Escritora aos 17.
Nem todo mundo tem a sorte de saber, desde cedo, o que
pretende fazer da vida, pelo menos em termos profissionais. No episódio dessa
semana de The Carrie Diaries, em que vemos a personagem completar mais um ano
de vida, uma coisa fica clara: Carrie é uma pessoa centrada e determinada que,
mesmo tão jovem, não quer perder nenhuma oportunidade. É uma atitude rara e
muito cheia de clarividência para quem está no auge da adolescência. Aliás,
esse equilíbrio perfeito de Carrie entre profissional, estudante, amiga, filha,
e namorada é algo surreal e que muitos adultos jamais alcançam.
Sendo assim, o episódio foca bastante em oportunidades e, de
certa forma, o tema vai se moldando para cada um. Carrie tem a história mais
clara, aproveitando um evento da revista para conseguir a atenção de um famoso
editor, tudo com a ajuda de Larissa, que é a chefe mais doida e legal do mundo,
porque ela tem essa vontade de ver Carrie ir além. Infelizmente, tanta coisa
boa acontecendo na vida da protagonista faz tudo parecer bastante irreal, mas é
claro, não estou cobrando “veracidade” de uma obra de ficção destinada ao
público jovem. É apenas um comentário geral sobre as chances de uma menina de
17 anos ser levada a sério por profissionais de alto calibre.
Carrie esbanja simpatia e parece que sabe vender o próprio
peixe, tanto que só deixa de lado a chance de já fechar um acordo editorial por
culpa da crise de Sebastian, mais uma vez, envolvendo o abandono materno. Acho
a relação dele e Carrie uma fofura, principalmente porque os dois estão se
entregando aos poucos, aprendendo a confiar no outro. É uma coisa bem inocente
(apesar de Sebastian não ser nada bobo).
E falando em relacionamentos, chega a ser doloroso ver o
quanto Maggie está se enganando em relação a Walt. É um pouco por culpa dele,
que ainda tem medo de se assumir, mas pelo menos ele foi honesto e avisou que
os dois não serão um casal novamente. Cheguei a achar que Donna fosse entregar
o ouro por puro recalque, mas ela se segurou bem no enfrentamento com Maggie.
Dá até para dizer que, apesar de tudo, ela mereceu a bolsa que ganhou de
Carrie.
Falando em Walt, é bom notar que ele está, aos poucos,
abrindo os olhos. Ele age como uma criança, engatinhando, dando os primeiros
passos, conhecendo o território. Bennet também age numa boa e ajuda bastante
por entender as reações agressivas de Walt como puro pavor e, usando sua
própria experiência vai mostrando que ser gay não é o fim do mundo, ao
contrário do que Walt imagina.
A obsessão de Mouse por notas e destaque talvez não a levem
para Harvard, mas ela é a figura mais engraçada e carismática da série. Adoro
as loucuras de Mouse, tentando mostrar que garotas asiáticas e inteligentes
podem existir às dúzias, mas que poucas (ou nenhuma) podem ser tão especiais
quanto ela. Com o cargo de gerente de time de basquete no currículo, acho que
ela vai conseguir se diferenciar dos demais candidatos, até porque, poucas
pessoas tem talento para lidar com estatísticas esportivas.
Sebastian fica á voltas com seu problema de sempre: a mãe. E
a mulher é tão egocêntrica quanto se pode imaginar e tem consideração nula pelo
filho, que sofre com o abandono e o descaso, mesmo já sendo quase um adulto. É
um desses traumas difíceis de superar e que ajudam a humanizar o personagem
que, no começo, tinha uma aura de inalcançável em sua volta.
Também foi bom ver Dorrit saindo da revolta de sempre e
sendo pega no flagrante, pelo garoto da loja de discos. Foi uma situação
perfeita para ela, se me permitem a observação. Tão apaixonada por música e
prestes a namorar um garoto que trabalha numa loja daquelas? Ele mandou bem nas
lições de “como ser mão leve” e os dois mostraram boa química em cena. Dorrit realmente precisava de algo mais do
que fazer o papel de chata e ácida o tempo todo, o que se confirma com o
presente que ele fez para a irmã.
Aliás, se o aniversário de Carrie foi uma droga, o dia
seguinte é só alegria, mas talvez Tom tenha uma boa dor de cabeça com o
presente que decidiu dar à filha. Adolescente e cartão de crédito (seja lá qual
for o limite) não são uma mistura muito segura.
P.S* Pior frase da semana: “Essa semana estou recebendo
presentes e não dando”. Bradshaw, Carrie. Sobre entregar sua virgindade.
P.S* Mais três episódios, apenas. Torcendo pela renovação.