O Adeus a J.R. Ewing.
Qualquer um que conheça um pouco sobre televisão já ouviu
falar das peripécias de roteiro de Dallas e de seus personagens mais marcantes.
Pois nessa semana, a série precisou se despedir de seu grande vilão, J.R.Ewing,
interpretado por Larry Hagman, falecido recentemente. Desde que isso aconteceu,
soubemos que os roteiristas e produtores haviam decidido por dar sentido á
trama também com a morte do personagem e, por isso, havia certas expectativas
quanto a essa despedida.
Houve quem tenha achado o desfecho e as últimas cenas de J.R
muito fracas e, de fato, elas não foram as mais marcantes. No entanto, há que
se compreender que, diante das circunstâncias, o episódio apresentou o que
podia, com o material que já estava gravado. Foi até uma boa saída, embora sem
todo o impacto imaginado.
Tudo isso é compensado no episódio dessa semana, “J.R’s Masterpiece”.
Um belo título para um episódio que homenageia e, acima de tudo, honra ator e
personagem. O enredo é quase todo em cima das reações ao assassinato de J.R,
que deixa muitos mistérios e muita coisa engatilhada para ajudar a família
Ewing contra seus inimigos. Foi uma redenção.
A personalidade de J.R foi exposta em diversos momentos. O
lado bom e o ruim, as verdades, mentiras, a honestidade nua e crua, os erros,
acertos, seu legado. Um velório que teve familiares, ex-esposas, amigos e
inimigos. Cliff Barnes não poderia deixar de aparecer para dançar sobre a cova
do homem que representava seu maior desafio. É até engraçado lembrar que os
dois tiveram esse diálogo, ainda na Season 1 e que, agora, isso se tornou
realidade.
Confesso que fiquei emocionada em muitos momentos, talvez,
em parte, pela despedida ser dentro e fora das telas. Considero J.R.Ewing um
ícone na história da TV e foi principalmente por ele que decidi embarcar na
aventura de assistir a essa nova versão de Dallas. Como a emoção do elenco era
notável, aproveitei e entrei no clima com eles. Acredito que a maioria tenha
feito a mesma coisa, porque os comentários sobre esse episódio têm sido em
torno desse quesito emocional que carrega.
O momento em que cada um se levanta e fala sobre J.R e o que
aprendeu com ele é um dos melhores, assim como a leitura da carta que ele deixa
para Sue Ellen, a mulher que ele tanto maltratou e traiu e que, afinal, era seu
grande amor.
É claro que, a partir dessa perda muita coisa irá se
desenvolver. Na verdade, é preciso dizer que os roteiristas agora tem um bom
trunfo para o restante da temporada. J.R deixou muita coisa encaminhada, seja
nas mãos de John Ross ou Bobby. Aliás, continuo achando que John Ross tem
grande responsabilidade, mas Bobby também. Está nas mãos de Patrick Duff ser o
grande personagem da antiga Dallas nessa nova versão. Começo a achar que El pode
ganhar algumas características bem práticas do irmão e ser um pouco menos “bom
moço”, a partir de agora.
Gostei das reações de John Ross, da paranoia sobre quem
matou o pai, porque ele estava no México (“Ele morreu no sovaco do mundo”.
Melhor frase do episódio.) e seu senso familiar despertando. Teve também o
envolvimento com Emma, que eu já julgava como esperado, mas os olhares frios da
garota prometem mais do que dá para imaginar. Mal sabe ela que Ryland é o
provável mandante da morte de J.R e que essa amizade colorida vai estragar
antes de começar, ao que parece.
Outra cena muito boa é o desabafo de Bobby sobre Ann e para
Ann. Uma atitude necessária e bem pontual, depois de tudo o que aconteceu e, principalmente,
a prova de que o ator segura bem uma boa carga dramática. As cenas todas de Sue
Ellen também foram ótimas, mas fiquei intrigada com ela querendo prestar
favores sexuais ao irmão do falecido sem nem o defunto esfriar. John Ross teve
toda razão nessa, porque foi realmente bizarro.
O que fica evidente é que teremos muito mais intrigas vindo
por aí. Pamela Barnes (a original) pode voltar, porque, embora a atriz negue, a
busca de J.R pela mãe de Christopher é um ponto chave no episódio. Como nunca
definiram a morte de Pamela na versão antiga, isso está em aberto e é
possível. Além disso, a união entre
Ryland e Barnes deve mesmo acontecer e os dois devem formar uma aliança
maligna, que os Ewing vão ter de enfrentar em uníssono, se não quiser ver sua
própria ruína. Tudo parece muito promissor e devemos muito a J.R. É realmente
uma perda grande e uma pena que não tenhamos mais a chance de vê-lo no olho do
furacão.
P.S*Muito bonita a abertura especial feita para o episódio.