Parece que depois de muitos apelos e pedidos de socorro,
Community resolveu aproveitar o clima dado pelo nome do episódio para salvar o
público (da morte por tédio) e a si mesma. Com um roteiro muito bem elaborado e
muito bem trabalhado, a série consegue trazer à tona aquela empolgação dos anos
anteriores. Como a temporada é curta e se encerra já na próxima semana, fica difícil
desejar que a coisa engrene daqui em diante, mas fica o registro de que, mesmo
no fim, ganhamos texto e atuações bacanas e que mexem com a mitologia da série.
A ideia de linkar fatos do passado e mostrar que todos do
grupo de estudo deveriam se encontrar por obra do destino é ótima e deixa um
gostinho de encerramento, de despedida. Obviamente esse episódio foi escrito
com o pensamento num possível cancelamento, mas a essa altura do campeonato, as
probabilidades estão a favor de Community e há sim, chances reais de uma 5ª
temporada, provavelmente nesse esquema mais enxuto, afinal, faltariam apenas
quatro episódios até o syndication (que é de 88 episódios) e assim a produção
valeria mais, comercialmente falando.
Com essa proposta, ganhamos a chance de voltar ao passado e
descobrir como cada aluno foi parar em Greendale e como cada um deles
interferiu na vida dos outros. Minha parte favorita foi a de Abed prestando um
serviço de utilidade pública nas portas dos cinemas, avisando sobre o quanto as
continuações (na verdade os prequels) de Star Wars são péssimos. Ri a cada
menção da palavra ‘Midichlorians’, até porque a expressão facial de Dany Pudi
estava impagável. Revoltado e inexpressivo ao mesmo tempo. Não fosse por ele,
os filhos de Shirley nunca teriam ligado para a mãe, Andre não seria abandonado
e não teria dormido com uma prostituta. E se Jeff não tivesse libertado a tal
mulher isso também seria evitado, assim como o vício de Dean Pelton por vestir
roupas femininas.
A construção dos fatos foi bem feita e interessante de
acompanhar. Daria também para ressaltar a relação entre Troy e Annie (fiquei
horrorizada com ela atravessando a porta de vidro) e a breve carreira
anarquista de Britta, assim como o fato de que cada desastre levou essas
pessoas a buscar consolo no ‘frozen yogurt’, justamente quando Señor Chang distribuía
os panfletos de Greendale.
Com o desaparecimento de Pierce (acho que ele não dará as
caras na Finale), Kevin pode e deve começar a integrar o círculo do grupo de
estudos com mais frequência, além de ser um aliado potencial contra o novo mega
vilão que tentará destruir Greendale. Achei bom que Chang não tenha sido o
executor no caso do aluguel, mas é óbvio que no próximo episódio veremos algum
golpe em ação. E aquele sintetizador de voz megaevil é simplesmente
maravilhoso. Sem ele o clima de terror jamais seria o mesmo.