segunda-feira, 4 de março de 2013

Community 4x04: Alternative History of the German Invasion



Uma questão de ponto de vista.
A história de como as coisas acontecem é sempre parcial e Community se aproveita desse fato para o roteiro dessa semana. A proposta é boa e interessante, mas principalmente, funciona. A série se aproveita de seus próprios elementos e traz de volta o trio de alemães para inserir aquela “pegada política” ao mesmo tempo em que mostra que é capaz de entregar humor de qualidade nessa nova fase.
Nada mais justo do que retomar a antiga rixa com os alemães, depois que Jeff e Shirley acabaram com eles naquele campeonato de pebolim (totó, futebol de mesa, enfim, escolha seu favorito), para tratar de um assunto que os americanos adoram: a Alemanha nazista. Quem costuma assistir a filmes com essa temática sabe como o quadro é pintado. Os alemães são tratados como vilões e os americanos são sempre os heróis.
Existe até a piada mítica de que basta fazer um filme com nazistas matando judeus e americanos chegando para salvar o dia que o Oscar de melhor filme já é uma garantia. E obviamente não estou dizendo que os nazistas foram, algum dia, criaturas do bem, mas a ideia do episódio ganha força ao colocar em xeque o modo como a História é registrada. É mesmo uma questão de ponto de vista, como eu disse mais acima e sendo assim, a verdade sempre será parcial. É a maldita (e tão criticada) subjetividade. A opinião, por assim dizer. E Community prova que a subjetividade é a única certeza que existe e que o ângulo de uma história é determinado pelo lado da trincheira em que cada um de nós é colocado.
O uso da sala de estudos como alegoria é excelente, assim como a construção da batalha entre os Greendale 7 e os alemães. Jeff é mesmo Hitler, dono da oratória brilhante e que convence as pessoas de que seus planos geniais são tudo de que precisam. E aqui, pelo menos, os alemães não eram o grande problema, mas aqueles que tiveram coragem de peitar o regime totalitário que impedia que qualquer outro estudante de Greendale usasse a sala de estudos, sempre ocupada pelos grandes momentos existenciais de Pierce, Britta, Annie, Shirley, Abed, Troy e Jeff.
Uma das minhas partes favoritas é o golpe da Oktoberfest. Quem diria que bolo, salsichas e cerveja pudessem banir alunos de áreas comuns (a maioria com água)? Aproveitaram até para criar uma relação entre Abed e Karl, mostrando a camaradagem entre soldados. Confesso que adorei o inglês falado com aquele sotaque germânico forçadíssimo, o que dava um tom de palhoça às discussões territoriais. Vale também citar a presença de Malcolm McDowell, do clássico Laranja Mecânica, como o professor de História que aramou tudo (oi?) só para ensinar uma importante lição a sete alunos.
Paralelamente, Dean Pelton tem que colocar o turbante de frutas da Carmen Miranda na geladeira, porque é hora de lidar com o pequeno Kevin e sua Changnesia (Amdeanisia, no popular). Ele também passa o tempo todo questionando as intenções de Chang e a veracidade de sua falta de memória e aqui, não sei se Dean Pelton acreditou ou fingiu que acreditou, ao vestir-se de enfermeira do funk (referência óbvia, não é mesmo?) e resgatar Chang da cadeia. Eu, particularmente, não acreditaria naquilo. Chang, sim, foi o cara que tentou destruir Greendale e assumir o poder. Ou não. Se observarmos a questão como se fôssemos Chang, ele seria um cara que sofreu e apenas respondeu à altura. É mesmo uma questão de ponto de vista.
 
P.S* Cena linda: das cadeiras caindo, derrubando cada um dos membros da SS estudantil.
Comentários
1 Comentários

Um comentário:

Tiago Andrade disse...

O melhor episódio da quarta temporada até aqui. Ainda não está à altura dos grandes momentos da série, mas é um começo.