O que acontece quando as luzes se apagam?
Se eu fosse responder com honestidade à pergunta aí de cima,
pensando em Glee, é claro, eu diria que, quando as luzes de apagam, a ilha de
edição é invadida por Gremlins (joguem no Google se não souberem o que são esses
bichinhos lindos e sapecas) e o resultado é um episódio em os recortes e as
introduções de cenas e números musicais ficaram sem sentido. Pois é. Raramente
comento esse tipo de detalhe tão técnico nas reviews, mas não dá para deixar
passar, porque o descuido foi gritante. Em quatro anos de série não me lembro
de ter presenciado um desastre de edição como foi ‘Lights Out’. Mas é claro, há
uma explicação. Embora não seja possível aceitá-la na totalidade.
Creio que, quem é fã de Glee tem um interesse mínimo pelo
universo dos atores da série, então a internação de Cory Monteith numa clínica
reabilitação não é novidade. E só estou tocando nesse assunto, porque Finn,
originalmente, era parte ativa e integrante desse episódio, mas por ter se
afastado das gravações para seu tratamento, algumas coisas precisaram ser
mudadas.
Até aí, tudo bem, não é mesmo? Um imprevisto de produção. Só
que nessa toada, não foi possível fazer um episódio coerente. Houve momentos em
que eu simplesmente pausava as cenas, grudadas sem nenhuma sequência lógica e
ficava perguntando: como chegamos aqui? Mas não havia resposta. Simplesmente
cortaram tantas cenas para não comprometer a reta final, que destruíram um
episódio inteirinho. Espero que essa manobra não continue a prejudicar os dois
últimos episódios dessa que foi uma ótima temporada (até aqui), porque seria um
pecado.
Em Lima, ficamos com as luzes apagadas e a proposta de criar
apresentações musicais com uso de recursos mais simples coube muito bem,
inclusive para pontuar o novo desafio do New Directions: Frida. Antes mesmo da
temporada começa, haviam anunciado a participação de Jessica Sanches (que foi
um destaque imenso na edição 2012 de American Idol, vale ver uns vídeos da
moça, caso não a conheçam), então, fiquei esperando para ver onde ela seria
encaixada e a escolha parece apropriada. Toda a potência vocal de Frida lança
os membros do New Directions numa busca por formas de trabalhar suas vozes e
suas habilidades musicais. Gostei bastante das apresentações de “You’ve Lost
That Lovin’ Feeling” e de “Everybody Hurts”,
cantada por Ryder e que já havia aparecido na última temporada de The
Glee Project.
Fiquei estranhamente emocionada com essa música e com a
revelação de que Ryder sofrera abuso sexual de sua babá. O debate sobre esse
crime, no entanto, não foi exatamente muito eficaz, embora tenha havido grande
esforço no roteiro para colocar diversos pontos de questionamento, ao incluir,
também, o drama vivido por Kitty. Acho que alguma coisa não funcionou muito
bem, porque a coisa toda deveria ser bem mais revoltante. E não estou dizendo
isso porque os meninos começaram a dizer que ser abusado no chuveiro pela babá
de 17 anos é p sonho de todo garoto. Acho que esse enfrentamento foi cabível,
porque muita gente pensa exatamente assim, embora, para Ryder, a experiência
sexual tenha tido efeitos traumáticos.
Acho que o que empobreceu a trama foi o lance de Katie. A
tentativa de criar aí um grande mistério já está além do ponto, porque apesar
da curiosidade que temos, esse não é, nem de longe, um foco central para Glee e
para os fãs. No entanto, acredito que unir Ryder e Kitty pode ser um acerto,
até porque a “véia” (como Kitty é chamada pelos íntimos) tem ganhado mais e
mais fãs.
Ainda falando em New Directions, foram bacanas as apresentações de “Longest Time” no estilo acapella e de “We
Will Rock You”, com bateção de latas de lixo e garrafas. Essa última proposta não é realmente muito
original, mas tudo bem. O importante é o resultado.
Uma trama que ficou bastante perdida foi a que dá
continuidade às consequências do “tiroteio”. Começando por Blaine estar fazendo
aeróbica (alô, alô, anos 80!) na aula conduzida por Sue e, mais tarde, com ela
observando o treinamento de Roz, cantando “Little Girls”. Nada contra a música.
Achei ótima, inclusive por homenagear a atriz Jane Linch, que vai cantá-la na
Broadway, onde estreará com o musical Annie. Porém, não faz sentido algum Sue
estar ali, tendo aquela conversa com Becky, sem mais nem menos. Sei que algumas
sequências desse plot foram retiradas da edição final (basta olhar a coleção de
fotos do episódio para saber e tirar a prova), então o resultado incoerente não
poderia ser outro.
Em NY, tudo se movimenta graças a uma fofoca de Tina e caímos
num papo sobre balé, que veio... De onde mesmo? Ah sim: DO NADA. Então trazem
miniaturas de Rachel, Kurt e Santana, botam as crianças com um tutu e vamos
dizer que balé é vida, balé é arte, balé é tudo. E tudo com o aval de Isabelle,
que reaparece sem nenhum motivo, razão ou circunstância, só para levar essa
garotada para uma das festas mais badalada da Big Apple.
“At The Ballet” foi
até uma música bonita, não estou dizendo o contrário, mas algo não se conecta
direito com a situação. Acho ótimo ver que Santana está ganhando motivação e
saindo em busca de seu sonho (seja lá qual for), mas foi tudo trabalhado de
forma muito avulsa, muito aleatória. Glee sabe fazer mais e melhor. E isso vale
para o episódio como um todo.
Músicas no episódio:
"The Star-Spangled Banner" – Tradicional: Frida
(Jessica Sanchez)
"You've Lost that Lovin' Feelin'" - The Righteous Brothers: Sam (Chord
Overstreet) e Ryder (Blake Jenner)
"Everybody
Hurts" - R.E.M. : Ryder (Blake Jenner)
"We
Will Rock You" – Queen: New Directions
"Little
Girls" - Annie : Sue (Jane Lynch)
"At
The Ballet" - A Chorus Line: Isabelle (Sarah Jessica Parker), Rachel (Lea
Michele), Santana (Naya Rivera) e Kurt (Chris Colfer)
"Longest
Time" - Billy Joel: New Directions
P.S*Ainda é tempo de comemorar: Glee renovada por DOIS
FUCKING ANOS! Isso sim é sambar na cara dos haters, que passaram um tempão
dizendo que a série estava em risco. Nunca entendi de onde tiraram isso.