Tudo pelo Seattle Grace.
Chegamos num ponto em que nem é
mais preciso dizer que Grey’s Anatomy fez mais um bom episódio. É rotina e
acontece quase sempre. O quase, é claro, fica por conta da instabilidade
psicológica de uma certa senhora que, como bem sabemos, pode mudar de
personalidade a qualquer momento e colocar tudo a perder. Pensar assim a
respeito de Grey’s Anatomy não é um preconceito, é uma precaução. Mas enquanto
os louros e glórias forem merecidos e justos temos de fazê-lo. Essa semana foi
excepcional. Divertida e emocionante de acompanhar, com um desfecho que foi
bastante inesperado, para dizer o mínimo.
Quem poderia dizer que a venda do
hospital seria tão bacana? No começo achei que a coisa toda seria chatíssima e
super clichê, mas a história toda acabou rendendo e tendo consequências para
todos os personagens. Quem não está envolvido diretamente é utilizado como a “visão
de fora”, dando uma boa ideia do clima de terror e insegurança para centenas de
pessoas, prestes a perderem seus empregos e a estabilidade financeira.
O problema no Seattle Grace está sendo
bem trabalhado, assim como a luta para mantê-lo funcionando, seja por parte dos
médicos ou do conselho. No fim das contas, Cahill e os membros da administração
precisam resolver a situação e aqui não cabem muitos idealismos e utopias. O
dinheiro fala mais alto, sempre. Apesar disso, até que, em Grey’s o desfecho
foi “romântico”. Ao saber dos planos, Owen corre atrás de tempo, algo essencial
para o sucesso da missão “vaquinha”. Sem ele, o trabalho, as estratégias e
reuniões com investidores seriam inúteis e, pelo menos, ele compreendeu tudo
com rapidez e não tivemos de aguentar o mimimi “Cristina, você não confia em
mim” por mais do que 30 segundos.
Um ponto muito bem colocado foi a
necessidade da participação de Richard e de gente com capacidade e experiência
administrativas. O dinheiro da indenização era um bom começo, assim como a
união de médicos de renome, mas Julian Crest aponta uma brecha bastante
correta. Boas intenções não são nada sem boa administração de recursos e, achar
que comandar um hospital é fácil e depende apenas de médicos competentes e
espaço para medicina de ponta é uma ilusão. Basta saber se o novo dono do
Seattle Grace terá pulso para lidar com tudo isso.
Gostei bastante do twist final.
Bastante. Eu só comecei a esperar algo do tipo no final, quando Julian Crest já
havia negado e não havia mais esperanças. Eu sabia (e todo mundo sabia também)
que não ficaria assim, portanto, só saquei o desfecho naquele papo de Richard
com Catherine. E achei bom, muito bom. Primeiro pela surpresa em si, depois
pela expressão do próprio Avery ao ouvir “Mamãe te comprou um hospital!”. A
cara de besta dele é absolutamente impagável, assim como a dos demais. Derek,
Meredith, Cristina, Arizona e Callie ficam perplexos. Como esperar que, depois
de tudo o que fizeram para salvar o Seattle Grace e serem donos do hospital
eles virariam sócios minoritários de Avery? Isso vai movimentar o cenário, com
toda a certeza.
Isso prova o quanto é possível
para um personagem crescer nessa série. Avery não era mais destaque do que
qualquer um dos novos internos é hoje, quando entrou em Grey’s Anatomy.
Honestamente falando, gosto disso. Mas principalmente porque, aos poucos ele
ganhou funções na série e não deixou de ser figurante de uma hora para outra.
Stephanie vai ficar sentindo que é a “primeira-dama” do hospital depois dessa.
Além desse desenvolvimento
central e toda a ação envolvendo os sobreviventes do acidente em reuniões de
negócios cheias de expectativas, o movimento no hospital não parou. Gostei
muitíssimo das conversas de Bailey com Heather, despejando todo seu recalque
por Meredith, mas principalmente por dizerem em alto e bom som que ela é o
coração do Seattle Grace. Bailey tem representado muito desse sentimento de
perda que tem feito parte da trama e as falas de Kepner complementaram bem tudo
isso.
O caso do menino com câncer, que
aproxima ainda mais Karev e Jo foi lindo e mais uma vez, mostra o quanto o
hospital faz a diferença na vida de tantas pessoas. O Seattle Grace é
praticamente um personagem de Grey’s Anatomy. Um personagem importante. Sem ele
nada disso existiria. Sem ele não estaríamos aqui por nove anos, comentando a
mesma série e brigando por ela, quando não concordamos com alguma coisa. É
muito bom notar que depois de tanto tempo ainda somos capazes de nos importar e
de esperar por episódios cada vez melhores.
P.S*Muito boa a construção da fofoca
em torno da venda do hospital por partes.