociclo, atirando em si mesmo como se isso
fosse a vitória. Como propuseram a formatura para o personagem, acho que esse
episódio marca a despedida definitiva de Pierce, embora já existam rumores de
que até Dan Harmon pode voltar, então não quero afirmar absolutamente nada.
Esse foi um episódio sentimental e que daria um final “amarrado”
para Community, na medida do possível, caso a renovação não viesse. Já que essa
saga continua, ainda há muito que explorar, porque Jeff rasgou o diploma, Chang
foi engolido pela timeline “dumal” e ainda há muita gente planejando destruir
Greendale. Possibilidades não faltam e assunto nunca foi exatamente o problema
de Community. A série sofreu em qualidade a partir do momento em que tentaram
descaracterizá-la, mas parece que o problema foi resolvido com as novas armas
de paintball que aparecem no episódio. Que os vilões que tentaram destruir
Community nunca mais possam atacar e que a Mid-Season 2014, se passe somente na
timeline “paz e amor” para os fãs da série.