Britta’d.
Há alguns anos, a TV era habitada
por um programa de maravilhosas pegadinhas com celebridades: Punke’d, sob o
comando de Ashton Kutcher. Durou o quanto teve que durar e, nessa semana,
voltou à minha lembrança pelo uso do termo “Britta’d” em Community. O
significado é de que algo está sendo levado a extremos e tem muita chance de
dar errado, o que chega a ser irônico. Ou terrível. Consideremos o nível de
humor dessa temporada e pronto, já temos uma definição. Community está “Britta’d”,
cometendo um erro estratégico após o outro.
Aportuguesando o termo, podemos
dizer, então, que o episódio da semana foi Brittado e que, apesar dos claros
esforços, nenhuma história funcionou muito bem. Tenho três momentos de “destaque”
e coloco entre aspas porque não são lá grande coisa. O primeiro é a aparição de
Dean Pelton, todo em 50 tons de cinza (oi?), vestido como uma dona de casa da
década de 1950. A produção ficou ótima e funcionou bem, porque num primeiro
momento, parecia que Dean Pelton era o único “filmado” em preto e branco.
Depois, soltei um “awn” quando Jeff reconhece que Britta o ajudou e que ela
merece ser tratada de forma mais gentil, mas repito, não acho que criar
momentos fofos seja o negócio de Community e ultimamente, só esse tipo de cena
tem conseguido se sobressair. Para completar a lista, fico com o sneak peek do
episódio com bonecos ao estilo dos Muppets. Não dá pra saber se o roteiro vai
prestar, mas, mais uma vez, o efeito visual e o cuidado com os bonecos chama a
atenção, assim como a musiquinha entoada por todos ali.
Como o foco aqui não é o próximo
episódio, acho que temos um problema. Muitos, na verdade, porque nada que sai
da boca dos personagens é divertido. As conversas de Troy e Abed, antes geniais
e hilárias estão descaracterizadas. Aliás, Troy é o mais perdido até aqui, mais
até do que Pierce sempre foi. Isso porque na história dos bailes paralelos,
Pierce conseguiu se destacar, não por ser engraçado, mas pela inédita lucidez
que demonstrou, sendo agente, inclusive, para o fim da rixa entre Jeff e Britta,
que consegue encontrar motivos pra protestar até quando a proposta do baile Sadie
Hawkins é, essencialmente, colocar a mulher no poder.
Aliás, vale dizer que o título do
episódio é extremamente perspicaz (como Community já foi um dia) e sabe brincar
com esse engajamento/feminismo de Britta, que causa nas pessoas um efeito muito
parecido com o do ativismo real, que é essa sensação de chatice. Mas Pierce, em
mais um momento de claridade mental, avisa que pelo menos ela luta pelo que
acredita e não desiste, o que me parece um elogio às mulheres (ou qualquer
pessoa) que acredite muito em uma causa ou filosofia e faça disso um objetivo
de vida. Mais uma vez, não é nem minimamente engraçado, mas valeu a intenção e
o recado, até porque, por pura magia, Sophie B. Hawkins aparece e da uma canja
no baile nomeado em sua homenagem.
A tentativa de recriar uma
comédia romântica dos anos 80, envolvendo Abed, Shirley e Annie, poderia ter
sido muito melhor. As candidatas escolhidas por elas não tinham nada a ver com
Abed e os exageros nas duas moças e na política de Abed em ter dois encontros
na mesma noite não conseguiram “chegar lá”.
Estranhei bastante que Abed
tivesse se engajado nessa proposta romântica dupla com facilidade, afinal, a
última namorada dele foi em 8 bits, no episódio em que todos viraram videogame
(ou teve alguma outra pretendente de que não lembro?). Parece que ele foi até
descaracterizado, nesse sentido, mas tudo bem, não acho que ele deva ser
imutável ou que não possa evoluir socialmente. Pelo contrário. A presença de
Brie Larson, como Rachel foi interessante e vi alguma química entre ela e Abed,
embora o texto não tenha sido de grande ajuda.
P.S* Ninguém mais aguenta a
Changnésia de Chang. Mais uma piada besta que já passou do ponto.