Mentiras e castigos.
Mesmo com a audiência dizendo o
contrário, em seu 2º episódio, The Carrie Diaries continua mostrando que a
série tem diversas qualidades. Vale repetir que o elenco jovem está bastante afiado
e entrega com competência as designações do roteiro. Além disso, a ambientação
de época e a trilha sonora de grandes clássicos continuam indiscutíveis. Difícil
de entender o motivo de produções bacanas não terem o menor apelo com o público
americano, enquanto um monte de porcarias se firma na grade de exibição.
AnnaSophia Robb continua graciosa no papel da jovem Carrie,
transparecendo inocência, enquanto começa a entrar no mundo adulto.
Impressionante como qualquer roupa estranha fica bem nela e como seus questionamentos
dão a dica de ali, um dia existirá a Carrie que todos já conhecemos. A relação
dela com Sebastian é exemplo ótimo disso. Ela se entrega, vive o dilema do ciúme
e da desconfiança, se esforça para não surtar, luta por ele e no fim, fica
presa entre a opinião do pai e sua própria.
Talvez seja difícil para o público jovem atual entender essa
relação. Algumas décadas fizeram muita diferença na relação entre pais e filhos
e, nesse caso, Dorrit se parece muito mais com os adolescentes de hoje. Carrie
ainda é uma menina “das antigas”, que respeita a opinião, apesar de estar
pensando o contrário. Só espero que isso não se transforme em total passividade
da parte dela, num futuro próximo.
É claro que a fama e o jeito de ser de Sebastian não contribuem
em nada. Carrie fica cada vez mais insegura e apesar de gostar dele, já sabe
que existe um mundo muito maior e cheio de possibilidades. Para Sebastian,
aliás, uma das possibilidades é Donna. Essa sim, representa o que os anos 1980
tiveram de pior. Não consigo não rir das maquiagens de palhaço em que ela
desfila, completamente medonha, achando que é a rainha do baile.
Donna é esperta, sabe
o que quer e como passar por bacana, quando na verdade é apenas um nojo de
pessoa. Tanto que Mouse alerta Carrie sobre o perigo, o que resulta na cena da
piscina. Conseguem imaginar a vergonha de ser flagrada pelo pai, enquanto se
agarra num garoto? Pois é. Acho que foi por isso que Tom não castigou Carrie novamente.
Só o flagra, proporcionado por uma crise de recalque de Dorrit, já foi
suficiente.
Gostei muito do fato de não enrolarem mais na relação entre
Mags e Walt, afinal, não havia outra saída a não ser terminar, já que ele é gay
e precisa começar a se aceitar. Acho que temos duas situações potencialmente
boas para os dois personagens. Se Walt está prestes a assumir sua sexualidade,
Mags precisa aprender a ter autoestima, já que seus encontros com o policial
são apenas sexo e nada além.
No mundo paralelo de NY, estou na expectativa de Carrie
mudar de estágio e ir ajudar Larissa na revista. Sei que parece cedo, mas é que
não existe como manter essas fugas pela cidade, no meio do expediente, numa
espécie de rotina. A chefe de Carrie deixa isso bem claro e, apesar dos mimos e
agrados, não é do tipo que faz vista grossa. Acho até que seria mais
interessante. Carrie entre zebras e camelos em sessões fotográficas é muito
mais apelativo do que Carrie carregando uma caixa de documentos.
P.S* Excelente lembrança sobre o clássico filme de Prince, Purple Rain.